O Merchant Risk Council, principal evento relacionado à gestão de riscos e prevenção à fraude do mundo, mais uma vez, trouxe dados um tanto quanto relevantes para o mercado. Inicialmente, gostaria de comentar sobre uma pesquisa intitulada “Nova era do e-commerce no mundo”, que avaliou as percepções de consumidores de diferentes países sobre temas relacionados a pagamentos e fraudes nesse período pós-pandemia.
O estudo entrevistou cerca de mil consumidores de cada país considerado no levantamento, como Estados Unidos, Canadá, México, Inglaterra e Austrália, com resultados que, nitidamente, trouxeram grande reflexão ao público presente. Entre elas, perfis de consumidores, abandonos de compras e reprovações indevidas.
Inclusive, gostaria de destacar o que foi mencionado sobre reprovações indevidas. Aqui, o estudo nos mostra que o número de consumidores que não voltam a comprar na mesma loja após essa situação cresceu mais de 40%, enquanto que os que pretendem reclamar publicamente cresceram aproximadamente 32%. E não para por aí: deixando a questão ainda mais assustadora, também foi falado que o número de consumidores que disseram boicotar lojas após casos de fraude cresceu incríveis 83% de um ano para o outro.
Pix – case de sucesso
Além dessa pesquisa, o Pix foi apresentado como um grande case de sucesso e despertou o interesse de todo o público presente. Inclusive, o tema teve um executivo do Banco Central como seu representante para contar a história desse novo arranjo de pagamentos, que rapidamente caiu no gosto do brasileiro.
Foi um conteúdo muito impactante, principalmente quando os números do Pix, obtidos em tão pouco tempo, foram apresentados no palco. Muito foi falado sobre a abertura que o projeto teve para envolver o mercado financeiro, e de seu papel facilitador para que o Pix pudesse acontecer, além dos motivos que levaram a uma rápida adesão por parte do público, como gratuidade e boa experiência de usuário.
E, nesse ponto, houve destaque para a grande mobilização que existe de inúmeras empresas do mercado financeiro para a rápida implantação de novas funcionalidades do Pix, já que há uma grande quantidade de envolvidos e muita tecnologia para ser integrada. Como exemplo, foi citada a capacidade de parcelamento e recorrência de pagamentos via Pix, como assinatura de streamings e coisas do tipo, quase que substituindo cartões de crédito e até mesmo empréstimos.
Outro fato abordado que gerou bastante interesse é o plano do Pix para facilitar toda a cadeia de recebíveis quando se vende em marketplaces, com possibilidade de recebimento imediato por parte das empresas quando o consumidor paga por esse meio, o que hoje ainda não acontece. Pelo contrário, ainda há uma dor muito grande do mercado, no sentido de que é muito difícil organizar a remuneração de todos os players e realizar os pagamentos em um curto espaço de tempo.
O Pix internacional, já em andamento, também foi colocado como uma iniciativa muito cogitada pelo Banco Central para realizar integração e prover transações instantâneas e seguras entre diferentes países.
Por fim, outro tema abordado foi o uso de dados, que mais uma vez foram apontados como peça-chave na gestão de riscos e combate a fraudes no mundo. Além disso, há a questão de melhoria da experiência do usuário.
A prevenção a fraudes precisa olhar para isso, pois todos esperam mais vendas, não apenas redução de fraudes, e os consumidores já deram diversas demonstrações de que compram mais onde acham seguro e onde sabem que não serão indevidamente bloqueados. Importante ressaltar que barrar bons clientes pode ser mais caro do que tomar uma fraude.