O setor varejista brasileiro está experimentando uma transição sutil, mas que pode ter um impacto profundo e significativo no segmento: o avanço do Buy Now, Pay Later (BNPL), uma forma de pagamento que está transformando a maneira como os consumidores realizam suas compras.
Vivemos em um país onde parcelar faz parte da cultura de consumo e, por isso, o BNPL encontra terreno fértil para se consolidar como um meio de pagamento que combina flexibilidade, acessibilidade e segurança tanto para consumidores quanto para lojistas.
Historicamente, o crediário desempenhou um papel crucial no comércio brasileiro, servindo como um diferencial estratégico para lojistas ao oferecer aos consumidores uma alternativa às restrições impostas pelos bancos e cartões de crédito. Em um país onde apenas 50% da população é bancarizada e o limite médio de crédito é de R$ 1.400, essa modalidade de pagamento se destacou como uma solução acessível.
O papel histórico do crediário no Brasil
Além disso, em uma economia de renda média como a brasileira, a dificuldade de acesso a limites elevados para compras de maior valor torna o parcelamento uma alternativa viável para muitos consumidores.
Uma recente pesquisa realizada pela Koin identificou que 43,2% dos consumidores brasileiros sempre, ou frequentemente, parcelam suas compras. Desse total, 30% optam por parcelar devido à necessidade, enquanto 22% são atraídos pelas ofertas sem juros. Esses dados demonstram o papel central que o parcelamento ocupa no comportamento de consumo local.
É nesse cenário que novas tecnologias de pagamento estão ganhando espaço e consolidando o pioneirismo brasileiro na economia digital. Um exemplo claro é o Pix, lançado em 2020 pelo Banco Central (Bacen) e que em poucos anos já se tornou um dos sistemas de pagamento mais populares do país.
A ascensão do Pix e seus impactos no varejo
O Pix rapidamente conquistou a preferência dos brasileiros ao oferecer transferências instantâneas entre diferentes instituições de forma prática e segura. Essa adesão foi ainda mais significativa entre os comerciantes, devido ao baixo custo da ferramenta, o que tem incentivado um número crescente de lojistas a adotá-la como meio de pagamento.
Para ilustrar esse sucesso, em agosto de 2024, o número de chaves Pix registradas chegou a quase 790 milhões, atendendo a mais de 168 milhões de usuários cadastrados, de acordo com o Bacen. Esse crescimento vertiginoso também se reflete no volume de transações: em julho de 2024, o Pix atingiu 5,4 milhões de transações mensais, superando os 3,5 milhões registrados no mesmo período do ano anterior, também segundo dados do Bacen.
Além da facilidade de uso e segurança, o Pix tem sido fundamental para a criação de novas modalidades de pagamento, como o Pix Parcelado, que deve conquistar os brasileiros e marcar mais um salto na evolução dos meios de pagamento no país.
O Pix Parcelado permite que o consumidor aproveite as vantagens de uma compra à vista, mas com a flexibilidade de parcelar o pagamento. Para o lojista, isso gera mais conversão de vendas e proporciona tanto previsibilidade quanto segurança, já que o valor integral é recebido de forma imediata.
De acordo com a pesquisa da Koin, 35,8% dos consumidores que utilizam o Pix Parcelado preferem a alternativa porque consideram que ajuda a gerenciar melhor o orçamento, enquanto 31,1% utilizam essa opção para minimizar impactos financeiros no curto prazo. A possibilidade de parcelar em até 24 vezes – com ou sem juros – faz do Pix Parcelado uma alternativa viável e de experiência fluida.
Outro dado que quebra um estigma comum é que o BNPL não é uma opção apenas para quem não tem cartão de crédito. Para se ter ideia, uma parte dos consumidores que utilizaram Pix Parcelado nos últimos 12 meses também têm cartão de crédito, o que indica que muitas pessoas estão usando o BNPL como uma solução complementar ao crédito disponível nos cartões para realizar compras parceladas. No entanto, 30% possuem limite inferior a R$ 1 mil, reforçando que o BNPL é uma ferramenta amplamente acessível, com apelo significativo entre as classes C e D, mas sem se restringir a elas.
Além disso, o Pix Parcelado não se restringe apenas a quem tem menor limite no cartão, alcançando também consumidores com limites mais elevados (acima de R$ 2 mil ou R$ 3 mil) e oferecendo modalidades sem juros que ampliam ainda mais sua atratividade e acessibilidade.
À medida que o BNPL e o Pix Parcelado continuam a crescer no Brasil, vemos um futuro promissor para a inovação nos meios de pagamento, oferecendo aos consumidores maior flexibilidade e aos lojistas, mais oportunidades de crescimento. Acreditamos que o próximo passo será a integração de mais tecnologias de pagamento, proporcionando uma experiência de compra ainda mais conveniente e transformadora.