Estudo da gestora Canuma Capital, publicado essa semana pelo jornal O Estado de São Paulo, e confirmado pelo E-Commerce Brasil, mostra que as vendas online atingiram R$ 260 bilhões em 2021, superando em R$ 160 bilhões o total de vendas registrado em 2019, período pré-pandemia.
Em 2019, os shoppings do Brasil faturaram cerca de R$ 190 bilhões, e a previsão é que esse número tenha caído para cerca de R$175 bilhões em 2021, considerando as mesmas lojas, conforme estudo.
Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o Brasil tem um total de 601 shoppings, com um total de 110.938 lojas. Para a realização de seu estudo, a Canuma Capital utilizou dados dos grupos de capital aberto, incluindo as próprias empresas de comércio eletrônico, informações sobre shoppings investidos por fundos imobiliários, dados de associações e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explicou Marcelo Vainstein, sócio da Canuma e ex-diretor da Brookfield Property Group, ao Estadão. “Os shoppings terão de se reinventar para ter a mesma receita por metro quadrado”, avalia Vainstein.
Vale lembrar a diferente penetração do e-commerce nas diferentes regiões do país (o e-commerce ainda é muito concentrado na região sudeste), o que quer dizer que o impacto nos shoppings é diferente em
cada uma das regiões.
O estudo apontou ainda que os shoppings brasileiros perderam aproximadamente R$ 35 bilhões de vendas para o e-commerce, além de outros R$ 15 bilhões de serviços uma vez que os shoppings receberam menor fluxo de pessoas em cinemas e área de alimentação, por exemplo.
Para o especialista do setor de varejo e e-commerce, conselheiro do E-Commerce Brasil e Sócio da OnFly, Marcelo Linhares, este número traz luz ao crescimento do mercado de comércio eletrônico, ao passo que sinaliza, pelo menos no curto prazo, uma estagnação do segmento de shoppings centers.
“Hoje todo mundo fala sobre convergência de canais, entre online e off-line, mas ainda há por parte dos shopppings centers uma completa inabilidade em entender em como desenvolver esta convergência. Modelos como ‘compre online e retire na loja’, por exemplo, deveriam ser estimulados pelos shoppings, e não punidos, cobrando comissões adicionais dos lojistas.”
Marcelo ainda destaca que as iniciativas digitais das grandes redes de shoppings centers no Brasil, com modelos de “marketplace” fracassaram ou possuem volumes transacionados irrisórios. “É o momento,
definitivamente, dos shoppings centers se reinvantarem como indústria, saindo essencialmente de um modelo de ‘real state’ para uma indústria mais digital, com fortes competências de marketing digital e
relacionamento com os consumidores e com os lojistas. Se os shoppings não executarem bem a convergência entre canais, é provável que se tornarão cada vez mais um ambiente de entretenimento e alimentação, e menos de varejo e transacional.”
Rodrigo Maruxo, consultor e especialista em varejo digital, também conselheiro do E-Commerce Brasil, destacou que a pandemia só acelerou um movimento que já era natural. “A pandemia acelerou um processo que já mostrava tendências de se realizar naturalmente, uma vez que o modelo de Shopping já vinha sofrendo para se sustentar em sua forma mais tradicional frente ao movimento de maturidade acelerado do e-commerce” afirmou Maruxo.
Para Maruxo, a reinvenção do modelo de negócios dos shoppings centers passam pela integração com o e-commerce. “Minha expectativa é que esse fato histórico não sinalize o fim deste negócio, mas que possa incentivar mudanças no modelo de negócios de Shopping Center, que atuando mais integrados ao e-commerce poderá se reinventar e continuar cumprindo sua missão que é a de gerar experiências de consumo e lazer para seus visitantes e excelentes negócios para seus condôminos no off mas também no online.”
Estima-se que o e-commerce já representa cerca de 13% do total de vendas de todo o varejo do Brasil no período pós pandemia, enquanto esse número representa 20% nos EUA e já supera os 50% na China.
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