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Lojistas da Gencomm, que comprou Rakuten no Brasil, denunciam prejuízo milionário

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

O pedido de recuperação judicial do Grupo Gencomm, que comprou, em outubro, a operação da Rakuten no Brasil, pegou os lojistas de surpresa. São várias as reclamações, especialmente em relação ao repasse das vendas para os varejistas. Há relatos de empreendedores que precisaram pausar as vendas ou estão fora do ar.

Os prejuízos são milionários. Apenas cinco lojas, que abriram seus dados sob condição de anonimato, relataram uma perda total de R$ 5,19 milhões por conta dos atrasos. O e-commerce com menor prejuízo nesse grupo aguarda o recebimento de R$ 460 mil.

O Grupo Gencomm já sabia que isso acontecia. No pedido de recuperação judicial enviado à Justiça, segundo a sua versão, a empresa explica que o dinheiro que deveria ser repassado aos lojistas é diretamente apropriado pelo banco Itaú, como forma de amortização da linha de crédito de R$ 65 milhões que foi cortada.

Trecho do pedido de recuperação judicial explica destino dos repasses a lojistas

Trecho do pedido de recuperação judicial do Grupo Gencomm explica destino dos repasses a lojistas

Apreensão

A Piuka.com, loja especializada em moda, entrou na plataforma confiando no nome internacional da Rakuten e é uma das que aguarda o repasse desses valores. Segundo Leonardo Mei, sócio do e-commerce, os atrasos nos pagamentos liberados começaram na primeira semana de janeiro de 2020.

“O impacto maior e mais importante é no fluxo de caixa da operação, pois a partir de estamos estruturando um novo plano de ação para enfrentar o momento”, afirmou.

Mesmo que a empresa já estivesse se preparando para deixar a plataforma desde novembro, a surpresa com a notícia da recuperação judicial está gerando dor de cabeça nele e em outros lojistas. “Imagine: pleno inicio do ano, a expectativa de receber seus créditos vendidos na Black Friday e Natal, que são os momentos mais importantes do e-commerce brasileiro. E, do nada, a empresa cessa os pagamentos e anuncia uma recuperação judicial? O pânico é geral!”, explicou.

Segundo ele, quem não se preparou terá de lidar com uma série de custos e um processo traumático.

“Não se trata, simplesmente, de uma troca de plataforma. São muitas variáveis envolvidas na operação, como informações de clientes, métricas, SEO – que é um trabalho de longo prazo -, processos operacionais, entre outros fatores que terão de ser considerados numa migração”, concluiu.

Outro lojista, do setor de calçados, falou sob condição de anonimato ao E-Commerce Brasil. A sua loja enfrenta atrasos no recebimento das vendas desde dezembro. Segundo ele, o valor já está na casa do R$ 1,5 milhão.

“Apesar de termos sido pegos de surpresa, estamos nos preparando para migrar de plataforma”, contou. “Como toda migração, tem o cumprimento de um processo que não é simples. [Tivemos] Uma queda brusca no faturamento e o não atendimento dos clientes”, lamentou.

Denúncias e desabafos

Em lista anônima que circula pela internet, chovem reclamações sobre a falta de repasse, além de queixas sobre a qualidade do atendimento.

“Preciso receber os pagamentos que compõe o fluxo de caixa, paguei o plano mais caro da Rakuten para ter uma consultoria voltada para o crescimento da minha loja e (…) essa consultoria nunca tivemos. Agora estamos com o site no ar, enviando o nosso dinheiro em mercadorias e não estamos recebendo por isso, antes era uma alegria quando entrava venda, agora tivemos que derrubar nossas campanhas de marketing e ads para parar de levar tráfego para o site, porque o que adianta vender se não vamos receber?”, afirma um dos comentários.

Além desses problemas, que são comuns a todos os comentários, outro lojista da plataforma compartilhou a via-sacra pela qual está passando para migrar sua operação.

“(…) Fomos obrigados a realizar o cancelamento de todos os pedidos a partir de 30/01, deixamos de faturar os valores dos pedidos e de enviar os produtos pq (sic) não temos a certeza de receber sobre estas vendas, perdemos a credibilidade para com os nossos clientes, estamos fazendo uma migração as pressas para outra plataforma e teremos custos altos. Nesta migração perderemos muito! (…)”, desabafou.

Questionada sobre um posicionamento, especialmente em relação ao repasse dos ganhos aos lojistas, a Gencomm ainda não se pronunciou.

Por Caio Colagrande, da redação do E-Commerce Brasil