A relação comercial entre o Brasil e a China é uma das mais significativas e complexas do cenário internacional contemporâneo. Neste artigo, exploraremos os produtos que o Brasil exporta para a China, as nuances dessa relação comercial, bem como a recente aproximação entre as duas potências, marcada pela criação do Banco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e os desafios que persistem em relação à unilateralidade nas negociações comerciais e no relacionamento diplomático.
O Brasil é um dos principais fornecedores de commodities para a China, destacando-se produtos como soja, minério de ferro, petróleo, carne bovina, carne de frango, café e açúcar. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, em 2020, a China importou aproximadamente 73% da soja brasileira e por volta de 34% da carne bovina exportada pelo país.
Desafios da relação comercial entre Brasil e China
No entanto, essa relação comercial não está isenta de desafios. A dependência excessiva de commodities torna a economia brasileira vulnerável às flutuações nos preços desses produtos no mercado global. Além disso, a unilateralidade nas negociações comerciais é uma questão crítica, com a China muitas vezes ditando os termos devido à sua posição como principal comprador. Segundo o Ministério da Economia do Brasil, em 2019, o país tinha um déficit comercial de aproximadamente US$ 29,4 bilhões com a China, o que ilustra essa assimetria nas negociações.
Criação do Banco dos BRICS
A criação do Banco dos BRICS é um marco importante nessa relação. O banco multilateral, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi criado para financiar projetos de infraestrutura e desafiar a hegemonia das instituições financeiras tradicionais. De acordo com informações do site oficial do Banco dos BRICS, a instituição foi estabelecida em 2014 com um capital autorizado de US$ 100 bilhões, demonstrando o poder financeiro coletivo dos membros do grupo.
A cooperação financeira entre os BRICS inclui o fortalecimento das reservas internacionais, a promoção do uso de moedas nacionais nas transações comerciais e a busca por soluções financeiras alternativas ao sistema financeiro global tradicional. Isso permite que os países do BRICS diversifiquem suas opções financeiras e reduzam a dependência de instituições ocidentais.
No entanto, desafios diplomáticos persistem, principalmente relacionados a questões de direitos humanos e meio ambiente. O desmatamento na Amazônia e a política ambiental brasileira têm gerado preocupações, inclusive por parte da China, que busca garantir o suprimento sustentável de commodities agrícolas.
A relação comercial entre o Brasil e a China é uma realidade complexa, marcada por interdependência, desafios e oportunidades. Ambos os países precisam trabalhar em conjunto para equilibrar as negociações comerciais, respeitar as preocupações ambientais e superar desafios diplomáticos. A cooperação no contexto dos BRICS oferece uma plataforma promissora para o desenvolvimento conjunto e a resolução de questões globais. A interconexão econômica entre essas duas potências é um elemento crucial no cenário global, e o futuro dessa parceria depende de uma abordagem colaborativa e comprometida com o diálogo. É necessário transcender as diferenças e construir uma relação mutuamente benéfica que promova o desenvolvimento sustentável e a estabilidade econômica global.
Fontes: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Ministério da Economia do Brasil, Banco dos BRICS.