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Como ficam pequenos e médios varejistas em meio à crise de alguns dos maiores marketplaces do Brasil?

Por: Helson Santos

CEO da startup Logstore. Como especialista em Transformação Digital pelo EICOM Institute da Universidade de Cambridge, realiza palestras e escreve artigos sobre a participação do varejo tradicional na economia digital por meio da transformação da cultura e do marketing phygital. Trabalha em parceria com empresas como Leroy Merlin, Drogarias São Paulo, Drogaria Pacheco, Vivara e Adeo, atuando na inovação de suas vendas digitais.

A integração de pequenas lojas físicas a plataformas de renome faz parte da estratégia de vendedores em todo o país – milhares de varejistas de pequeno e médio porte atuam no mundo digital por meio de marketplaces como Americanas, Amazon, Magalu, Marisa, Tok & Stok, entre outros. Mesmo com a reabertura do comércio, as parcerias, que ganharam força na pandemia, seguem batendo recordes de visitas mês a mês em todos os sites – para se ter ideia do tamanho da tendência, em novembro de 2022, o varejo eletrônico chegou à marca de 1,15 bilhão de acessos.

Vender por meio de marketplaces de marcas fortes é uma proposta atraente para a maioria dos lojistas, mas a prática tem seu preço.

Apesar das vantagens, essa estratégia não está imune a riscos, como revela o caso das gigantes Marisa e Tok & Stok, que, mesmo em meio à tendência positiva, recentemente sinalizaram uma possível crise, e das Lojas Americanas, que se encontra em recuperação judicial.

A dependência exclusiva de grandes marketplaces para todas as vendas, ou seja, quando empreendedores vendem seus produtos apenas em sites de outras marcas, faz com que qualquer impacto nelas prejudique os negócios que operam ali, pois lojas parceiras correm o risco de perder credibilidade, visitantes e até de terem seus repasses atrasados.

Diversificação de canais de venda

Nesse contexto, é fundamental que empreendedores diversifiquem seus canais de venda, e possuir um e-commerce próprio é a opção mais assertiva. Por meio dele, um varejista de pequeno ou médio porte tem a chance de construir um relacionamento direto com o cliente, ao passo que, quando opera somente em marketplaces, o único relacionamento fortalecido é o que existe entre a marca do canal de venda e seus consumidores.

A ideia de possuir uma loja que vende apenas por meio de marketplaces é semelhante a construir um negócio no quintal do vizinho. Ocupar um espaço com maior visibilidade tem suas vantagens, mas a verdade é que um varejista que utiliza unicamente essa estratégia está somente tirando pedidos em vez de criar um relacionamento com seu cliente. Existem lojas nesse modelo que sequer constroem uma marca – utilizam apenas seu nome jurídico, enquanto há muitas maneiras de começar um e-commerce proprietário de forma acessível.

Para além da possibilidade de se relacionar melhor com o cliente, a importância de se construir um e-commerce próprio está, também, no aumento de sua margem de vendas. Quanto maior o controle da operação de venda e logística, menores serão os custos envolvidos. Ao vender diretamente de seu e-commerce, uma empresa pode gerenciar os lucros integralmente, em vez de esperar pelo repasse de uma porcentagem que corre o risco de ser prejudicada ou atrasada dependendo da situação em que a marca se encontra.

Por fim, a diversificação de canais de vendas online ideal segue uma proporção de 70% para e-commerce próprio e de 30% para marketplaces. Grandes marcas também vendem em marketplaces, mas a maior proporção das vendas geralmente tende para seus próprios e-commerces.