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O que não te falaram sobre a expansão internacional: uma visão profunda

Por: Guilherme Andrada

Fundador e CEO

Fundador e CEO da Kaza Brasil - Marcas Icônicas Brasileiras, empresa especializada na expansão internacional de marcas via B2B, B2C e crossborder.

O setor de vestuário brasileiro representou um faturamento de R$ 150,3 bilhões (27 bilhões de euros) em 2022., de acordo com a Abit – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.
Para efeito de comparação, em 2021, o setor de moda na Europa correspondeu a 475 bilhões de euros, e 25% desse total vêm do canal online (119 bilhões), ou seja, 17 vezes maior do que o mercado brasileiro.

Estima-se que em 2025 o mercado europeu irá crescer 10% para 525 bilhões de euros, e o canal online para 33% (175 bilhões de euros). Fonte: CBCommerce

Tamanho do mercado de Fashion Europeu 2021-2025.

Agora que já temos o contexto dos dados, vamos ao que as pessoas não vão te falar sobre a expansão internacional.

Primeiros passos

Ao dar os primeiros passos rumo à expansão internacional, surgem diversas dúvidas: qual será a melhor forma de pesquisar novos mercados, encontrar novos parceiros, iniciar as operações em cada país, entre outros temas.

Uma das principais características, no entanto, para entrar no caminho do sucesso é que a empresa precisa estar disposta a investir na expansão internacional, ciente de que nos anos iniciais provavelmente vai investir mais do que o valor que poderá obter com os lucros.

Mesmo que o prejuízo esteja permitido e orçado, o fato de o líder do projeto de expansão internacional estar envolvido diretamente com o forecast e com o P&L coloca de alguma forma uma grande responsabilidade no projeto – seja para o bem ou para o mal.

O meu papel nesse artigo é dizer: calma!

Está claro que existem diversos desafios, mas a indústria da moda brasileira é conhecida por sua criatividade, diversidade e estilo único, que vem cada vez mais cativando consumidores em todo o mundo. No entanto, quando se trata de vender para o exigente mercado europeu, surgem desafios significativos que as marcas brasileiras precisam superar para aumentar as chances de sucesso e aceitação.

Vamos explorar os três principais desafios:

1. Adaptação a tendências e preferências locais

É essencial entender que cada país da Europa é um mercado diferente, e a marca precisa ter abertura para se adaptar às especificidades locais, preservando o DNA e cumprindo aquilo que ela promete. O grande resultado disso é a adaptação do posicionamento e da comunicação de marca aos mercados locais, mas com uma clara (e consistente) proposta de valor, independentemente de estar diante de um cliente em Portugal, França ou Alemanha.

Quando pensamos no modelo de distribuição B2B, wholesale, também é preciso perceber que cada varejista local enxerga o seu próprio negócio de forma diferente da nossa e, para entender isso, precisamos nos assegurar de estarmos nos colocando em seu lugar para entender a sua ótica, preocupando-nos sempre em garantir que a relação seja de ganha-ganha, com clareza e honestidade no negócio.

Finalmente, é necessário entender e aceitar que é preciso customizar a proposta para os varejistas (preços, apoio de marketing, curadoria de produtos) de acordo com o seu mercado e o seu consumidor final.

Uma pesquisa de mercado detalhada e uma compreensão aprofundada das últimas tendências antes de iniciar são essenciais para se destacar em meio à concorrência local.

2. Cumprimento de normas e regulamentações europeias

O mercado europeu tem padrões rigorosos quando se trata de regulamentações de moda, sustentabilidade e práticas éticas. As marcas brasileiras que desejam entrar no mercado europeu devem estar cientes e em conformidade com essas regulamentações. Isso inclui questões como materiais utilizados, condições de trabalho nas fábricas, práticas de fabricação sustentável e até mesmo embalagens ecologicamente corretas. Garantir que todos os produtos e processos atendam aos padrões europeus é crucial para ganhar a confiança dos compradores e construir uma reputação sólida no mercado europeu. Dessa forma jogamos o mesmo campeonato.

3. Estabelecimento de parcerias e redes de distribuição confiáveis

Entrar no mercado europeu requer mais do que apenas criar produtos incríveis; é fundamental estabelecer parcerias confiáveis e eficientes. Encontrar distribuidores, agentes de vendas e varejistas locais que compreendam o mercado europeu e tenham uma rede de contatos sólida é crucial. A confiança e a transparência nas relações comerciais são altamente valorizadas na Europa. Portanto, construir relacionamentos sólidos e duradouros com os parceiros certos pode abrir portas para oportunidades de vendas significativas.

Em resumo, entrar no mercado Europeu é uma jornada emocionante, mas repleta de desafios únicos.