Você ainda pensa que o mundo digital é apenas feito de ídolos do Instagram, de Harlem Shakes, de lek leks, de pessoas jovens e bonitas do Pinterest ou das estrelas do YouTube? Deseja saber o futuro? Puxe o estilingue do passado, volte às praças fervilhantes de 3.000 A.C., onde comerciantes de vanguarda registravam em placas de barro cada compra e cada venda. Com vocês, os Fenícios, que nos deram a escrita e o alfabeto. Patronos da arte de vender, nos ensinaram o justo comércio.
Na superabundância, vivemos o paradoxo da saturação e da escolha? Em um cenário de hipercompetição global, explosão de criatividade, múltiplas escolhas, uber conectividades com pitadas de obsessão da mobilidade da geração dos distraídos, somos os novos navegadores Fenícios.
Voltamos a vender produtos personalizados como nas praças do Egito? Os Gregos usavam cadernetas de papiro, nós, os piratas do comércio do século XXI, usamos a Big Data? Como na Babilônia e seus produtos exclusivos, usamos as impressoras 3D em uma releitura na era digital? Como na época no Império Romano, as empresas são grandes redes de comércio? Ou somos comerciantes da Índia e inovando no comércio com suas manadas de elefantes?
Com a obsessão pela mobilidade e os superpoderes que a revolução móvel nos deu, somos superconsumidores! Com um dedilhar, informações instantâneas, controle absoluto, escolha total e personalização de experiências O2O (online to offline). Podemos ser exigentes a ponto de escolher tudo da maneira que desejamos.
Estamos mensurando o mundo. Algoritmos complexos definem promessas da ciência, campanhas políticas e compras em supermercados.
Marcas, empresas e instituições com cabeça do século passado terão que fornecer informações instantâneas, trabalhar no long tail da escolha total, com clientes exigindo personalização, relevância e transparência radical.
Ainda não entendeu o Big Data? É simples assim; analisar interações e transações, entender os dados e tomar a decisão para gerar mais experiência, produtividade, consumo, novos produtos e serviços.
Mais conexão + relevância + escolhas = big data
No e-commerce, empresas inovadoras usam o marketing de relacionamento e os dados para construir lealdade dos clientes, conquistando os prospects. Informações transacionais e demográficas maximizam o relacionamento com os clientes e as margens de lucro. O desafio é que a maioria dos dados não são estruturados, provenientes de mídias sociais, linhas de consumo e transações em diversos canais.
Coloque nesse caldeirão a “fábrica democrática”. Os otimistas do mundo digital chamam de “era da democratização da manufatura”. Com a impressão 3D, abre-se a oportunidade para pequenos empreendedores industriais. É a nova geração do design individualizado, do produto instantâneo, do fatto à mano italiano ou, como nós brasileiros falamos, “feito lá em casa”. Em Nova York, lançou-se a fábrica do futuro. Em um galpão de 2.300 metros, dezenas de impressoras 3D encontram os novos criadores da indústria do século XXI e os consumidores no caldeirão do crowdsourcing.
Social Commerce, Social Location, Big Data, Impressão 3D ainda não o convenceram de que o futuro chegou?
Bem-vindo à era dos negócios em rede. No mercado atual, não existe centro, existe rede. Os negócios estão interligados.
Durante mais de um século, as teorias de administração e estratégia nos ensinaram que a empresa está no centro do mercado. As teorias de Peter Drucker, talvez o maior pensador de gestão do século XX, nasceram do estudo que fez da organização interna da General Motors em 1943, e desse estudo surgiu o livre conceito de corporação, que até hoje norteia o estudos de administração de empresas.
Nos dias de hoje, o professor Yoram Wind, da escola de negócios de Wharton, nos Estados Unidos, mostra que os conceitos de Drucker estão perdendo força, uma vez que a empresa não está mais necessariamente no centro. Quando um banco quebrou, em 2008, o sistema financeiro mundial entrou em colapso.
A era das redes significa uma nova forma de compreender a dinâmica dos negócios e do trabalho. Exige uma nova forma de pensar dos profissionais. É preciso pensar em inovação coletiva, em jogar uma ideia preciosa para ser desenvolvida em comunidade.
É preciso aprender a fazer gestão do conhecimento que está fora da empresa e que melhora as decisões corporativas. As companhias imploram por pessoas que entendam a liderança baseada em rede – que sejam capazes de construir uma estrutura de relacionamentos, que saibam como acessar informações e pessoas.
A era das redes exige uma atitude ousada. Profissionais devem entender que a cooperação pode substituir a competição em negócios em redes. Devem ser capazes de enxergar alianças lucrativas com o concorrente mais feroz. Devem saber lidar com um consumidor que tem voz – e que se manifesta. As redes estão aí, mas as pessoas têm dificuldade de compreendê-las. Estamos acostumados a enxergar as empresas, mas ainda engatinhamos no entendimento dessas comunidades online.
Vivemos como a manjada fábula dos cegos e do elefante, aquela em que um príncipe indiano chama três deficientes visuais para apalpar três diferentes partes de um elefante. Sem poder compreender o todo, cada cego diz que tocou um diferente objeto, mas nenhum conclui que era um animal.
Os negócios em rede são como um elefante. Cada um compreende um pedaço, de acordo com as percepções pessoais de mundo. Como ninguém sabe tudo, devemos mixar experiências e imaginar novos modelos de negócios no século XXI. O que você deseja ser? Um novo príncipe dos negócios em rede, um cego perdido na corrente digital ou um elefante incompreendido? Está em suas mãos.
Um observador dos Fenícios muitos séculos depois disse: “O comércio é o grande civilizador. Trocamos ideias quando trocamos tecidos”.
Não use velhos mapas para descobrir novas terras e, como diria o navegador do espírito humano, Nietzsche, “Logo que, numa inovação, nos mostram alguma coisa de antigo, ficamos sossegados.”