Em 2021, entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil e com ela uma série de regulamentações acerca da coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de informações pessoais. A exemplo da GDPR (General Data Protection Regulation), criada pela União Europeia, a lei brasileira reuniu esforços conjuntos de especialistas e autoridades com o intuito de combater a prática de golpes e fraudes online, bem como estabelecer penalidades para negligências e vazamentos de dados.
Em março do ano passado, a Polícia Federal deflagrou a Operação Deepwater e prendeu um suspeito de vazar dados de 220 milhões de brasileiros – incluindo falecidos – naquele que ficou conhecido como o maior crime do tipo do país. E logo no início deste ano, o Banco Central confirmou que 160.147 chaves Pix foram expostas e com elas informações como nome completo, CPF, instituição financeira, número e conta de clientes. Neste último, por sorte, foram preservadas informações sensíveis como senhas e extratos.
Segundo uma pesquisa elaborada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), foram constatados quase três milhões de ataques hackers no Brasil durante o primeiro semestre de 2022, número 10% maior em relação ao mesmo período de 2021. O temor pelas consequências legais e prejuízos de imagem e financeiros que atentados desse tipo geram aos negócios fez com que ações contra vazamentos de informações crescessem 42%, conforme levantado pelo Cetic. Afinal, quem não se lembra do acordo que um grande e-commerce de produtos esportivos precisou fazer com o Ministério Público e pagar uma multa de R$500 mil, após deixar vazar informações de aproximadamente dois milhões de clientes em 2018. Nenhuma empresa quer precisar ter que reconstruir a confiança na marca e lidar com uma crise de reputação.
A inteligência artificial e a proteção de dados
Em mais esse cenário desafiador, os e-commerces têm buscado soluções que garantam a segurança da operação. Para dar conta desse volume de dados, a inteligência artificial (IA) se tornou uma aliada poderosa nos sistemas de antifraude. O recurso está diretamente relacionado ao machine learning que, através de algoritmos, dá às máquinas a capacidade de aprenderem por meio de behavior analytics, ou comportamento do consumidor. Em suma, quanto mais esse comportamento é mapeado, menor fica o custo das análises e maior a agilidade no processamento.
Se, por um lado, há a expectativa por resultados com o uso da IA, por outro, é importante ressaltar que os algoritmos não trabalham sozinhos. A estratégia precisa ir além. Quanto maior o volume de informações, mais capacidade computacional sua empresa precisa ter e junto com ela pessoas com experiência em tratar dados. Além disso, claro, é preciso investir em um bom sistema antifraude, que proteja seu negócio de ponta a ponta. Uma coisa é fato: da mesma forma que você pensa em defender-se, os fraudadores também têm recursos e ferramentas para furar bloqueios.
Apesar da crescente preocupação com ameaças cibernéticas, principalmente após a pandemia, o estudo da Cetic mostra que apenas quatro em dez empresas agem contra o vazamento de dados, e esse número está longe de ser o ideal. Não vale a pena arriscar a reputação do seu negócio. Novas tecnologias vêm com desafios, mas a IA, por exemplo, deve ser encarada como investimento, que consequentemente vai melhorar o índice de vendas. Por fim, vale lembrar que com experiência e os recursos certos você protege o seu negócio, seu cliente e não compromete o faturamento da sua empresa.