Brasil faturou R$ 14,2 bilhões em 2012 e é o segundo país que mais ganha em nível mundial
Os produtos e serviços para animais de estimação estão em franca ascensão no Brasil. Enquanto o varejo como um todo deve fechar o ano com crescimento de 4%, o segmento pet deve aumentar em 7,5%, movimentando R$ 14,39 bilhões. E este valor não inclui o mercado de filhotes, que sozinho faturou R$ 1 bilhão em 2012. Além disso, há ainda muito espaço para crescimento e a previsão é de que em 2020, o setor chegue a R$ 20 bilhões. Com números tão aquecidos, abrem-se oportunidades para marcas e redes de varejo fidelizarem o consumidor, trabalhando melhor suas estratégias de Trade Marketing e oferecendo maior conveniência nos pontos de venda.
A mudança de comportamento do brasileiro em relação aos seus animais é verificada em todas as classes sociais, de acordo com estudo desenvolvido pela da Gouvêa de Souza. Em todas as faixas da população, os gastos com produtos e serviços voltados para os bichos aumentou, e o brasileiro está comprando mais produtos de higiene, embelezamento, alimentação, remédios, consultas, snacks, e tudo que seja relacionado ao bem estar e a saúde do animal. Ao todo, o relatório Estudo Pet Brasil 2013 avaliou 27 categorias de produtos e serviços.
As oportunidades podem ser encontradas nos grandes centros, nas regiões do interior, no varejo físico e no e-commerce. “Este mercado só tem oportunidades. Hoje o consumo pet é extremamente pulverizado. Os cinco maiores varejistas concentram apenas 4,2% do mercado. Quando se fala em alimentos para pets, os cinco maiores concentram 33%. Isso mostra o quanto existem oportunidades e quanto há de espaço para crescer”, explica Luiz Goes, Diretor da Gouvêa de Souza, em entrevista ao Mundo do Marketing.
População de animais aumentou
Cães e gatos sempre foram populares do país, mas a quantidade de animais domésticos vem crescendo, especialmente nas grandes cidades, acompanhando algumas tendências de outros lugares como os Estados Unidos. Um exemplo é que aumentou a população de gatos vivendo nos centros urbanos, característica que também é verificada nos países mais ricos. O relatório da Gouvêa de Souza aponta para uma menor rejeição ao gato no comparativo com 2010, quando o levantamento também foi realizado. Quem prefere os cães como animais de companhia também está adquirindo raças de menor porte, uma adequação à realidade das capitais, onde as residências tendem a ser cada vez menores.
O brasileiro também está mais apegado aos seus pets. O componente emocional é muito forte neste mercado, fazendo com que o proprietário invista cada vez mais na qualidade de vida do bicho. “Pedimos que as pessoas classificassem o seu pet como um amigo, um filho ou um animal de estimação. Independente da classe social, quanto mais as pessoas consideram o animal como amigo ou filho, maior é o gasto. Este fator emocional impulsiona este mercado. Claro que o consumidor da A gastará mais que da B que gastará mais que o da C. Mas dentro da sua realidade e da sua capacidade financeira, o brasileiro está gastando mais”, diz Luiz Goes.
As mudanças no comportamento do consumidor e no próprio perfil dos animais que são escolhidos pelas famílias demandam uma adaptação das empresas que atuam no setor. “Detectamos um crescimento dos cães de pequeno porte e mini, principalmente morando em apartamentos. Será que as marcas vão continuar pautando sua comunicação por enormes goldens retrievers correndo ao redor de piscinas? É uma provocação que fizemos para as agências e para os responsáveis pela comunicação de Marketing. A indústria pode se preparar para atender melhor a este novo perfil de consumo”, complementa o Diretor da Gouvêa de Souza.
Trade Marketing ainda é incipiente
Outro aspecto destacado pelo Estudo Pet Brasil 2013 é a necessidade das lojas oferecerem mais conveniência e um maior portfólio de produtos aos seus visitantes. Os petshops em geral ainda carecem de uma maior profissionalização na gestão e também no atendimento, o que abre para a indústria uma oportunidade de aproximação e orientação. “Verificamos que as empresas estão entregando nestes pontos o que o varejista pede, mas elas podem ter uma postura mais pró ativa para entregar sortimento de produto e até orientar o comerciante. As ações de Trade são muito incipientes é só ganham corpo quando se fala nas redes de maior porte”, explica Luiz Goes.
O ponto de venda também oferece oportunidades de relacionamento e fidelização. O volume de pessoas que tem como ambiente de compras o petshop está caindo e houve um recuo na taxa de fidelização de 66% para 54%. “Isso acontece porque os donos de animais estão buscando maior oferta de produtos para comprar tudo no mesmo lugar. Isso nos leva a conveniência. Qualquer um que vive em grandes centros busca isso. Esta deficiência abre oportunidade para as lojas que oferecerem maior valor agregado. Isso já existe em outros mercados, mas o brasileiro ainda precisa pensar em vender melhor e não apenas mais barato para conquistar os clientes”, aponta Tiago Papa, Diretor Executivo da Comac, em entrevista ao portal.
No mercado pet, a influência de veterinários e balconistas é alta e estes profissionais devem estar preparados para orientar o consumidor. Melhorar as estratégias de relacionamento nos petshops é um dos caminhos para conquistar a preferência. Além disso, ações devem ser pensadas para reforçar o comportamento preventivo, ainda não muito comum. “Os pontos de venda precisam começar a trabalhar mais com prevenção, ofertando para os proprietários soluções que tragam saúde para os seus animais e fortalecendo o relacionamento. No Brasil, apenas 17% dos donos levam o seu pet pelo menos uma vez ao ano no veterinário. No Canadá este número é de 79% e nos EUA, 85%. Esta taxa, chamada de medicalização, é um fator primordial para o crescimento do mercado, o que vai de encontro à questão da prevenção”, argumenta Tiago Papa.
E-commerce responde por apenas 0,4% do faturamento
No comércio eletrônico, o segmento pet também possui grandes oportunidades. De todo o faturamento do setor, o varejo virtual responde apenas por 0,4%, número que deve crescer cerca de 22% até 2020. Como não há grandes concorrentes atuando no digital, há espaço para empreendedores consolidarem suas marcas e abocanharem uma fatia deste promissor mercado. “Vemos que há necessidade de construir uma cultura de compra no digital. Em outros países, o comércio eletrônico chega a representar até 2% do total. Isso significa que podemos quintuplicar o faturamento no e-commerce. A projeção é absurda, pois a previsão é que o mercado pet praticamente dobre até 2020”, diz Daniel Nepomuceno, CEO do Meu Amigo Pet, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Entre as categorias mais buscadas no virtual, as rações aparecem em primeiro lugar, mas há uma procura cada vez maior por novidades e itens importados. Além disso, há uma crescente participação da nova classe média nas compras feitas no e-commerce. “Olhando para o nosso mercado especificamente, eles têm uma participação considerável. Na nossa loja, a maior participação ainda é dos grupos A e B, mas temos uma participação de quase 50% da classe C. E com as pessoas cuidando melhor dos seus pets, eles aumentam sua expectativa de vida, o que é muito bom para todos”, afirma Daniel Nepomuceno.
Como a participação de outros lojistas virtuais ainda é muito pulverizada, o Meu Amigo Pet também aposta na estratégia de market places. Atualmente, a empresa é responsável por operar lojas de redes como Extra, Saraiva e MercadoLivre. A maior presença ajuda a fortalecer a cultura de compra de itens de petshop online. “Quando o consumidor visita estas grandes marcas e vê os produtos online, passa a vislumbrar estas compras pela internet”, acrescenta o CEO do Meu Amigo Pet.
Por: Mundo do Marketing