No mês de maio completaram-se 20 anos de internet no Brasil. No início dos anos 90 apenas Universidades e entidades governamentais tinham autorização para conexão com a rede mundial de computadores; em 1995 a internet foi aberta via Embratel para toda a população brasileira e em pouco tempo surgiram concorrentes e ofereceram novas opções de acesso a rede.
O impacto foi extraordinário, hoje vivemos na internet sem nos questionar sobre o que é a internet, assim como um peixe vive na água, sem se perguntar o que de fato é a água. É muito comum ouvir de jovens a pergunta: “como vocês viviam sem internet?” em tom de espanto, pois essa geração nasceu e cresceu conectada, assim como não entendem os LPs, os vídeos cassete e as tv de tubo.
Com o avanço da tecnologia e a inclusão digital, o óbvio aconteceu: surgiram redes sociais, blogs, portais de notícia, sites de fofocas e lojas virtuais, isso mesmo lojas virtuais, hoje conhecidas como e-commerce, pois mudaram muito e existem os mais diversos formatos e não apenas “lojas”.
Dentro do universo do e-commerce é possível encontrar pequenos empreendedores usando seus perfis pessoais para desapegar de seus bens, de suas roupas e de tudo que esteja parado em casa ocupando espaço, mas são as grandes companhias que tem se destacado implantando verdadeiros centros de compra dentro de um site de vendas dividido em departamentos.
Assim como as lojas de departamentos que possuem vários andares, os sites possuem abas, páginas e subpáginas onde são encontrados desde brincos até coberturas nas principais capitais mundiais.
O que esperar de 2015
Mesmo com a crise, o e-commerce brasileiro trabalha forte com expectativa de 20% de crescimento, segundo dados do E-bit. No ano de 2014 o faturamento do setor foi de 35,8 bilhões, se levarmos em conta uma análise dos últimos 6 anos é possível afirmar que nenhum setor cresceu tanto como o e-commerce, que saltou de 4,8 bilhões em 2009 para 35,8 bilhões em 2014, o ritmo diminuiu comparado com 2012 e 2013, mas não parou.
Essa projeção de crescimento tem base principalmente na tendência do M-commerce, que representou aproximadamente 10% do faturamento em 2014, com cada vez mais pessoas tendo acesso a smartphones e tablets: ao todo foram mais de 51,5 milhões de consumidores únicos, sendo 10,2 milhões de novos adeptos ao longo do ano e mais de 103,4 milhões de pedidos realizados.
É que em períodos de enfraquecimento da economia, como foi em 2009, o setor avança porque as pessoas pesquisam preços antes de comprar e essa prática é mais fácil no comércio online.
O ano atípico do mercado influenciou nos números positivos, 2014 foi um ano em que tivemos Copa do Mundo, que ajudou a impulsionar vendas de televisores e artigos esportivos no primeiro semestre, além de diversas liquidações, o que trouxe ainda mais atrativos ao e-commerce. Além disso, o mercado vem evoluindo, ano após ano, para dar mais ferramentas e opções aos consumidores.
A Black Friday também contribuiu para o sucesso do setor em 2014. O resultado da ação, apesar de esperado, rendeu ao e-commerce R$ 1,16 bilhão, o que comprova que o modelo vem fazendo sucesso com os consumidores e lojistas, quebrando todos os recordes de faturamento em um único dia.
A cada ano percebemos um amadurecimento maior do setor de e-commerce no Brasil. Tanto as lojas estão melhorando a experiência de navegação e compra em seus sites, como os consumidores estão confiando mais e aproveitando esta praticidade com as diversas vantagens que a compra online oferece, como descontos, variedade de produtos e entrega em casa, explica o diretor executivo da E-bit, Pedro Guasti.
O que é mais comprado via e-commerce
Moda e Acessórios continua sendo a categoria que mais vende pela Internet, com 17% de participação no volume de pedidos. Em seguida, estão Cosméticos e Perfumaria/Cuidados Pessoais/Saúde somam 15%, Eletrodomésticos 12%, Telefonia e Celulares juntos 8% e Livros/Assinaturas e Revistas também 8%, para completar as cinco primeiras.
A concorrência internacional
Apesar de se manter estável em relação ao que foi avaliado no início de 2014, o NPS (índice que mede a satisfação e a fidelização dos clientes em compras online) para os sites internacionais ficou em 23% e menor ainda, 13% com relação aos sites chineses. Um dos motivos de insatisfação para tal é o atraso na entrega. O número é bem abaixo do avaliado para as lojas virtuais brasileiras, que tiveram NPS de 63% como ponto mais alto, terminando o ano com 57%.
Como estamos no ranking mundial?
Caímos 14 posições nos últimos anos, saindo do 7º para o 21º lugar numa lista dos 30 principais países com maior atratividade no comércio eletrônico, segundo a consultoria A.T. Kearney, responsável pelo Índice de e-commerce de Varejo Global 2015, contrariando as projeções de 2012, onde especialistas afirmavam que seríamos a 5ª maior potência no e-commerce mundial.
Atribuímos a queda do Brasil no ranking à evolução positiva das economias desenvolvidas, como os EUA e países europeus que até pouco tempo atrás estavam debilitados pela crise e agora começam a avançar.
Neste ano, os Estados Unidos retomaram a liderança do ranking do varejo online, posto que era ocupado pela China desde a crise de 2009. Os EUA se destacaram devido ao crescimento da economia do país e à maior confiança do consumidor. No ano passado, o comércio online americano cresceu 15%.
Países asiáticos, como Japão, Coreia do Sul também perderam posições no ranking global deste ano e o motivo para o recuo, além do avanço de outras economias desenvolvidas, é uma certa saturação desses mercados.
Problemas e oportunidades
Entre os problemas que o e-commerce brasileiro enfrenta, destaca-se a logística, pois todos esperam que o e-commerce seja prático, seguro e eficiente, sendo assim querem entregas rápidas, precisas e com ótimas soluções em logística reversa (as devoluções e trocas) que são muito usadas em promoções e queimas de estoque.
Porém não é tão simples para as empresas solucionar esses problemas, pois tudo pode começar no armazém onde normalmente em 24h devem ser abastecidos os estoques, embalados os produtos e cadastrados em sistemas que são automaticamente atualizados no país todo indicando disponibilidade de tais itens, imagine que uma única loja virtual pode ter mil itens, porém existem 4 acessórios para cada modelo, além de peças para reposição e consertos, trocas e bonificações.
Uma maneira de fazer com que esse processo seja sucessível é ter um bom alinhamento entre a transportadora e a loja, pois nem todos sabem que são elas as responsáveis pelas entregas dos produtos. Para o consumidor, não há diferença em comprar uma geladeira ou um telefone celular.
Por isso, é fundamental para os lojistas virtuais adotarem uma boa estratégia de logística em suas operações. Essa é uma maneira eficiente para atrair e fidelizar os clientes de suas lojas. Se uma pessoa efetua uma compra com prazo de entrega de até um dia útil, ela certamente vai exigir que esse prazo seja cumprido, da mesma forma que a integridade dos produtos não esteja comprometida.
O consumidor normalmente não está atento ao rodízio, horário de circulação para caminhões nas grandes cidades e até greve dos correios, esses são fatores que afetam e comprometem a logística via transporte terrestre que normalmente é a última etapa do processo.