Qualquer um que trabalhe com e-commerce sabe que, obviamente, o título deste artigo não pode ser levado ao pé da letra. Não se preocupar com a fraude pode, simplesmente, significar o fim do seu negócio. Relatórios de empresas que prestam serviço de gerenciamento de risco apontam que, em 2014, as tentativas de fraude aumentaram em todo o Brasil. A depender da fonte da informação utilizada, da categoria de produtos comercializados e da região de atuação, a taxa de fraude em nosso País pode variar de uma média de 1% a 18% do faturamento.
Nesse mercado existem uns que dizem que devemos nos preocupar com a identificação dos fraudadores. Outros já falam que o importante é identificar os clientes bons. Minha opinião é que isso nada mais é do que a mesma coisa dita de duas formas diferentes. Eu penso que o que realmente devemos medir, acompanhar e nos preocuparmos é com a “Pressão de Fraude”.
Ainda que várias lojas mensurem esse indicador de forma indireta, ele deve ser trabalhado com mais consistência e de forma mais explicita. De forma simples, a Pressão de Fraude pode ser definida como a soma da fraude com o cancelamento por suspeita de fraude. Esse indicador permite gerir a eficiência completa da operação de antifraude, seja ela própria ou terceira.
Na forma percentual (% fraude + % do cancelamento), conseguimos monitorar facilmente a gestão de risco e identificar, de forma mais rápida, a formação de um ataque ou a elevação do risco das transações. Isso porque um ataque pode não gerar um aumento imediato nas fraudes e, em contrapartida, pode elevar o nível de cancelamento de vendas.
Já na forma financeira, a Pressão de Fraude exibe o valor em Reais (R$) que a empresa perde e/ou deixa de ganhar devido à fraude. Para esse cálculo, o lojista deve considerar como o custo da fraude, além da óbvia perda financeira pelo não recebimento da venda, os impostos pagos (PIS/COFINS, ICMS, ISS etc.), o custo logístico (armazenagem e distribuição) e os custos da estrutura que ele mantém para processar um pedido (estrutura de gestão de fraude, estrutura de pagamento e processamento de pedidos, estrutura de atendimento, marketing etc.). No custo do cancelamento da venda, o lojista deve considerar a Margem de Contribuição (MC) que ele teria com cada um daqueles pedidos que foram cancelados. Ou seja, o valor da venda menos os custos variáveis do pedido (basicamente os impostos, o custo do produto, os custos logísticos e as tarifas de cartão, gateway e antifraude).
Pressão de Fraude = %Fraude + %Cancelamento por suspeita fraude
Ou
Pressão de Fraude =Fraude (R$) + MC da venda cancelada
Uma pergunta que logo vem à mente é: qual deve ser o nível desse indicador? Como acontece com o nível da fraude, não existe um número mágico para a Pressão de Fraude. Do ramo de atividade, passando pelos produtos comercializados e pelo nível de exposição aceito pelos gestores, a Pressão de Fraude ideal deve ser calculada caso a caso. Porém, o certo é que com esse indicador o lojista terá em suas mãos um número mais robusto para a gestão do seu dia a dia, ganhando, assim, mais eficiência no controle de riscos.