Em um mundo cada vez mais globalizado, é natural que estabelecimentos comerciais não se restrinjam às oportunidades locais para a venda de seus produtos e queiram, cada vez mais, explorar o mundo. Na loja física, essa restrição é geográfica, o que dificulta alcançar um público maior. Porém, no comércio virtual, existem diferentes possibilidades. Para romper as “demarcações geográficas” nasceu o X-Border (Cross Border).
O termo Cross Border é utilizado para especificar uma negociação que “cruza fronteiras”, permitindo aos comerciantes expandir suas vendas para outras nações, uma forma de exportação. O modelo está consolidado em países como Estados Unidos, China e Índia, e tem se popularizado também entre os e-commerces brasileiros. A venda digital e envio do produto para outros países permite ampliar os negócios e o conhecimento da marca.
As principais categorias de produtos comercializados e com melhor faturamento no Cross Border são itens como roupas, sapatos, acessórios e joias, beleza pessoal, saúde e hardwares. Bens não-físicos, como músicas, softwares e outros produtos de mídia também apresentam bom potencial de venda e possuem uma logística mais simples.
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Antes de ampliar a atuação dos negócios e partir para o mercado internacional, é importante se atentar aos processos e ter um bom planejamento.
Como operar com Cross Border
O primeiro ponto é realizar uma análise de desempenho de setores estratégicos para entender se há espaço para os produtos oferecidos no destino, como essa demanda é atendida pelo comércio local e a competitividade da loja com esses players. É preciso também definir os canais de venda, meios de pagamento, atendimento e marketing customizados para o público de destino e, enfim, preparar a logística para enviar encomendas para outros países.
Atualmente, existem diversas opções de meios de pagamento internacionais disponíveis no mercado. A mais simples é realizá-lo por meio de um facilitador. Já para negócios mais estruturados, contratar adquirente e serviço antifraude no local é uma boa opção.
Entender os meios mais utilizados pelos consumidores no país de destino é fundamental para otimizar custos e promover uma boa experiência de compra. Além disso, oferecer diferentes opções de pagamento e disponibilizar métodos conhecidos internacionalmente podem aumentar o número de finalizações da venda.
Quando falamos de atendimento, trabalhar X-border traz desafios e a necessidade de pensar diferente, pois será necessário lidar eventualmente com outro idioma e culturas, especialmente se sua empresa for B2C (Business to Consumer). Nesse caso, o ideal é possuir atendimento em inglês, considerado um idioma global, e uma noção cultural dos países em que vai atuar.
Essa questão será fundamental para garantir uma boa experiência do cliente e deve ser levada em conta durante toda a jornada de compra. Possuir dentro da mesma plataforma páginas e layouts segmentados para o planejamento local é uma das opções.
A estratégia de marketing também deve ser pensada, levando em conta as barreiras culturais e linguísticas, e o ideal é que sejam desenvolvidas para cada país ou região que compartilhe idioma e alguns costumes. Outra opção é utilizar os canais de marketplace locais, já preparados para aquele perfil de consumidor.
Atenção na logística
A logística é a área mais impactada quando o comerciante decide iniciar sua operação nesse modelo e deve ser prioridade. É fundamental conhecer as regras de exportação e importação dos países envolvidos na operação, calcular valores como taxa de entrega e impostos e questões de logística reversa e políticas de devolução e troca.
Para atuar com vendas para o exterior, o primeiro passo é ter um registro de exportador na Receita Federal ou em uma Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Para enviar produtos para outros países, também é preciso que a empresa faça parte do Siscomex, Sistema Integrado de Comércio Exterior. Empresas que atuam com vendas para outros países também contam com o benefício da desoneração de impostos, como ICMS, IPI e PIS/PASEP Cofins sobre o faturamento das exportações.
Outro ponto que merece atenção especial é a distribuição. As duas principais opções logísticas para realizar vendas Cross Border são multicentros de distribuição, com centros nos países de destino, indicada quando há grande volume de venda, pois envolve alto investimento e risco operacional; e despacho centralizado, com o envio realizado a partir do centro de distribuição mais próximo do destino, ideal em vendas para países vizinhos e quando há fornecedores que garantam a entrega.
O e-commerce Cross Border é uma boa estratégia para quem quer internacionalizar suas operações e, para obter bons resultados, é fundamental ter um bom planejamento e processos bem estruturados antes de iniciar a operação para garantir que investir nesse modelo traga vantagens para o negócio.