Mais de 106 milhões de pessoas físicas no Brasil já fizeram um Pix, segundo o Banco Central (BC). Esse número tem sido maior a cada mês, mostrando como a modalidade de transferência serviu ao gosto dos brasileiros.
Embora a maior quantidade de transações ainda seja entre pessoas, percebe-se um rápido crescimento dos pagamentos de pessoas para empresas, como nas compras realizadas no comércio. Se em novembro de 2020 elas representavam apenas 5% das transações em Pix, em julho de 2022, esse número saltou para 21%.
Considerando a popularidade da solução, é natural que a partir dela tenham surgido novas funcionalidades, como o Pix parcelado. Essa nova função já está disponível no país, antes mesmo do lançamento oficial, e os brasileiros querem saber como ela funciona. Então, aproveite para tirar suas dúvidas a seguir.
Pagamentos em Pix crescem 3,873% em um ano
O crescimento do Pix – e das novas funcionalidades dele – está relacionado a um comportamento cada vez mais digital dos brasileiros com os meios de pagamento.
Nesse sentido, a Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária mostra que sete em cada dez transações bancárias feitas no Brasil são digitais. Só no mobile banking, como nos aplicativos de bancos, foram realizadas 67,1 bilhões de transações em 2021, um aumento de 28% em relação ao ano anterior.
Mais impressionante ainda é o crescimento dos pagamentos em Pix dentro do mobile banking, que chegaram ao total de 4,5 bilhões de transações em 2021. Isso representa uma alta de 3,873% frente a 2020.
Como revelam dados da Fundação Dom Cabral, com apoio da Brink’s Brasil, a rapidez é o principal motivo da preferência por esse meio de pagamento. Mais de um terço dos consumidores que preferem o Pix (35,1%) apontou essa razão.
Também contribui para o desempenho surpreendente a maior aceitação do Pix pelas empresas. De acordo com uma pesquisa de Sebrae e Fundação Getúlio Vargas (FGV), 86% dos pequenos negócios no Brasil já a aceitavam como forma de pagamento no final do ano passado.
Novas funções do Pix: saque, troco e parcelado
A partir do Pix, então surgiram novas funcionalidades por iniciativa do Banco Central para trazer ainda mais praticidade às transações financeiras. Você sabe como funciona cada uma delas?
Pix saque
Foi lançado em 29 de novembro de 2021 e permite que clientes façam transferências para estabelecimentos cadastrados nessa função e, a partir disso, possam sacar o valor transferido. É como se o estabelecimento fizesse a função de caixa eletrônico.
Entre dezembro de 2021 e julho de 2022, o Pix saque já movimentou mais de R$ 156 milhões em mais de 1,1 milhão de transações.
Pix troco
Assim como o Pix saque, o Pix troco teve seu lançamento em novembro de 2021 e depende do cadastramento das empresas interessadas em oferecer tal funcionalidade. Ele também permite sacar dinheiro, mas mediante um pagamento.
Ele funciona assim:
- O consumidor escolhe determinado produto ou serviço. Por exemplo, de R$ 150.
- Então, ele paga um valor a mais. Digamos, R$ 200.
- Por fim, o estabelecimento entrega a diferença em espécie. No caso, R$ 50.
Daí o nome Pix troco. Agora, diferentemente do saque, a adesão a essa função tem sido bastante tímida. Entre dezembro de 2021 e julho de 2022, ela movimentou cerca de R$ 1,8 milhão em pouco mais de 15.200 transações.
Pix parcelado
O Pix parcelado ainda não tem data oficial de lançamento pelo Banco Central. Contudo, algumas instituições financeiras e fintechs já se anteciparam e oferecem a opção de parcelar compras no Pix, assim como é feito no cartão de crédito ou no carnê.
O que é Pix parcelado?
O Pix parcelado é uma modalidade de crédito direto para o consumidor. Por meio dele, uma instituição financeira ou fintech fornece determinado valor à pessoa, de acordo com a análise de crédito individual, para que ela possa comprar a prestações.
A cobrança por enquanto fica a critério de cada empresa. Isso quer dizer que pode ou não haver juros embutidos nos pagamentos mensais, dependendo também do número de parcelas. O certo é que a cobrança é feita diretamente na conta bancária, de forma agendada, e que não é possível cancelar o agendamento.
Ou seja, o consumidor precisa ter saldo em conta no dia do vencimento das parcelas para que os pagamentos sejam efetuados.
Por causa dessa cobrança automática, o Pix parcelado é diferente do parcelamento no boleto ou no cartão de crédito, quando o usuário não tem o débito automático ativado.
Caso o cliente tenha feito a compra no Pix parcelado e não possua dinheiro em conta, ele entra em uma espécie de cheque especial. Mas a empresa responsável pela cobrança garante o pagamento da parcela ao lojista, por isso a função também recebe o nome de Pix garantido.
Como funciona o Pix parcelado no BNPL?
Entretanto, vale explicar que existe outra forma de parcelar no Pix além da proposta do Banco Central. Esse é o caso do Buy Now, Pay Later (BNPL). Literalmente: compre agora, pague depois.
O BNPL é o crediário da era digital que possibilita ao consumidor parcelar suas compras, pagando no boleto ou no Pix. Por exemplo, uma fintech brasileira permite parcelar em até cinco vezes sem juros ou em até 24 vezes com juros a partir de 1,99% ao mês. Portanto, muito abaixo dos valores cobrados pela média dos cartões de crédito.
Assim como o Pix parcelado proposto pelo BC, o parcelamento no BNPL garante o recebimento do valor ao lojista, independentemente do pagamento pelo consumidor final. Melhor ainda, o varejo recebe o valor integral da venda poucos dias após a finalização do pedido.
Já para o consumidor, a grande vantagem dessa opção é que a cobrança não é automática em conta. Mas é importante pagar as parcelas sempre em dia para evitar juros maiores ou multas e manter uma boa análise de crédito.
É por isso que já se vê no Pix parcelado a possibilidade de substituir o cartão de crédito. Nos Estados Unidos, por exemplo, a The Ascent revela que 67% dos usuários de BNPL poderiam abandonar o cartão.
Aqui no Brasil, o crediário digital também está crescendo, então é preciso adiantar-se e oferecer o Pix parcelado desde já.
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