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Será que o varejo brasileiro encontrou um ponto de equilíbrio entre geração de caixa e rentabilidade?

Por: Leandro Ratz

Formado em Gestão Comercial com especialização em Omni Channel para o Varejo pela VTEX. Tem 10 anos trabalhando com comércio eletrônico, principalmente nos marketplaces. Fundador da RTZ Market e Top Voice Varejo no Linkedin.

Nas últimas semanas, grandes empresas que atuam no varejo brasileiro reportaram os resultados do terceiro trimestre de 2024, como Magazine Luiza, Grupo Casas Bahia, Americanas SA e Shopee. Todas elas atuam no comércio eletrônico e vendem produtos ou serviços através de seus canais de marketplace.

Mas há mais em comum: essas empresas, e muitas outras varejistas, tiveram resultados negativos em 2023, algumas com queda na geração de caixa e praticamente todas as grandes redes de varejo com dificuldades financeiras em relação às margens, o que resultou em pedidos de recuperação judicial ou extrajudicial de empresas como Polishop, Dia, Coteminas (Ammo Varejo), Starbucks, Americanas e a própria Casas Bahia.

Esses são alguns exemplos das companhias que estão enfrentando os desafios impostos ao varejo brasileiro. Um cenário desafiador, que pode ter mudado a forma de fazer negócio para o varejo, já que os resultados do Q3/2024 de algumas delas mostraram uma recuperação significativa, com reversão de prejuízos e até mesmo registro de lucros consideráveis!
Magazine Luiza: a varejista teve lucro líquido de R$ 102 milhões no terceiro trimestre, revertendo resultado negativo de quase meio bilhão de reais um ano antes, um resultado mais que quatro vezes maior que o lucro do segundo trimestre;

Grupo Casas Bahia: entregou um terceiro trimestre com avanços importantes em seus resultados financeiros, em linha com o proposto em seu Plano de Transformação, iniciado em 2023. A empresa reportou alta de 24,1% da receita de marketplace, o lucro bruto chegou a R$ 2,0 bilhões, com margem bruta de 31,6%, um ganho de 8,6 p.p. na comparação anual e de 0,9 p.p. em relação ao segundo tri deste ano;

Americanas SA: em recuperação judicial, a Americanas reportou lucro líquido de R$ 10,3 bilhões referente ao terceiro trimestre de 2024, uma reversão do prejuízo de R$ 1,63 bilhão no mesmo período de 2023. No terceiro trimestre, o resultado financeiro consolidado foi positivo em R$ 14,2 bilhões, atribuído aos descontos das dívidas que estão listadas no Plano de Recuperação Judicial;

Shopee: a asiática reverteu prejuízo e ajuda no lucro da controladora Sea Limited. A plataforma parou de ter prejuízo a cada compra feita pelos clientes, agora entregando lucro à operação brasileira. No terceiro trimestre de 2024, a Shopee registrou um EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos e depreciação) de US$ 34,4 milhões, superando uma perda de US$ 346,5 milhões no mesmo período de 2023;

Vale ressaltar que cada empresa tem o seu momento e enfrenta desafios diferentes, porém todos eles estão relacionados à rentabilidade.

Recentemente o Grupo Casas Bahia pediu recuperação extrajudicial, o que contribuiu para um alongamento da dívida, enquanto a empresa trabalha no seu plano de transformação. Outro desafio é o da Americanas, que enfrenta uma ação de recuperação judicial depois de uma fraude contábil que veio a público em 11 de janeiro de 2023. O que não tem relação com os desafios de Magazine Luiza e Shopee por exemplo, que vivem momentos diferentes.

O ponto aqui é: será que essas e outras empresas do varejo brasileiro teriam encontrado um ponto de equilíbrio entre a geração de caixa e o lucro? Ou, em outras palavras, e fazendo uma provocação: será que o cenário mudou depois de mais investimentos em profissionais qualificados na liderança, da adesão de novas tecnologias para gestão e da construção de novas políticas de governança e controladoria?