O mercado internacional ainda é desafiador para os empreendedores brasileiros. Mas, Marcel Martins, Head de Digital Global Farm, e Isabela Chusid, fundadora da Linus, mostraram no Fórum E-Commerce Brasil 2022 que isso é possível e apontaram qual o caminho a ser traçado.
“Sentimos que havia demanda, pois começamos a ter muito acesso de países europeus. Eles não conseguiam finalizar a venda no site e reclamavam. Começamos a testar isso. A resposta, após fechar com uma rede de varejo de fora, foi muito boa”, contou Isabela.
“Vimos que poderíamos acatar o desejo da Farm de fora do país com a alta do dólar em 2016. Quando começamos, o primeiro passo foi buscar o contato de alguém que conhecesse melhor o mercado nos Estados Unidos. Identificamos que havia demanda e encontramos alguém para fazer a revenda. Sempre com parceiros, estudamos e tivemos que mudar a forma de produção”, comentou Marcel.
Existem três aspectos que são consenso na hora de internacionalizar a sua marca. O primeiro é buscar uma parceria, determinante para o sucesso no exterior. Verificar se você tem foco para fazer isso é outro ponto em comum citado pelos dois. Por fim, é necessário ter inteligência na hora de investir seus recursos. Realizar testes para entender qual produto será validado.
“Nesse mundo de unicórnio, somos um vira-lata caramelo. A empresa roda até hoje com a receita de 50 mil reais investidos em 2018. Aprendemos a ser muito inteligentes para utilizar o dinheiro. Com um time enxuto e eficiente, focamos em nosso core business”, pondera Isabela.
Importância da sustentabilidade na internacionalização
Cada vez mais, as pessoas buscam marcas que se preocupem com o meio ambiente na hora de comprar. Essa visão é ainda mais ampla fora do país, se tornando um conceito obrigatório para buscar o mercado internacional.
“Toda parte de sustentabilidade que entregamos para Europa, entregamos para o Brasil. É nossa pauta número 1. Dois terços dos consumidores europeus sabem que a forma como eles consomem geram impacto ambiental. Não é a solução, mas é o primeiro e mais importante passo. Preço, disponibilidade e praticidade também impactam. Eles estão mais dispostos a comprar”, avaliou Isabela.
Contudo, Marcel reforça a necessidade de ter a sustentabilidade como um real pilar da empresa e não apenas parte do marketing. “O Brasil é muito carismático lá fora. A sustentabilidade também está nos valores da marca. Plantamos uma árvore a cada venda. Isso tem que ser um valor verdadeiro para você levar. A consciência das pessoas de fora do Brasil ajuda muito”, emendou.
Diferenças no mercado
Mesmo com a garantia da qualidade e do desejo que o produto desperta, o mercado internacional é muito diferente do brasileiro. Marcel buscou comercializar seu produto não apenas para brasileiros que vivem fora do país e sim abranger mais público. Para isso, teve que entender como funciona o comportamento de compra, algo que é mais afetado pela sazonalidade no exterior do que aqui, por exemplo.
“Nos Estados Unidos, se gasta nove vezes mais que o brasileiro. Então, temos mais oportunidade e competitividade. Entretanto, se diferenciar é mais difícil. Temos um mercado mais maduro, com solução pré-paga para muita coisa. Você perde margem no que terceiriza, mas seu esforço precisa estar nos seu pontos estratégicos. A estratégia tem que ser abrir portas para dar credibilidade”, disse.
Por outro lado, o mercado exterior também trouxe facilidades para Isabela. “A comunicação continua sendo a mesma, a necessidade de preservação é uma linguagem mundial. Mas, aqui no Brasil, fazemos ainda um trabalho muito forte para falar para as pessoas usar Linus com meia. Recentemente lançamos até meia da Linus. Já na Europa é outro pensamento, faz parte da cultura”, concluiu.
Por Eduardo Nunes, especial da Redação do E-Commerce Brasil