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Inteligência artificial no varejo: não é só tecnologia, é estratégia de sobrevivência

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Por: Thiago Oliveira

CEO e fundador da Monest

É CEO e fundador da Monest - empresa de recuperação de ativos através da cobrança de débitos por uma agente virtual chamada Mia, conectada por inteligência artificial. Imerso no empreendedorismo desde o início da carreira, com apenas 19 anos ganhou a liderança da equipe de desenvolvimento da Ometz, o que lhe deu o entusiasmo de fundar o Hotel Já, uma startup que oferecia hotéis de alto padrão a um custo muito mais acessível para reservas de última hora. Depois, Thiago fundou a Davai, empresa de tecnologia e desenvolvimento, onde atuou em 15 projetos por seis meses, alguns bem expressivos - como Fórmula 1 e Expedia. Atuou como CTO de empresas líderes em inovação no ecossistema de Curitiba, como Hero99 e Beracode. Nesse período, administrou e promoveu o projeto Philips of Holland, que começou no Brasil e hoje ganha proporções mundiais. É graduado pela PUC/PR em Sistemas de Informação, com especialização em Machine Learning pela Udacity (2018) e tem mais de 15 anos de experiência no setor de tecnologia, com uma atuação consolidada no mercado de cobrança há mais de 10 anos. Eleito umas das 50 lideranças de Finanças e Risco pelo CMS Financial Innovation 2023.

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A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa tecnológica para se consolidar como um componente fundamental da estratégia no varejo. Os dados são claros: o mercado global de IA no varejo, avaliado em US$ 5,5 bilhões em 2022, deve saltar para US$ 55,5 bilhões até 2030, segundo o Fortune Business Insights.

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Imagem gerada por IA.

Mais do que números, esses indicadores revelam um movimento disruptivo que está mudando a forma como o varejo opera, compete e se relaciona com o consumidor. Estamos diante de uma transformação estratégica que, se não for compreendida e bem executada, pode comprometer a competitividade e a sustentabilidade dos negócios.

Tomemos o exemplo do Walmart, nos Estados Unidos: o uso de IA para prevenção de perdas e otimização da gestão de estoques não é apenas um exercício de redução de custos. Trata-se de assegurar a disponibilidade certa no momento certo, evitando rupturas que impactam diretamente a experiência do cliente e, consequentemente, as vendas. A inteligência preditiva permite identificar padrões de comportamento, antecipar demandas e agir proativamente, gerando ganhos expressivos em eficiência operacional e fidelização.

Outro caso é a Zara, que usa a IA como um acelerador da agilidade e personalização no varejo de moda. Ao analisar dados em tempo real sobre tendências e preferências, a empresa consegue ajustar seu mix de produtos rapidamente, minimizando estoques encalhados e respondendo com rapidez às mudanças do mercado. Num segmento marcado por ciclos curtos e alta competitividade, essa capacidade adaptativa é essencial para manter relevância e rentabilidade.

A cultura organizacional como motor da mudança

Contudo, esses casos emblemáticos evidenciam um desafio que vai muito além da simples adoção tecnológica: é preciso transformar a cultura organizacional e os processos internos para que a inteligência artificial seja verdadeiramente um motor de valor. No Brasil, o varejo ainda está em uma fase inicial desse processo. Muitas empresas investem em ferramentas de IA sem uma estratégia clara de integração, capacitação e governança de dados. O risco é que a tecnologia se transforme em um custo operacional, sem impacto real nos resultados.

Essa transformação exige uma mudança profunda na forma de pensar o negócio. Decisões baseadas em intuição ou dados atrasados não são mais sustentáveis. Em um mercado em que o comportamento do consumidor evolui rapidamente e a concorrência é globalizada, é imperativo antecipar tendências, adaptar ofertas e otimizar operações com agilidade. A IA permite esse salto, mas somente se combinada a uma gestão que valorize o uso estratégico dos dados e a colaboração entre tecnologia e pessoas.

Potencial humano

Outro ponto crítico é a humanização da experiência. A inteligência artificial não deve ser vista como substituta do fator humano, mas como sua potencializadora. Automatizar processos operacionais e coletar insights avançados libera as equipes para focar em inovação, atendimento personalizado e construção de relacionamentos duradouros com o cliente – aspectos que continuam sendo o verdadeiro diferencial competitivo no varejo.

Em suma, a inteligência artificial no varejo representa mais do que um avanço tecnológico: é uma mudança estrutural que redefine o modelo de negócio, a operação e a relação com o consumidor. Ignorar essa transformação é um risco que nenhuma empresa pode correr hoje. O futuro do varejo depende da capacidade de integrar inteligência, agilidade e empatia, e a IA está no centro dessa equação.

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