O ecossistema de pagamentos na América Latina, especialmente no Brasil, é um dos mais dinâmicos e inovadores do globo. A bancarização brasileira é alta em comparação com seus pares na região, com 84% da população bancarizada, frente a 73,5%, em média, dos demais países, segundo o estudo Beyond Borders, 2022-2023, da EBANX.
O crescimento tem sido impulsionado pela digitalização da população e pelas fintechs que facilitam a inclusão nesse sistema com menos restrições. Apesar disso, a indústria de pagamentos tem muito para crescer e se desenvolver considerando que aproximadamente 40% das transações do e-commerce são feitas com meios de pagamento alternativos.
BNPL e Pix
Em plena expansão, o Buy Now, Pay Later (Compre Agora, Pague Depois) viu sua aceitação subir mais de dez pontos percentuais, passando de 15,3% para 25,4% entre julho e dezembro de 2022. E em 2023 as expectativas são ainda maiores, especialmente considerando que 40% dos adultos no Brasil possuem um cartão de crédito. E como o limite médio é de R$ 1.500, soluções como o BNPL proporcionam maior inclusão e acesso de pessoas ao consumo de bens e serviços.
Este ano promete ser também o da consolidação definitiva do Pix. Além da sua usabilidade e praticidade, seu crescimento se deu devido aos incentivos feitos por algumas lojas que ofereciam algum benefício para quem pagasse com a modalidade. Segundo o Estudo de Pagamentos Gmattos, em julho de 2022, 78% das lojas ofereciam a opção de pagamento por Pix, e estima-se que a aceitação chegue a mais de 90% este ano.
Carteiras digitais e criptomoedas
Já os pagamentos com carteiras digitais através de aplicativos que permitem aos usuários fazerem pagamentos com seus celulares também estão ganhando espaço. Segundo o mesmo estudo da EBANX, o número de consumidores que pagarão com carteiras digitais em todo o mundo deverá ultrapassar quatro bilhões em 2023.
As criptomoedas, uma das alternativas de pagamento mais discutidas no momento, especialmente na América Latina, que é uma das regiões com maior concentração de investidores em ativos criptográficos, também são candidatas a destaque nesse universo. Até agora, 11% da população com criptomoedas na região já realizou compras com esses ativos, representando apenas 0,03% da indústria de e-commerce na América Latina em 2022.
Real Digital e outras tendências
Com a regulamentação cada vez mais sólida e com o lançamento do Real Digital previsto para o final de 2024, o CBDC brasileiro deve desempenhar um papel fundamental na digitalização do dinheiro. Quando o real que conhecemos pode ser representado por um token e transacionado através de uma blockchain, novas possibilidades para uma economia baseada em tokens se abrem.
Outras tendências às quais devemos ficar atentos são o Click-to-play, o SoftPOS e o Open Banking (agora Open Finance). Na Click-to-play, realiza-se a compra com um clique, usando a tokenização como um dos elementos funcionais. Além da simplificação no checkout, outra vantagem é a renovação automática do número do cartão, uma vez que o serviço está totalmente integrado ao ecossistema de pagamentos. Já o SoftPOS permite que smartphones e tablets aceitem pagamentos via NFC e funcionem como terminais de pagamento sem nenhum hardware adicional.
Por fim, a implantação do Open Finance no Brasil, que começou a partir de fevereiro de 2021, tem como objetivo atender às demandas da população por mais inovação e controle de dados. Para 2023, espera-se que o sistema financeiro aberto se torne ainda mais acessível, especialmente para a população de baixa renda. Isso é crucial para a indústria de pagamentos, pois o Open Finance possibilita às empresas atuarem como iniciadoras de pagamentos, aumentando a quantidade de informações sobre os clientes e, consequentemente, simplificando a análise de fraude e crédito, proporcionando melhores opções de pagamento e personalizando as experiências de acordo com suas preferências.