Mais do que um reflexo da evolução tecnológica, o e-commerce está se tornando um espaço em que a experiência de compra transcende fronteiras, dispositivos e interações tradicionais.
Em 2027, a expectativa é que compra e venda sejam fluidas, com mecanismos de pagamento tão integrados ao cotidiano que se tornarão quase imperceptíveis. Os consumidores não buscarão apenas conveniência, mas uma sintonia orgânica entre suas necessidades e a capacidade do mercado de antecipá-las.
Os pagamentos deixam de ser uma etapa isolada para se transformar no eixo central que conecta uma economia global fluida, instantânea e irreversível.
Para os empreendedores digitais, a questão essencial é se suas organizações estão moldadas para liderar essa nova realidade.
A nova dinâmica do mercado global
O e-commerce global deverá alcançar um faturamento de US$ 8,8 trilhões em 2027, com um crescimento composto de 9% ao ano entre 2023 e 2027. Esse avanço será impulsionado principalmente pela penetração digital nos mercados emergentes e pela crescente demanda por conveniência e personalização nas economias maduras.
Mercados emergentes liderando o crescimento
Regiões como América Latina, Sudeste Asiático e África terão um crescimento relevante no e-commerce, alavancado pelo aumento do acesso à internet móvel e pela inclusão financeira proporcionada por soluções de pagamento digital.
No entanto, a expansão global não será uniforme. As empresas precisarão adaptar suas estratégias de forma local, entendendo as preferências culturais e regulatórias de cada mercado.
Economias maduras se reinventando
Nos mercados mais maduros, o foco se voltará para a otimização da experiência do cliente. Tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA), realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) transformarão as interações digitais em experiências imersivas.
Pagamentos em tempo real: a revolução
Um dos principais motores dessa transformação será a ampla adoção de pagamentos em tempo real (real-time payments – RTP). Até 2027, mais de 50% das transações digitais no Brasil serão liquidadas em tempo real. Esse movimento está sendo impulsionado por sistemas como o Pix no Brasil e iniciativas semelhantes em outros mercados.
Esse modelo não apenas acelera a liquidação financeira, mas também redefine a experiência do consumidor. Em vez de esperar pela confirmação do pagamento, os clientes terão a expectativa de interações instantâneas em todos os pontos de contato, desde a finalização da compra até o suporte pós-venda.
Moedas digitais: a revolução no e-commerce do futuro
Outro desenvolvimento fundamental até 2027 será a expansão das moedas digitais emitidas por governos, conhecidas como CBDCs (Central Bank Digital Currencies).
Mais de 100 países estão em estágios avançados de desenvolvimento de suas próprias moedas digitais, incluindo China, Brasil (com o Drex) e União Europeia.
Essas moedas terão o potencial de reduzir a fricção em transações internacionais, simplificando o comércio transfronteiriço e eliminando a necessidade de conversões cambiais complexas. Para os varejistas globais, isso se traduzirá em um sistema de pagamento mais uniforme, eficiente e, principalmente, acessível.
No entanto, a adoção das CBDCs virá acompanhada de desafios regulatórios significativos, exigindo que as empresas se adaptem a normas complexas em diferentes jurisdições.
Carteiras digitais e a democratização de serviços financeiros
As carteiras digitais serão a principal ferramenta de pagamento no e-commerce global em 2027. A estimativa é que elas ultrapassem 61% do valor transacionado até 2027, com mais de US$ 5,4 trilhões em pagamentos globais ocorrendo via carteiras como Apple Pay, Google Pay, WeChat Pay e Alipay.
Essas soluções não só oferecem conveniência, mas também são um pilar da inclusão financeira em mercados emergentes. Elas permitem que consumidores antes desbancarizados acessem o comércio online de maneira rápida e segura. Além disso, as carteiras digitais estão promovendo a integração de múltiplos serviços financeiros, como crédito, recompensas e benefícios, em uma única plataforma, aumentando a retenção e o engajamento do cliente.
A ascensão das carteiras digitais também é reforçada pela segurança que oferecem por meio de tecnologias de tokenização, que reduzem o risco de fraude.
Conclusão: preparando-se para o futuro
O e-commerce em 2027 será definido por transações instantâneas, seguras e cada vez mais integradas à experiência de compra. Para os executivos, a chave será adotar uma mentalidade ágil e orientada para a inovação, garantindo que suas operações de pagamento não apenas atendam às expectativas dos consumidores, mas também se tornem um diferencial competitivo.
Todos os dados mencionados ao longo do artigo são do The Global Payment Report 2024.