Estamos vivendo uma das maiores crises do país por causa de um vírus. Isso é algo inimaginável até para os filmes estrelados por Bruce Willys e Denzel Washington, mas infelizmente é uma realidade. Vai passar, todos nós estamos esperançosos e se cada um fizer a sua parte sairemos mais rápido dessa! Entretanto, a economia não pode parar de girar, e as empresas estão se reinventando para conseguir driblar esse desafio. E muitas, principalmente no e-commerce, estão se virando muito bem. É triste, mas real, que o Covid-19 será o principal acelerador da transformação digital dentro das empresas. Ele conseguirá antecipar em meses o que os nossos gestores demorariam anos.
Sempre digo em aulas, palestras e nas lives que tenho feito: o Brasil não devem em absolutamente nada — em termos de criatividade, capacidade e intelecto do brasileiro, assim como em tecnologia — para nenhum país do mundo. Estamos no topo da cadeia nesses sentidos. Só o que nos falta é coragem para inovar. No papel, todo mundo é inovador, mas quando se pensa em KPIs, a inovação é deixada de lado. No palco, todo o gestor traz a “inovação para o DNA” da empresa. Mas no dia a dia aumenta a verba do Google; pede mais posts vendedores no Facebook; reclama que a foto está com um detalhe azul no Instagram; manda contratar o influencer que tem milhões de seguidores, mas sem nenhuma aderência à sua marca; e questiona o uso do Pinterest, pois para ele, ninguém segue essa rede (com quase 40 milhões de seguidores no Brasil). Isso na sua visão é inovar. Desculpe, mas na minha, não!
Mas o que fazer?
Inovar é preciso. Costumo dizer que o universo digital é um enorme celeiro de inovação e que o consumidor é ávido por isso. Se tem um povo que idolatra a inovação é o brasileiro. Basta ver como as inovações digitais são inseridas no dia a dia do país. Por isso, apostar nisso se faz interessante — o brasileiro compra a ideia!
No Dia das Mães desse ano, os shoppings estavam fechados, o que foi uma enorme perda de dinheiro para muitos. Exceto para aqueles que se reinventaram e entenderam que estratégias como omnichannel devem ser usadas. Nos EUA, o termo é debatido e executado desde 2013. Aqui ainda é pauta para diretor ir em eventos se gabar do que não faz, mas fala que é uma beleza.
A C&A, por exemplo, criou um serviço para agilizar a entrega, chamado de Clique & Retire Drive Thru — que, segundo a marca, é mais rápido do que a entrega tradicional do e-commerce em domicílio. O serviço já estava disponível em dez estados, além do Distrito Federal, e a intenção da marca é expandir a ideia para mais 15 unidades. Será que ficará apenas no momento da pandemia? Acho difícil…
Itaú X Mercado Livre
Aquele velho ditado “enquanto uns choram, outros vendem lenços” nunca se fez tão presente. Em época em que as pessoas não podem sair de casa, mas também não deixam de comprar, o Mercado Livre, sai na frente. Uma empresa nativa do digital, que sempre atuou com esse mercado, colhe frutos há tempos, pois acreditou no e-commerce há muito tempo, desde 1999 para ser mais exato. Desde quando “aqui era tudo mato” eles apostaram nas vendas online no conceito C2C, consumidor vendendo para consumidor direto. Depois, as marcas entenderam o poder dessa plataforma, entraram e tem tido excelentes resultados, aqueles que sabem como usar, claro. Te gestor que, em 2020, ainda acha que o e-commerce briga com loja física ou dá muito trabalho.
O Mercado Livre está sempre inovando com meio de pagamento, plataforma, ajuda a pequenos vendedores, logística, segurança e há poucos dias, se tornou no Brasil uma marca mais valiosa que o tradicional banco Itaú. Precisa de mais algum indicador do que é e-commerce, ou vamos precisar desenhar?
Os grandes ajudando os pequenos
O projeto, chamado de Amaro Collective foi acelerado, por causa da pandemia para poder ajudar empresas menores a vender online durante a crise. É um jeito da marca ajudar os pequenos empresários a vender mais, uma vez que a Amaro, por ser uma das marcas icônicas do e-commerce brasileiro, tem uma audiência interessante.
A Magazine Luiza, que está sempre inovando, também saiu na frente com a sua estratégia chamada Parceiro Magalu. Trata-se de um programa que ajuda a micro e pequena empresa, além de trabalhadores autônomos a vender mais, usado a sua plataforma para aumentar as vendas, já que milhões de pessoas buscam a Magalu todos os dias para pesquisar e comprar produtos.
Shoppings fechados, mas não parados
Me lembro de um projeto em 2013 para um importante shopping da grande São Paulo. O medo do digital era grande nos shoppings, mas tinha sempre aquele diretor que enxergava o digital como parceiro. Fizemos um projeto onde desenhamos um e-commerce cuja as entregas seriam feito por motoboys.
Todos os dias, entre 10 e 11h, os Motoboys pegariam nas lojas os produtos vendidos até as 20h do dia anterior. Produtos embalados para presente, com a Nota Fiscal impressa. O projeto era muito interessante. O grupo que controla o shopping tinha acabado de contratar uma gerente de marketing digital, que vinha da então maior agência de marketing digital do país. Mas, para a surpresa de todos, foi exatamente quem tinha mais bagagem online que vetou o projeto… Enfim, 7 anos depois vemos o Rappi se unindo à Linx para ajudar.
Desde Janeiro desse ano, a parceria entre as empresas já ajuda os lojistas — que usam o sistema da Linx — a venderem online com o Rappi fazendo as entregas. Porém, apenas para os vizinhos do shopping, que na minha visão são a grande maioria das pessoas que frequentam os shoppings diariamente. Com um serviço de geolocalização, potenciais compradores em áreas vizinhas aos shoppings que tenham o app da Rappi instalado recebem notificações oferecendo produtos que estão nos estoques dos estabelecimentos.
Torcemos para que essas ideias não morram, assim como gestores de marca olhem o e-commerce com mais carinho. Não é colocar qualquer pessoa para comandar. Não é só ter uma plataforma ou só investir no Google. O e-commerce vai além disso, e inovar nesse setor é questão de sobrevivência!