As empresas que tem apresentado melhores resultados na prevenção de fraudes via roubo de identidades não são as maiores empresas, nem as que possuem a maior quantidade de clientes ou informações de clientes e nem tampouco as que tem maior investimento em equipes e sistemas de prevenção. São aquelas que estão conectadas à uma rede colaborativa de prevenção de fraudes e utilizam seus serviços com sabedoria. Uma surpresa? Não. Entenda em 5 motivos.
1. Uma empresa pode até ser a líder de mercado, mas ela não conhece toda a informação
Desde antes da evolução da tecnologia de informação, para se combater a fraude e o crime é necessário conhecer a população e suas transações. Para evitar a imigração ilegal, por exemplo, há muito tempo se utilizam cadastros e documentos nacionais de viajantes, os passaportes.
Eles registram a identificação, assim como as viagens de cada passageiro. Tudo isso centralizado por uma rede de informações, no caso, a polícia federal. Um agente estatal com função da proteção das fronteiras. Não é diferente na concessão de crédito, onde existem os cadastros de restrição creditícia, nem na arrecadação de impostos, onde existe a receita federal.
Uma empresa pode ter controle das informações de seus clientes, mas não pode controlar sozinha as informações e movimentações da população. Isso é função de uma entidade específica para este fim, que sempre terá potencialmente mais informação e mais conhecimento para lidar com a prevenção das fraudes do que qualquer empresa separadamente, justamente por utilizar a informação da mesma em conjunto com a informação das demais.
2. O fraudador é profissional e a fraude, contextual
Quando um alguém pede um empréstimo em uma financeira, solicita um plano pós-pago na em uma telecom, faz um pagamento não presencial utilizando cartão de crédito num e-commerce, dentre outros exemplos, há uma tendência em se imaginar que foi uma pessoa que utilizou os dados de outra.
Como os casos de fraude ocorrem “um-a-um” e os dados utilizados são sempre diferentes, há uma tendência a se pensar na fraude como se tivesse sido, também, pontual. Há casos isolados, de fato. Entretanto, o fraudador de verdade, aquele que vai causar prejuízo de verdade e tirar o sono dos gestores, não é uma pessoa isolada agindo de má fé.
É um profissional cuja profissão é fraudar, na maioria das vezes também ligado em uma rede de outras pessoas, formando uma quadrilha. Ele sabe dos contadores de freqüência (velocity checks) utilizados nas empresas e dos processos existentes e não irá ficar atacando seguidamente a empresa com os mesmos dados.
Ele alternará o golpe entre várias entidades. Uma vez isolada, uma empresa não terá capacidade de detectar estas tentativas de fraude. Uma rede de prevenção, por outro lado, observará a grande maioria delas e proverá um alerta. Estando sozinho, não se pode observar todo o contexto do uso da informação.
3. O dado que você quer proteger é o mesmo que o fraudador tem
Muitas empresas insistem em permanecer isoladas sob a premissa de proteger a informação dos seus clientes. O que ocorre é que, para a prevenção de fraudes, a informação que deve ser conectada na rede é puramente cadastral.
Todos já se depararam com os vídeos dos “videntes da internet” ou consultaram seus próprios nomes ou endereços no google. É impressionante a quantidade de informações cadastrais que as pessoas voluntariamente ou involuntariamente colocam na internet.
Afinal, quantos spams ou e-mails de fishing você recebe por dia? Como obtiveram seu e-mail? Existem centenas de empresas que vendem dados cadastrais e listas de prospeção. Chega a ser utópico pensar que as informações cadastrais de uma pessoa são confidenciais no contexto atual.
As informações bancárias e de cartão de crédito, estas sim, são confidenciais. Mas não são necessárias para o trato do roubo de identidade.
4. O custo de tomada de decisão é menor e a precisão, maior
Por conhecer uma fração menor da população e de seus hábitos, as empresas que permanecem isoladas acabam tendo um custo de tomada de decisão para aprovação de cadastro do cliente muito maior: Necessidade de contato pessoal, coleta e armazenamento de assinaturas (em sua grande maioria, inúteis), custo de armazenamento de papelada e treinamento em processos de segurança.
Por mais que a empresa invista em inteligência artificial e data mining, desconhecer a informação de mercado é sempre uma resistência à precisão destas técnicas. Uma rede de prevenção poderá sempre ter maior poder potencial de aprovação automática de cadastros e transações do que uma empresa isolada da rede, com menor índice de fraudes.
5. A prevenção de fraude não é diferencial competitivo
A fraude é um crime. A corrupção é um crime. Roubos são crimes. Assim como o diferencial competitivo da sua empresa não é estar localizada em uma região mais segura da cidade e sofrer consequentemente menos com assaltos, também não vai ser diferencial ter menos fraudes.
É um pensamento pequeno. É como se um país, intencionalmente, tentasse ganhar mercado de outro fazendo com que seu concorrente tivesse mais corrupção. Pode até funcionar, mas não é por aí que o pensamento ético deve permear. Há inúmeras formas de diferenciar-se. Combater a fraude é combater o crime. Isso é um bem comum.