O fim do ano é um convite para pensarmos em tudo que passamos e, também, imaginarmos o que está por vir. Nas empresas, trata-se de um ótimo momento para mergulharmos de cabeça nas temáticas de planejamento e, hoje, quero falar sobre a importância de investirmos tempo para avaliar nossos erros. Em um mundo que é cada vez mais complexo e que se transforma a cada dia, ter a realidade como ponto de partida é muito mais interessante do que ficarmos apegados apenas às teorias, especialmente quando se fala em planejamento.
Por inúmeros motivos, podemos desenvolver algum tipo de incômodo ao tratarmos de perto os nossos erros. Mas, quando estamos à frente de um negócio – ou fazemos parte do time de intraempreendedores -, não podemos nos apegar a sentimentos que nos afastem do nosso objetivo central que é prosperar, em todos os sentidos. Para quem tem sócios, é preciso encarar os problemas de frente, ter conversas sinceras e entender se há algum tipo de comportamento repetitivo que cria uma insistência em atitudes que não geram frutos.
Os erros não precisam ser sinônimos de incompetência ou qualquer coisa do tipo. Porém, não podem ser ignorados ou se tornarão um hábito que pode levar ao declínio. Criar uma rotina de análise dos nossos deslizes faz com que a paixão pelo que fazemos não nos impeça de entender que o pensamento de que “uma hora vai dar certo” é uma cilada. Uma espécie de teimosia corporativa. Há coisas que vão ser prejudiciais para os resultados e ponto.
Refletindo sobre as decisões operacionais
O exercício que proponho é válido para todos os momentos do ano e, quanto mais o praticarmos, mais rápidos e eficientes nos tornamos na criação de soluções criativas para os desafios do dia a dia. Olhando para a sua operação, quais têm sido os fatores de decisão a respeito de composição do estoque, cálculo do valor das ofertas e promoções, seleção dos itens utilizados para atrair os clientes e condições de logística para cumprir os prazos acordados com o seu parceiro?
Podemos ir além: como as tendências e novas tecnologias estão impactando o seu negócio? Será que você fez uso de algum tipo de inteligência artificial ou considerou os custos atrelados às ferramentas de comunicação com parceiros e clientes – do WhatsApp aos softwares de controle de estoque e expedição – no momento de definir o valor final de cada produto? Será que o uso crescente do Pix é algo relevante para a sua operação e daria margem para trabalhar descontos com mais segurança? Na hipótese de vender todo o seu estoque durante uma ação promocional, o saldo final, descontados todos os custos, seria positivo ou você está pagando para manter a tabela de preços que criou? Tem alguma ideia de como transformar os itens não comercializados do estoque em oportunidades de faturamento em um futuro próximo, por meio de ações promocionais ou parcerias, por exemplo?
Poderíamos seguir adiante com essa lista, mas já ficou claro o ponto a que quero chegar: cada escolha é uma oportunidade para aprendermos e aprimorarmos as nossas práticas. E é importante ter clareza de que cada empresa é única e tem seus próprios desafios, seja pela natureza dos produtos e serviços que oferece ou pela composição da equipe.
Aprendendo com a concorrência e adotando uma mentalidade de aprendizado contínuo
Vivemos a Era da Hiperconectividade, e isso pode nos dar a ilusão de que sabemos de tudo porque temos contato com uma infinidade de assuntos, especialmente nas redes sociais. Porém, na maior parte do tempo, não nos damos conta de que isso acontece de maneira rápida e superficial. Pode parecer clichê, mas assumirmos que não sabemos de tudo é a chave para ativarmos o modo de aprendizado contínuo, transformando as inseguranças em curiosidade! É aí, inclusive, que podemos evoluir a partir de boas ideias praticadas pela concorrência – seja ela direta ou indireta. Que tipos de experiência as empresas que você admira estão proporcionando de modo pioneiro? Será que é possível incrementar alguma prática e surpreender seus parceiros?
Alguns setores, como o varejo de moda, são ótimas fontes de inspiração. Em função do que é chamado de fast fashion, as marcas precisam dar vazão em escala e com velocidade às inúmeras coleções que fazem parte do calendário anual. Com esse objetivo, criam estratégias que podem ser traduzidas para outros segmentos – às vezes, com baixo custo de implementação! Outros mercados, como o de bebidas e alimentos, também podem ser acompanhados em busca de insights.
Aproveite os momentos mais importantes do ano para o seu negócio para criar o que eu chamo de Cartilha de Aprendizado. Faça uma lista de tudo aquilo que deu errado e, depois, acrescente as suas ideias para gerar uma mudança de rotas. Quanto mais detalhista você for nessas duas etapas, maiores serão as chances de que o próximo ciclo, apropriadamente, te apresente novos erros e não sinalize que você acabou insistindo no que sabidamente era um problema. Com os anos, essa Cartilha vai se tornar um divisor de águas e um registro do caminho de evolução contínua que você escolheu traçar em nome do sucesso do seu negócio.