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Após 2021 desafiador, 2022 será de 'teste de fidelidade' para maquininhas

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Após um 2021 de recuperação nos volumes processados e pressão sobre as margens, as empresas de maquininhas de cartão devem dar sinais, nos balanços do primeiro trimestre, de suas estratégias de preço para 2022. Diante da alta da taxa Selic, as líderes de mercado buscam elevar os preços cobrados de seus clientes sem despertar a rotatividade da base. Uma das armas neste “teste de fidelidade” é o aumento da oferta de produtos e serviços.

No último ano, Cielo e Getnet lucraram mais, enquanto PagSeguro e Stone tiveram queda no lucro; as mesmas tendências foram observadas na margem líquida das empresas. Na captura de transações, todas avançaram — incluído o PagBank, a PagSeguro viu os volumes quase dobrarem.

Segundo estudo do Instituto Propague, ligado à Stone, Cielo e Rede tinham 48,7% do mercado no fim de 2021, ante 56% em 2020. Stone, PagSeguro e Getnet avançaram de 35% para 36,2% no mesmo período.

Porém, à exceção da Cielo, os papéis do setor estendem neste ano as perdas observadas em 2021, com quedas de 41% para PagSeguro, 44% para Stone e de 3% para a Getnet — a Rede, controlada pelo Itaú, não tem capital aberto. O mercado monitora com atenção a capacidade das empresas de converterem volume processado em receita, além dos impactos da alta da Selic em seus balanços.

No ano passado, Stone e PagSeguro enfrentaram erosão de margens, enquanto Cielo e Getnet conseguiram melhorar seus números. As diferenças são de estratégia: a Getnet, por exemplo, começou a elevar preços no segundo trimestre de 2021, enquanto as demais colocaram o movimento em prática depois.

Fidelidade ainda mais importante

Segundo Edson Luiz dos Santos, fundador e sócio da Colink Business Consulting, os reajustes são uma das poucas ferramentas das empresas do setor para recuperarem margens. “As empresas só têm duas formas de recompor a margem: com escala ou com novos produtos. O único lugar onde pode ter uma variação de preços é no crédito, porque se a Selic subir, o preço vai subir”, exemplifica.

A expectativa do mercado é de que os reajustes comecem a mostrar efeito já nos balanços do primeiro trimestre. Entretanto, a maior parte da recuperação deve ser observada apenas em 2023. A curto prazo, a fidelidade dos clientes será o ponto mais importante.

“O foco (dos investidores) será em quem terá a menor rotatividade e em quem mais se beneficiará da alta na taxa de transação nos próximos trimestres”, afirmaram os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, do Itaú BBA, em relatório de prévias para o setor.

Em busca de diversificação

Nos últimos anos, prevendo que a briga pela fidelidade dos clientes se intensificaria, as empresas buscaram aumentar a oferta de produtos e serviços e alguns números demonstram que estas iniciativas ganharam forte importância. O PagBank, por exemplo, representou 45% dos volumes que passaram pelas plataformas da PagSeguro em 2021. Apenas com as maquininhas, a captura seria de R$ 252,1 bilhões.

O consultor Boanerges Ramos Freire, presidente da consultoria Boanerges & Cia, explica que essa estratégia tem norteado decisões recentes de negócio das adquirentes “independentes”, que não são ligadas a grandes bancos. A Stone, por exemplo, comprou a Linx em busca de uma oferta mais completa de serviços aos comerciantes, do software de gestão aos pagamentos.

“O segmento de meios de pagamento está deixando de ser base para grandes negócios, grandes empresas e atividades altamente geradoras de caixa e lucro, e se tornando o que a própria palavra diz, um meio para atrair clientes”, afirma. “Atrair, conhecer e reter os clientes nessa atividade é fundamental para fidelizá-los e rentabilizá-los com outros serviços financeiros certamente mais rentáveis.”

Nas líderes do setor, foco é a palavra de ordem. A Cielo, por exemplo, vendeu negócios para aumentar os esforços na captura de transações. Entretanto, a empresa não para por aí: a adquirência é, para a companhia, uma forma de conquistar clientes para os produtos de prazo, como a antecipação de recebíveis, que são o centro de sua estratégia para o futuro.

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Fonte: Broadcast Estadão