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Expectativas do consumo para o segundo semestre

Por: Pedro Henrique Sobral

Especialista em marketing na Tray e porta-voz da Escola de E-commerce

É especialista em marketing na Tray, unidade de negócios da Locaweb Company e porta-voz da Escola de E-commerce. Com ampla vivência no mercado de tecnologia e e-commerce, gerenciou equipes de marketing de conteúdo, mídias sociais, branding, comunicação e marketing de produto. Com MBA em Marketing e licenciado em Filosofia, também atua como palestrante e professor no ensino superior.

Quando o assunto é expectativa de consumo, o segundo semestre de 2024 traz consigo um cenário de expectativas e incertezas no Brasil.

Com a economia global e local passando por desafios, como a inflação elevada e a oscilação no poder de compra, os consumidores estão mais cautelosos e exigentes.

Descubra como o cenário econômico global e local impacta o comportamento de consumo no Brasil em 2024 e prepare-se para as novas tendências.

Além disso, o endividamento da população deve impactar as expectativas de consumo para 2024.

De acordo com o termômetro de consumo das organizações Globo, oito em cada dez brasileiros continuam com pelo menos metade da renda familiar destinada a cobrir despesas fixas mensais.

Nesse contexto, empresas precisam se preparar para entender as novas demandas do mercado consumidor, adaptando-se a um perfil de consumo que valoriza a personalização, a conveniência e a sustentabilidade.

Análise do cenário econômico e seu impacto no consumo

O cenário econômico brasileiro, influenciado por uma combinação de fatores globais e locais, exerce um impacto significativo no comportamento de consumo.

O crescimento do PIB é um indicador crucial, refletindo a saúde geral da economia. O Ministério da Fazenda, de acordo com divulgação da revista Exame, elevou a expectativa de alta do PIB em 2024 de 2,5% para 3,2%.

Em períodos de crescimento econômico, o aumento da renda disponível e a confiança do consumidor tendem a impulsionar o consumo.

No entanto, a inflação elevada, que compromete o poder de compra, pode contrariar esses efeitos positivos, levando a um comportamento de consumo mais cauteloso e à priorização de necessidades básicas.

De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), em publicação do Diário do Comércio, o Brasil está projetado para ser a oitava maior economia do mundo em 2024.

Esse avanço resulta de uma previsão de crescimento do PIB, impulsionado principalmente pelos setores de comércio, serviços e agropecuária, além do aumento dos investimentos e do consumo das famílias, favorecidos pela redução da taxa Selic e pela queda no desemprego.

Embora a taxa Selic tenha caído recentemente, os juros básicos do país ainda são uma barreira para o empreendedorismo.

Atualmente, o dinheiro parado rende inflação (IPCA) mais 6,4% ao ano, o que significa que o retorno sobre investimentos empresariais precisa ser extremamente atraente para justificar o risco.

É essencial que os juros continuem a cair de forma equilibrada e sustentável, sem reduções forçadas.

Economia global

A economia global também desempenha um papel importante, uma vez que a interação com mercados internacionais afeta a estabilidade econômica local.

Fatores como taxas de juros globais e políticas comerciais podem influenciar a inflação e a taxa de câmbio, impactando diretamente os preços internos e o custo de vida.

Desemprego

No Brasil, o desemprego e a renda disponível são determinantes críticos da confiança do consumidor.

Altas taxas de desemprego reduzem a capacidade de compra e afetam de forma negativa a confiança, resultando em uma diminuição do consumo.

Por outro lado, a criação de empregos e o aumento da renda disponível podem estimular a demanda.

Fatores climáticos

Ainda temos de considerar os fatores climáticos, que têm impactado a economia no Brasil, já que a população está menos confiante devido a tragédias, como as enchentes no Rio Grande do Sul no primeiro semestre.

Tragédias como essa, além de impactarem a economia local, acarretam a necessidade de recursos federais para reconstrução e assistência às vítimas, gerando ainda um efeito sobre as finanças públicas, o que reduz o ritmo de crescimento econômico do país.

Para o segundo semestre de 2024, a combinação desses elementos – crescimento do PIB, inflação, desemprego, renda disponível e fatores climáticos – moldará a confiança do consumidor e seu poder de compra.

Em um cenário de inflação controlada e crescimento econômico sustentado, a confiança do consumidor tende a aumentar, favorecendo um comportamento de consumo mais robusto.

Em contraste, altos níveis de inflação e desemprego podem levar a uma contenção de gastos, com consumidores ajustando suas despesas em resposta às condições econômicas adversas.

Tendências de consumo para o segundo semestre de 2024

Em uma análise macro para expectativa de consumo e tendências para o segundo semestre de 2024, podemos destacar os pontos abaixo.

Sustentabilidade

No segundo semestre de 2024, a tendência de consumo por sustentabilidade continuará a crescer.

Os consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto ambiental de suas compras e buscam marcas que adotam práticas responsáveis.

Produtos que minimizam a pegada ecológica, como embalagens recicláveis e processos de produção sustentáveis, estão em alta.

Marcas que se destacam por suas iniciativas ambientais e sociais não só atraem consumidores conscientes, mas também fortalecem sua imagem de responsabilidade, ganhando preferência no mercado.

Empresas como Natura e Ambev, que investem em transparência e sustentabilidade, estão melhor posicionadas para capturar a lealdade de clientes que valorizam o compromisso com a preservação do meio ambiente.

Personalização e experiência do cliente

A personalização e a experiência do cliente continuam a ser uma prioridade no segundo semestre de 2024.

Com o avanço de tecnologias como inteligência artificial e automação, as empresas estão cada vez mais aptas a oferecer experiências de compra mais imersivas e adaptadas às preferências individuais dos consumidores.

A utilização desses recursos permite uma maior personalização das ofertas, recomendações mais precisas e uma experiência de compra mais fluida e eficiente.

As empresas que investem na criação de jornadas personalizadas e interativas para seus clientes tendem a se destacar e a cultivar uma base de clientes mais satisfeitos e engajados.

Comportamento de compra online x offline

O conceito omnichannel, que integra as experiências de compra no e-commerce e no offline, será essencial no segundo semestre de 2024.

Os consumidores esperam uma transição suave entre os canais, podendo iniciar uma compra online e finalizar na loja física, ou vice-versa.

Empresas que oferecem uma integração eficaz entre seus canais de venda, proporcionando uma experiência de compra coerente e sem fricções, estarão em uma posição vantajosa.

A capacidade de sincronizar inventários, oferecer opções de retirada em loja, e facilitar devoluções e trocas entre canais contribui para aumentar a satisfação do cliente e fidelizar a base de consumidores.

O papel das promoções e datas sazonais

As promoções e datas sazonais, como Black Friday e Natal, têm um papel crucial no desempenho do varejo durante o segundo semestre, especialmente em um cenário econômico instável.

Esses eventos são responsáveis por impulsionar o consumo em massa, pois oferecem aos consumidores oportunidades de adquirir produtos com descontos significativos, muitas vezes planejando suas compras de forma antecipada.

A Black Friday, por exemplo, se tornou um dos maiores eventos de consumo do Brasil, com empresas de todos os setores oferecendo promoções para atrair compradores que buscam por preços reduzidos.

O Natal, por sua vez, é tradicionalmente um período de compras com apelo emocional, voltado para presentes e confraternizações, impulsionando as vendas em diversos segmentos.

Para o varejo, a preparação para essas datas é essencial para alavancar vendas e compensar possíveis quedas no consumo durante o restante do ano.

Em um cenário de economia instável, como o observado em 2024, as empresas precisam ajustar suas estratégias para se destacarem diante da concorrência.

Investir em promoções bem planejadas, marketing eficiente e uma experiência de compra sem atritos, tanto no ambiente online quanto offline, pode ser decisivo.

Além disso, é importante utilizar dados de consumo para personalizar ofertas e melhorar a eficiência do estoque, garantindo que produtos desejados estejam disponíveis nos momentos de maior demanda.

A chave para aproveitar o potencial dessas datas está em oferecer não apenas descontos atraentes, mas também uma experiência de compra otimizada, que inclua atendimento ao cliente eficiente, facilidades de pagamento e logística bem estruturada.

Empresas que se prepararem adequadamente para a Black Friday e o Natal, antecipando as tendências de consumo e as expectativas dos clientes, poderão não apenas aumentar suas vendas, mas também fortalecer o relacionamento com seus consumidores, garantindo fidelidade em um momento de incerteza econômica.

Desafios e oportunidades do varejo físico

O varejo físico enfrenta desafios e oportunidades no atual cenário, marcado pelo aumento da automação e pelo uso crescente de tecnologia para aprimorar a experiência do cliente.

Como adiantamos, um dos principais desafios é adaptar-se às novas expectativas dos consumidores, que demandam conveniência e rapidez nas lojas físicas, muitas vezes comparando-as com a eficiência das compras online.

A automação surge como uma solução importante para superar esses desafios, permitindo que as lojas físicas ofereçam uma experiência mais moderna e fluida.

O uso de tecnologias como robôs de atendimento, sensores de estoque e soluções de autoatendimento tem o potencial de transformar a forma como o varejo físico opera. Robôs podem ser empregados para orientar os clientes dentro da loja, oferecendo informações de produtos e melhorando o engajamento.

Soluções de autoatendimento, como caixas de pagamento automatizadas e sistemas de checkout por smartphone, permitem que os consumidores finalizem suas compras com rapidez e autonomia, reduzindo filas e melhorando a satisfação geral.

Ao mesmo tempo, essas inovações tecnológicas representam grandes oportunidades para o varejo físico, ao criar uma experiência híbrida que combina o toque humano com a eficiência automatizada.

Além de melhorar a operação interna, como a gestão de estoque e o reabastecimento mais rápido, a automação pode liberar a equipe para focar em um atendimento mais personalizado.

A adoção dessas tecnologias não só otimiza a operação, mas também aumenta a competitividade do varejo físico, atraindo consumidores que ainda valorizam a experiência presencial, mas que esperam uma jornada de compra simplificada e integrada ao mundo digital.