Uma das empresas em processo de desestatização, os Correios ainda possuem muita força no mercado de encomendas no Brasil. A empresa estatal domina 44% do mercado brasileiro e, até por isso, é alvo de disputa de gigantes de logística. De acordo com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, empresas como Amazon e Magazine Luiza já demonstraram interesse na compra. Há especulações de que a FedEX e a DHL também devem fazer propostas.
Por mais que o mercado de logística tenha crescido nos últimos com a chegada de multinacionais ao Brasil e a criação de outras inúmeras empresas, os Correios ainda parecem crucial para as entregas no país. Maior operadora logística, a empresa alcança todos os 5,570 municípios brasileiros, enquanto os principais concorrentes, juntos, atuam em pouco mais de 600 cidades.
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Os contrários à privatização dos Correios usam esses dados como defesa. Em entrevista ao Jornal do Comércio, o secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect-RS), Alexandre Nunes, lembra que mesmo as companhias de logística utilizam os Correios para chegarem a cidades em que não atuam.
O sindicalista também afirma que, hoje, 92% da arrecadação dos Correios ocorre em 397 municípios, o restante são operações deficitárias, que podem deixar de existir em caso de privatização.
Por outro lado, os defensores da privatização acreditam que a venda estatal pode acarretar em melhorias nos serviços de entrega. Também em entrevista ao Jornal do Comércio, o bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) e autor do livro Avaliação de empresas – e os desafios que vão além do Fair Value, Fernando Dias Cabral, argumenta que de imediato pode acontecer uma aceleração dos processos e que o serviço digital, hoje deficitário, tende a evoluir se gerenciado por uma empresa que já domina o assunto.
A privatização dos Correios pode vir à tona em um momento em que o e-commerce vive seu melhor momento no Brasil, com taxas e crescimento de dois dígitos. Os grandes marketplaces brasileiros já oferecem serviço de logística próprio, com entregas em até 48 horas, dependendo da localidade. A possibilidade aumentou as críticas sobre a atuação dos Correios.