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O futuro dos marketplaces: desafios e oportunidades

Por: Fernando Moulin

Partner da Sponsorb. Um dos principais especialistas brasileiros em transformação digital, inovação e gestão da experiência do cliente, além de ser um dos pioneiros do Marketing Digital/CRM no país. Graduado em Engenharia Química pela Unicamp, conta com MBA Executivo Internacional pela FIA-USP e realizou cursos de marketing e negócios em diversas instituições internacionais, como Kellogg/NorthWestern (Estados Unidos), INSEAD (França), Cambridge (Reino Unido) e Lingnan University (China). Acumula mais de 20 anos de experiência na função de executivo em grandes organizações, como Telefônica/Vivo, Cyrela, Nokia, Pão de Açúcar, Claro, Citibank, entre outras. Cofundador da Malbec Angels, mentor de startups e advisor estratégico, também é palestrante profissional e professor de disciplinas ligadas as suas áreas de expertise em instituições como a ESPM, o INSPER e a Live University, além de ser colunista de diversos veículos de mídia e jurado de várias premiações de mercado.

A internet nasceu como uma plataforma que abriu uma gama de oportunidades em todos os setores e redefiniu como a sociedade se relaciona consigo mesma. Novos atores surgiram, novas formas de interação social emergiram e novos serviços essenciais foram criados, de tal modo que, hoje, perder o celular é mais avassalador do que perder a carteira com todos os documentos pessoais.

Descubra como a internet e os marketplaces transformaram o cenário de consumo no Brasil, promovendo a consolidação de grandes players e a valorização dos vendedores.

Provedores

Com essa revolução, também floresceu uma diversificação entre as plataformas na web. Quem acompanhou os primórdios da internet no Brasil se lembra da guerra dos provedores, com a falecida AOL distribuindo CDs em todo o país contendo seus discadores (os mais novos nem vão saber o que é isso).

Havia centenas de provedores de e-mail, dezenas de sites de buscas, inúmeras “lojas virtuais” para compras. No entanto, após o boom, a consolidação também chegou ao ambiente anárquico da internet, e os principais serviços foram se concentrando em poucas grandes empresas, que se tornaram as donas de grande parte de nossa atenção e do tráfego na internet.

A vez dos marketplaces

O mesmo processo vem ocorrendo no Brasil com os marketplaces, que ganharam tração substancial no país ao oferecer uma experiência de compra com cada vez menos atrito aos usuários, minimizando o tempo de entrega, o preço e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelos vendedores.

Havia uma profusão de ofertas e soluções, que gradualmente foram se consolidando com o amadurecimento dos usuários e também por pressão da chegada de grandes grupos globais, com modelos de negócio e escala desafiadora para as empresas nacionais.

Essa tendência de consolidação ocorre com rapidez no Brasil, com players como a Amazon e o Mercado Livre dominando o setor em conjunto com empresas orientais há menos tempo no país, graças a altos investimentos em anúncios online, frete grátis e velocidade de entrega. O Mercado Livre, por exemplo, investiu em diversas ações, trazendo experiências de redes sociais para seu app e serviços de fulfillment para agilizar a entrega e aperfeiçoar a experiência do usuário, enquanto a gigante de Jeff Bezos está se aventurando no mercado de usados com selo “Amazon” e setores como o varejo alimentar e o entretenimento, tudo para capturar ainda mais o interesse e os investimentos do setor.

Se para os clientes isso significa uma melhor experiência de compra, para os vendedores é um convite para unificar seus serviços em uma única plataforma, escolhendo a que melhor atende seu público-alvo, já que o regionalismo do mercado consumidor brasileiro também tem se refletido no cenário online.

Ilustram esse caso as empresas brasileiras Magalu e Casas Bahia, que têm boa capilaridade nas regiões Norte e Nordeste devido à presença de suas lojas físicas. Elas já possuem rotas logísticas, base de consumidores e marcas preferidas regionalmente. Já o Mercado Livre tem uma boa proposta de valor para o Sudeste, com suas entregas em menos de 24 horas e sua ampla gama de vendedores concentrada em São Paulo.

Valorização de vendedores

Esse cenário de competição e consolidação pode elevar os vendedores – muitas vezes deixados de lado no início da expansão dos marketplaces – a um novo patamar, já que, com menos plataformas no mercado, elas devem buscar um diferencial justamente nos produtos anunciados e na qualidade dos parceiros de negócio que atuam na ponta da oferta. Atrair os melhores sellers, inclusive, é um fator crítico de sucesso, e as principais plataformas há tempos trabalham com hunters em busca de agregar ou até retirar bons vendedores de outras plataformas, enquanto buscam também se diferenciar em taxas, custos de comissões, níveis de serviço e exigências qualitativas em geral.

A Amazon, por exemplo, expandiu sua base de vendedores em 50% entre 2022 e 2023. O Mercado Livre já conta com um atendimento VIP para vendedores com os melhores desempenhos, além de condições diferenciadas para lojas oficiais. A Shopee, quando chegou ao Brasil, teve que fazer um acelerado esforço de atração de sellers locais para consolidar sua atuação. A Magalu oferece diversos benefícios e soluções para esse público. E assim por diante (veremos qual será a estratégia adotada pela agressiva e recém-chegada Temu).

A consolidação, a regionalização e a busca por diferenciação são fatores que moldarão o cenário dos marketplaces nos próximos anos. As empresas que souberem se adaptar e oferecer valor agregado aos consumidores estarão à frente nessa corrida e, certamente, em não mais do que três anos, teremos uma nova configuração do setor no Brasil.