Resumir um evento com 175 palestras, mais de mil expositores e 40 mil participantes não é simples, mas a NRF Big Show reafirmou seu status como o principal evento de varejo do mundo, destacando as tendências do setor. Cada um dos 40 mil participantes, incluindo eu, saiu com perspectivas únicas e insights valiosos que guiarão decisões e projetos em 2025. Embora não possa oferecer uma visão definitiva do evento, compartilho minha experiência resumida em quatro insights que acredito moldarão o futuro do varejo e fomentarão novas discussões.
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Insight #1: A IA chegou para ficar
A inteligência artificial é considerada a quarta revolução das plataformas, depois da computação, da internet e do mobile/cloud/social. Os custos de processamento, distribuição e acesso aos dados caíram brutalmente nas últimas décadas, viabilizando o momento em que estamos hoje.
Pelo que vi no evento, com base em múltiplas fontes, nove em cada dez empresas estão usando IA nas suas operações. No varejo, a adoção tem sido impulsionada pela necessidade de aumentar receitas e reduzir custos operacionais. Dados apresentados durante a NRF apontam que mais de 13% das empresas que adotaram IA percebem incrementos de faturamento acima de 20%, enquanto 37% registram redução de mais de 10% nos custos operacionais. E estamos apenas no início dessa transformação.
A IA generativa está revolucionando áreas como marketing, geração de conteúdo, análises preditivas, personalização de publicidade, segmentação de clientes e atendimento, criando experiências hiper-relevantes e contextuais. Para aproveitar essas oportunidades, as empresas devem desbloquear insights acionáveis, revisar sua arquitetura de dados, construir infraestrutura adequada e formar equipes capacitadas, sempre alinhando os projetos à estratégia do negócio. Isso é essencial para liderar o futuro do varejo.
Insight #2: Transformação digital com foco em omnichannel
Transformação digital não é adotar tecnologia, é inovar de forma alinhada aos objetivos de negócios, a partir de uma transformação cultural das empresas. É um processo de longo prazo, que exige planejamento e estratégia.
Neste momento, o foco da transformação digital está na integração completa dos pontos de contato com o cliente, visando oferecer uma experiência de compra personalizada que unifique digital e físico, conceito primário da omnicanalidade. E esse será o ponto de partida para um futuro que envolve mais experiências para o cliente nas lojas físicas, novos modelos de negócios e o aumento do uso das redes sociais para engajar os consumidores.
E tudo isso tem que acontecer, pois é o que os consumidores desejam. O varejo precisa ser customer centric para continuar relevante, e para isso é necessário acompanhar os movimentos dos clientes. Portanto, omnichannel é um caminho obrigatório.
Insight #3: As novas gerações redefinem as estruturas do varejo
Embora perfis geracionais devam ser tratados com cuidado, é inegável que as gerações Z e alpha estão reconfigurando as dinâmicas do varejo mundial. Estamos falando principalmente do público entre 16 e 24 anos, a geração Z, que, em breve, será o maior grupo populacional do planeta. São nativos digitais que sempre tiveram acesso a smartphones e vivem um mundo de contatos por redes sociais e são influenciados por movimentos culturais que podem ter sido iniciados do outro lado do mundo.
Um exemplo dessa transformação é o TikTok, que pode ser visto como um canal de inspiração, promovendo movimentos e tendências de forma orgânica, além de integrar o live streaming como uma combinação de entretenimento e consumo. Para estar nos “trend topics”, o varejo precisa ser mais ágil, atento aos sinais dos clientes e flexível para mudar sua abordagem rapidamente de acordo com o que o consumidor deseja.
Insight #4: Convergência via ecossistema de pagamentos
Os meios de pagamento se tornam, no varejo digitalizado e omnichannel, os grandes conectores essenciais para a convergência dos negócios. Mais que isso, se tornaram quase que invisíveis, integrando-se perfeitamente à jornada de compra e gerando ainda mais conveniência e entrega de valor.
A evolução dos ecossistemas de pagamento a partir da integração de tecnologias e serviços elimina fronteiras e silos, fomentando a colaboração tanto dentro das empresas quanto com outros players. Essa é uma realidade ainda mais relevante para mercados como o brasileiro, em que os serviços financeiros digitais já fazem parte da cultura.
Enxergo um futuro, não muito distante, em que o ecossistema de meios de pagamento conecta todos os aspectos de nossas vidas – do relacionamento com o governo ao entretenimento, passando pelas transações do dia a dia e momentos especiais. Uma evolução que saiu dos aspectos transacionais para entregar serviços de valor agregado com transparência de canais.
Nesse ambiente de convergência, os pagamentos passam a ser realizados diretamente nas plataformas dos vendedores, moldando um novo modelo de ecossistema baseado em carteiras digitais e superapps. Mais fluidez para aumentar a geração de valor e promover não apenas crescimento para os meios de pagamento, mas disrupção.
O futuro trazido pela NRF Big Show 2025 é desafiador, mas também repleto de oportunidades. Para transformar esse futuro em realidade, é preciso acelerar, investir em estratégias sólidas e, acima de tudo, colocar o cliente no centro de cada decisão.
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