Nas últimas semanas, grandes empresas que atuam no varejo brasileiro reportaram os resultados do terceiro trimestre de 2024, como Magazine Luiza, Grupo Casas Bahia, Americanas SA e Shopee. Todas elas atuam no comércio eletrônico e vendem produtos ou serviços através de seus canais de marketplace.
Mas há mais em comum: essas empresas, e muitas outras varejistas, tiveram resultados negativos em 2023, algumas com queda na geração de caixa e praticamente todas as grandes redes de varejo com dificuldades financeiras em relação às margens, o que resultou em pedidos de recuperação judicial ou extrajudicial de empresas como Polishop, Dia, Coteminas (Ammo Varejo), Starbucks, Americanas e a própria Casas Bahia.
Esses são alguns exemplos das companhias que estão enfrentando os desafios impostos ao varejo brasileiro. Um cenário desafiador, que pode ter mudado a forma de fazer negócio para o varejo, já que os resultados do Q3/2024 de algumas delas mostraram uma recuperação significativa, com reversão de prejuízos e até mesmo registro de lucros consideráveis!
Magazine Luiza: a varejista teve lucro líquido de R$ 102 milhões no terceiro trimestre, revertendo resultado negativo de quase meio bilhão de reais um ano antes, um resultado mais que quatro vezes maior que o lucro do segundo trimestre;
Grupo Casas Bahia: entregou um terceiro trimestre com avanços importantes em seus resultados financeiros, em linha com o proposto em seu Plano de Transformação, iniciado em 2023. A empresa reportou alta de 24,1% da receita de marketplace, o lucro bruto chegou a R$ 2,0 bilhões, com margem bruta de 31,6%, um ganho de 8,6 p.p. na comparação anual e de 0,9 p.p. em relação ao segundo tri deste ano;
Americanas SA: em recuperação judicial, a Americanas reportou lucro líquido de R$ 10,3 bilhões referente ao terceiro trimestre de 2024, uma reversão do prejuízo de R$ 1,63 bilhão no mesmo período de 2023. No terceiro trimestre, o resultado financeiro consolidado foi positivo em R$ 14,2 bilhões, atribuído aos descontos das dívidas que estão listadas no Plano de Recuperação Judicial;
Shopee: a asiática reverteu prejuízo e ajuda no lucro da controladora Sea Limited. A plataforma parou de ter prejuízo a cada compra feita pelos clientes, agora entregando lucro à operação brasileira. No terceiro trimestre de 2024, a Shopee registrou um EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos e depreciação) de US$ 34,4 milhões, superando uma perda de US$ 346,5 milhões no mesmo período de 2023;
Vale ressaltar que cada empresa tem o seu momento e enfrenta desafios diferentes, porém todos eles estão relacionados à rentabilidade.
Recentemente o Grupo Casas Bahia pediu recuperação extrajudicial, o que contribuiu para um alongamento da dívida, enquanto a empresa trabalha no seu plano de transformação. Outro desafio é o da Americanas, que enfrenta uma ação de recuperação judicial depois de uma fraude contábil que veio a público em 11 de janeiro de 2023. O que não tem relação com os desafios de Magazine Luiza e Shopee por exemplo, que vivem momentos diferentes.
O ponto aqui é: será que essas e outras empresas do varejo brasileiro teriam encontrado um ponto de equilíbrio entre a geração de caixa e o lucro? Ou, em outras palavras, e fazendo uma provocação: será que o cenário mudou depois de mais investimentos em profissionais qualificados na liderança, da adesão de novas tecnologias para gestão e da construção de novas políticas de governança e controladoria?