Se você não atua na indústria financeira, talvez ainda não saiba que existe uma verdadeira “corrida do ouro” em torno das oportunidades que estão sendo criadas com a adoção massiva de tecnologias digitais. Na verdade, essa corrida já ocorre há muito tempo, mas como ela é cíclica, de tempos em tempos a velocidade muda. Agora a velocidade acelerou, muito!
A história da revolução digital nos bancos começou há aproximadamente 40 anos. No período mais recente dessa história, esse movimento esteve quase em “coma” – induzido por uma forte recessão financeira mundial. Entretanto, como sábios empreendedores costumam afirmar, é na crise que surgem as melhores oportunidades.
Enquanto uma boa parte do mercado financeiro retraiu, cortando gastos e perdendo receitas, algumas empresas perceberam que a situação de inércia dos grandes players era uma oportunidade ímpar para inovar e repaginar a indústria financeira, uma verdadeira mina de ouro abandonada.
E isso, claro, aconteceu. O mercado que até pouco tempo era de domínio de grandes corporações, em especial dos bancos, voltou a dividir espaço com pequenos players, que competem pelo mesmo dinheiro que está na mesa.
Os novos entrantes enxergaram um gap a ser preenchido, entraram sem aparentar ameaça aos grandes competidores, cresceram, e alguns deles já estão consolidados e nem podem mais ser classificados como “pequenos”.
Esse movimento voltou a ferver a indústria, além de expor para outros empreendedores que ainda existe dinheiro na mesa e que o gap não foi totalmente preenchido.
Agora, a revolução digital no segmento torna a ganhar uma velocidade impressionante, puxada pela formatação de uma “nova indústria financeira”, que está sendo formada por esses novos players, numa fragmentação do que entendíamos antes apenas como “banco”.
Novas empresas de tecnologia, que oferecem serviços financeiros bem específicos, continuam a surgir diariamente, e atuam em escala global, graças ao espectro da Internet. Já existe até uma denominação para este tipo de empresa no mercado de tecnologia, são as Fintech.
Os bancos já se movimentam – quase todos, com algumas raras exceções. Evidentemente eles não têm a mesma velocidade que as Fintech, mas estão na velocidade máxima que podem.
E parece que não há como exigir mais dos grandes bancos, afinal eles são empresas com dezenas de milhares de funcionários, processos com alto nível de compliance, estruturas organizacionais complexas, estão sob forte regulação e exigem uma boa dose de burocracia para se manterem de pé.
Seria quase impossível, com tudo isso, ter a mesma agilidade de empresas criadas em garagens, mantidas em descolados escritórios e financiadas por capital de alto risco, bem longe da mira dos reguladores.
Espera-se algo desse movimento dos bancos, ou um contra-ataque, ou um reposicionamento institucional, ou uma revisão de modelos de negócios, ou seja lá o que for essa reação, mas o mercado espera por ela.
Alguns especialistas apontam para um cenário em que os bancos e as Fintech se unirão, ao invés de disputar pelo mesmo cliente, por meio de parcerias e alianças estratégicas.
Essa poderia ser uma boa saída para que ambos os lados criem valor para o consumidor e se beneficiem de suas forças ao invés de entrar em um combate, que se tornaria uma verdadeira guerra dessa nova indústria.
Em resumo, para o consumidor de serviços financeiros, a notícia é boa e não há com o que se preocupar. Pois, uma das certezas que temos é que a relação das pessoas com os serviços financeiros será feita de experiências ricas, com interações simples, rápidas e seguras, ancorada por tecnologias digitais complementares, seja lá qual for a empresa que esteja por trás do serviço oferecido.