Praticamente na boca do povo quando o assunto é fazer transação comercial, o Pix vem dando passos cada vez maiores na economia brasileira. Dados do Banco Central em conjunto com a Abecs mostram que o uso da plataforma cresceu 74% no último ano, atingindo a marca de 42 bilhões de pagamentos. A autarquia também aponta que foram movimentados R$ 17,18 trilhões por meio dele.
Por outro lado, um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostra que o cartão de crédito ainda tem um terreno forte no país. Em 2023, foram mais de 17 bilhões de operações nesse modelo, o que representa uma cifra de R$ 2,4 trilhões.
Nesse cenário, levantamento da Ebanx aponta que o Pix deve empatar com o cartão de crédito como o método de pagamento mais utilizado no comércio eletrônico em até dois anos. Vale lembrar que um outro estudo, dessa vez da Confi.Neotrust, mostrou que de fato o cartão de crédito ainda é a principal opção no e-commerce, com mais de 55% dos pedidos no último ano sendo pagos por meio dele. Contudo, esse mesmo levantamento mostra o Pix como a segunda plataforma mais requisitada (26%) e a única cujo uso cresceu no período.
Pix x cartão de crédito
Sendo assim, a pergunta que fica é: seria o Pix de fato capaz de superar o cartão de crédito nas transações online? De fato, não podemos negar a importância do Pix aqui no Brasil. Esse método de pagamento trouxe mais comodidade tanto para as pessoas quanto para as empresas, já que o dinheiro cai de forma instantânea na conta do favorecido, além de não cobrar do usuário e ainda oferecer taxas mais atraentes para os comerciantes. Além disso, dados do Banco Central nos mostram que ele foi responsável pela inclusão financeira de mais de 71 milhões de brasileiros, sendo os estados com menos agências bancárias físicas os que mais utilizam a plataforma.
Contudo, o cartão de crédito continua bastante forte na região até mesmo por uma questão cultural. O brasileiro gosta muito de parcelar suas compras, com um estudo da Opinion Box apontando que 46% dos consumidores compram em diversas vezes sempre que têm oportunidade. Além disso, essa modalidade ainda tem muita entrada em pagamentos recorrentes, como mensalidades de escola, academia, serviços de streaming etc.
Outro ponto que conta a favor do cartão de crédito é em relação à sua segurança, pois caso o usuário faça uma transação incorreta ou não tenha o produto que ele comprou, ele pode reaver esse valor de alguma maneira com os bancos e as bandeiras. No caso do Pix, uma vez que o dinheiro é transferido, ele não volta mais.
Porém, mesmo nesses mercados em que o cartão de crédito lidera, o Pix já começa a ensaiar o lançamento de modalidades que fazem as mesmas funções, mas com condições melhores. Podemos citar, por exemplo, o Pix Parcelado, uma boa opção para pessoas que desejam comprar um produto de alto valor agregado em diversas vezes, mas que estão sem limite no cartão de crédito ou não querem arcar com taxas de anuidade. Em 2022, segundo dados da Boa Vista, 13% das compras parceladas já eram por meio dessa modalidade. Além disso, temos ainda, para o final do ano, o lançamento previsto do Pix Automático, que realiza diversas transações de forma automática, sem precisar validar os dados e autorizar cada uma delas, facilitando os pagamentos recorrentes.
Assim, podemos concluir que há espaço para os dois métodos de pagamento no cenário atual de e-commerce. Eles atendem a públicos de realidades diferentes em situações que também variam muito, de modo que a presença de ambos se faz necessária para abranger a todos. Dessa forma, os varejistas sempre vão ver a presença dessas opções como relevantes para o usuário conseguir pagar por seus produtos. Porém, não podemos negar que o Pix tem tirado o custo e dado mais flexibilidade ou rapidez para os players, fazendo com que tenha mais valor nesse sentido. No entanto, o cartão de crédito também é bastante forte e continuará sendo muito relevante para o comércio.