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A disputa comercial dos gigantes e seus impactos para o importador no Brasil

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Por: Samir Carlton

Head de Vendas na JoomPro

Com quase 20 anos de experiência em desenvolvimento de equipes comerciais e planning, Samir Carlton é especialista em negócios e marketing B2B. Atualmente é Head de Vendas na JoomPro Brasil, tendo passado por grandes empresas como Mercado Livre, Creditas, Whirlpool, Johnson & Johnson e General Motors.

A disputa comercial entre Estados Unidos e China voltou a ganhar força com o anúncio de novas tarifas por parte do governo americano e a pronta resposta do governo chinês. Para além dos impactos diretos entre as duas potências, essas medidas reverberam em toda a cadeia global de suprimentos – e o Brasil, como parceiro comercial relevante de ambos, precisa estar atento.

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Imagem: Freepik.

O cenário atual levanta dúvidas importantes para o importador brasileiro: os custos vão aumentar? Ainda vale a pena importar da China? Há riscos ou também oportunidades?

Impactos imediatos: custos, logística e concorrência

Embora o Brasil não esteja diretamente envolvido no embate, os efeitos indiretos são inegáveis. Com as novas barreiras impostas pelos EUA, é possível que a China busque compensar perdas ajustando preços para outros mercados, incluindo o brasileiro. Além disso, setores altamente dependentes de insumos chineses, como eletrônicos, maquinário e têxteis, podem sentir os reflexos de uma escassez global ou da elevação nos custos logísticos.

Outro fator que merece atenção é a volatilidade cambial. Conflitos comerciais internacionais tendem a fortalecer o dólar, tornando o real menos competitivo e encarecendo importações. Para pequenos e médios importadores, o encarecimento do dólar e o aumento dos custos logísticos podem inviabilizar parte das operações sem planejamento adequado.

Do ponto de vista logístico, a sobrecarga em rotas marítimas e o redirecionamento de cargas para mercados alternativos podem resultar em prazos mais longos e custos maiores com frete e seguros.

Pressões geopolíticas e riscos regulatórios

A posição do Brasil como um importante fornecedor de commodities para a China e, ao mesmo tempo, como parceiro comercial relevante dos EUA, coloca o país em um delicado equilíbrio. Diante do novo posicionamento dos Estados Unidos, analistas têm discutido se países parceiros comerciais, como o Brasil, poderão ser pressionados indiretamente a reavaliar suas relações com a China.

Caso o governo brasileiro opte por manter sua neutralidade ou aprofundar relações comerciais com a China, retaliações norte-americanas não estão descartadas. Isso poderia afetar setores exportadores nacionais que têm forte presença nos Estados Unidos, como o agronegócio e a indústria de transformação.

Como o importador brasileiro deve reagir?

Nesse ambiente instável, prever com exatidão os desdobramentos é impossível, mas preparar-se é essencial. A seguir, algumas estratégias que podem ajudar a mitigar riscos e preservar a competitividade:

– Negociação direta com fornecedores chineses pode garantir melhores condições e amortecer parte dos aumentos.

– Diversificar fornecedores dentro da própria China ou considerar novos polos produtivos na Ásia, como Vietnã e Índia, pode evitar a concentração de risco.

– Antecipar pedidos estratégicos e avaliar a criação de estoques maiores pode proteger contra atrasos ou aumentos futuros.

– Acompanhar políticas comerciais e cambiais, com atenção, é fundamental para ajustar preços, margens e estratégias de médio prazo.

E as oportunidades?

Apesar dos desafios, há janelas de oportunidade. A possível retração da presença chinesa nos EUA pode abrir espaço para exportadores brasileiros. Além disso, com a China buscando diversificar seus mercados, o Brasil pode ser um destino estratégico para investimentos e acordos comerciais.

Por fim, o momento exige visão estratégica e capacidade de adaptação. Empresas que acompanham o cenário internacional de perto e ajustam rapidamente suas operações estarão mais preparadas para lidar com incertezas – e até se beneficiar delas.

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