Invariavelmente, todo e-commerce chega a um momento de sua vida em que se depara com a pergunta: qual plataforma é a melhor para meu negócio? Seja por ser uma startup, que precisa definir logo em seu business plan, seja por insatisfação com a plataforma atual (ou o fornecedor), seja ainda para reduzir custos ou simplesmente porque chegou a hora de crescer.
É inevitável, mas nem por isso é uma equação simples de se resolver. Longe de ser trivial, a decisão é crítica e pode, em alguns casos, significar o fracasso do negócio.
É exatamente por isso que se faz necessário um projeto estruturado e muito organizado para que não incorramos nos riscos e problemas naturalmente inerentes de projetos dessa natureza, sem potencializar ainda mais os problemas e custos.
A escolha da plataforma deve sempre ser pautada por três fatores fundamentais:
⦁ Alinhamento estratégico e/ou condição comercial. Plataformas com cases no mesmo mercado ou com históricos de sucesso devem ter um peso diferenciado.
⦁ Implementação e design competentes. A escolha do parceiro determina o sucesso da implementação qualquer que seja a plataforma, seja para um implementador, seja para o design e UX de sua plataforma.
⦁ Padrão x Customizações. Existem grupos de plataformas que podem ser classificadas como equiparáveis. As diferenças entre as principais plataformas do mercado não são relevantes, mas é fundamental avaliar a capacidade do fornecedor em atender aos requisitos específicos do seu negócio com ou sem customizações.
Obviamente, não existe receita de bolo para se escolher a plataforma perfeita, mas estruturar as funcionalidades chaves como Produtos, Gestão de Catálogo, Preço, Estoques, Promoção, Integrações, UX, Canais Diferenciados, Segmentação e Gestão de Conteúdo pode dar uma visão bem ampla dos principais concorrentes.
De forma superficial, uma plataforma de e-commerce é um sistema que permite que você crie lojas virtuais e gerencie seu negócio digital. É preciso garantir que o website seja apenas um dos canais da plataforma, e esta deve ser capaz de vender pelo site, dentro loja (soluções in-store), nas redes sociais, em dispositivos mobile, pelo televendas e em canais digitais que ainda nem foram inventados (Smart Watch, SmartTV e dispositivos IoT).
Modelo de contratação
Se não pretende desenvolver sua plataforma do zero, byte a byte, ou customizar sozinho uma open source, como o Magento, presente em mais de 20% dos e-commerces nacionais, terá de optar por dois modelos de plataforma: as que são altamente flexíveis e customizáveis, portanto, caras; e as que são menos flexíveis e comercializadas como serviço. Na terminologia de TI, chamamos isso de on-premise e SaaS. Nesse quesito, há de se encontrar o ponto de equilíbrio entre flexibilidade e custo.
Hospedagem, escalabilidade e segurança
Em recente estudo do E-Commerce Brasil, vimos que o tráfego nos sites aumentou 195% no período de Black-Friday. A empresa e a arquitetura de hospedagem (hosting) da sua plataforma vão definir se os seus clientes terão uma tela de erro 503 ou uma superpromoção nesse período.
Por essência, as plataformas distribuídas no modelo SaaS são hospedadas nas empresas fornecedoras e, portanto, garantem segurança, escalabilidade e disponibilidade. Valide se essa capacidade lhe atende nos períodos de pico. Ao optar por uma ferramenta on-premise, terá de escolher seu hosting e definir a estrutura. Isso significa pensar em balanceamento, segurança, capacidade, escalabilidade, elasticidade… O gráfico abaixo ilustra um pouco o que essa decisão significa.
Implementação, desenvolvimento e design
Nenhum varejista quer iniciar seu projeto de e-commerce com um template padrão da plataforma. Necessariamente teremos de envolver uma agência para desenvolver o layout e UX Design da nova loja. Essa etapa é bastante impactada pela escolha da plataforma, e ambos – fornecedor e agência – devem estar bem alinhados.
Já o desenvolvimento, que é a codificação necessária para as adaptações e para o set up, pode variar no modelo de contratação. Caso opte por uma plataforma on-premise, terá de escolher o seu implementador (ou desenvolvedor).
Normalmente chamados de SI, são as empresas terceiras de outsourcing que se especializam na customização e na implementação dessas plataformas. Você pode optar também por ter um desenvolvimento interno (in-house) com equipe própria. Abaixo, exemplifico as principais diferenças entre os modelos:
Escopo
Saber muito bem o que se quer é uma das grandes virtudes na difícil missão de contratação de serviços de tecnologia. Antes de avaliar fornecedores para implementação, design e desenvolvimento da nova plataforma, recomendo que seja construído um projeto estruturado considerando os seguintes pontos:
⦁ Definição detalhada do escopo
⦁ Funcionalidades essenciais
⦁ Funcionalidades desejáveis
⦁ Regras de negócio
⦁ Restrições do setor
⦁ Integração com sistemas internos
⦁ Integração com sistemas terceiros
⦁ Análise dos impactos na operação atual
⦁ Readequação de processos
⦁ Análise de impactos em marketing digital
Esse material servirá como insumo para que os fornecedores trabalhem com mais segurança na elaboração da proposta, pois reduzem consideravelmente as incertezas com relação ao escopo do trabalho e às expectativas de entrega.
Com o projeto pronto, fica muito mais fácil comparar as principais plataformas do mercado e, ao enviarem suas propostas, a comparação fica mais justa.
Fatores críticos de sucesso
Quando você ou sua empresa decidem que é o momento de escolher uma nova plataforma, fornecedores e terceiros envolvidos deverão ter toda a disponibilidade necessária para que o trabalho caminhe conforme o cronograma acordado. Isso significa dedicar tempo e recursos consideráveis apenas para que o entendimento seja o mais claro possível, garantindo também que as informações solicitadas sejam disponibilizadas no tempo e com a qualidade necessários.
Parece simples, mas como fazer isso quando a operação está com problemas de atrasos, o Natal está se aproximando e o fornecedor quer fazer uma ação específica a qual plataforma atual não atende? Fato, não é fácil! Para que isso aconteça, será necessário o envolvimento, a participação e o comprometimento das áreas de negócio, dos usuários-chave e de especialistas no projeto com uma abordagem que garanta a seleção da melhor solução:
⦁ Patrocínio da liderança
⦁ Dedicação de recursos conforme tempo apropriado para o projeto (Qualidade vs. Quantidade)
⦁ Compromisso com prazos
⦁ Processos decisórios rápidos
Utilizar profissionais e consultores que tenham bom conhecimento e experiência não somente nos sistemas e tecnologias atuais, mas principalmente nos processos de negócio, pode significar um grande passo no rumo ao sucesso de seu projeto.