De acordo com dados do IBGE levantados em 2019 como parte da Pesquisa Industrial Anual, o Brasil tem cerca de 306 mil indústrias em atividade. Uma parcela considerável delas, infelizmente, ainda não realiza vendas online. O que é uma pena, visto que o e-commerce brasileiro vem batendo recorde de vendas nos últimos anos.
A 44ª edição do Webshoppers, relatório elaborado pela Ebit|Nielsen, aponta que no 1º semestre de 2021 houve um crescimento de 31% nas vendas online em relação ao mesmo período do ano passado. Isso significa um faturamento de R$ 53,4 bilhões. De acordo com o levantamento, houve aumento de 22% no ticket médio e de 7% no número de pedidos.
Crescimento
Todo esse crescimento é resultado da entrada de novos consumidores no mercado digital e a estabilização desse número de novos clientes no primeiro semestre desse ano. É interessante notar que muitas pessoas que não tinham o hábito de comprar pela internet tiveram suas primeiras experiências com a pandemia e gostaram do serviço prestado pelas lojas e da comodidade de receber tudo sem sair de casa.
Vale destacar que o crescimento das vendas online se deu em diversos setores, como o esportivo, de alimentos, casa e decoração, produtos automotivos e até no setor de pet shop. Segmentos como moda e calçados também seguem em alta.
Sabemos que o comércio eletrônico é visto como um desafio para quase 30% das indústrias brasileiras e que apenas 5% das indústrias estão realmente preparadas para aproveitar ao máximo todas as oportunidades do ambiente digital, de acordo com um levantamento realizado pela PwC.
Estratégia
Diante de todo esse panorama, é realmente importante que as indústrias passem a enxergar no e-commerce um canal estratégico de vendas e relacionamento com o consumidor. Ingressar no universo B2B2C pode representar um importante salto no faturamento e significar o passo definitivo para o sucesso dessas companhias.
Esqueça aquela história de que abrindo um e-commerce, a indústria passa a ser concorrente direta dos seus principais parceiros, os revendedores. Esse é um cenário ultrapassado. Com as novas tecnologias disponíveis no mercado, já se tornou perfeitamente possível conciliar a abertura deste canal de vendas e o relacionamento direto com o consumidor sem perder as relações ou criar um conflito com as revendas.
Oportunidade
O segredo está em fazer do e-commerce da indústria um genuíno gerador de oportunidades para os revendedores e, com isso, estreitar ainda mais o relacionamento com esses parceiros.
Para ficar mais claro, exemplifico essa ideia. Uma indústria do segmento de moda, por exemplo, cria um e-commerce. O consumidor, por sua vez, acessa o e-commerce da indústria e compra uma blusa.
O sistema por trás da loja online deve, então, acionar as revendas mais próximas ao endereço de entrega indicado pelo consumidor, por geolocalização, a fim de verificar se alguma delas possui aquele determinado produto e pode atender aquele pedido. Caso uma delas tenha o item e concorde com o valor de venda, a mesma é repassada à revenda, que assume o processo logístico.
Caso essas revendas próximas não tenham o produto, outras são acionadas até que as possibilidades se esgotem. Caso nenhuma revenda atenda aquele pedido, a própria indústria ganha o direito de efetuar a venda e entrega a partir do seu Centro de Distribuição. Esse parece um processo bastante justo e é interessante para boa parte das indústrias, que só tem 30% dos seus produtos sendo vendidos pelos revendedores, não é mesmo?
E então, a sua indústria já sabe vender online?
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