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Tendências de consumo e as novas oportunidades para o varejo brasileiro das retailtechs

Por: Ana Paula Debiazi

CEO da Leonora Ventures. Especialista em Controladoria e Finanças pela FGV e MBA em Gestão de Negócios pela USP. Graduada em Economia pela UFMS com pós-graduação em Administração de empresas pela FGV. Acumula mais de 15 anos de experiência em cargos de gestão, passando por grandes empresas de diversos setores. Especialista em administração, gestão e no mercado de startups e investimentos.

Nos últimos anos, o comportamento do público mudou expressivamente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google e pela fornecedora de inteligência empresarial Euromonitor, o e-commerce brasileiro continuará crescendo, com a expectativa de chegar a uma expansão de 42% até 2025. Isso tornará esse segmento responsável por 39% do aumento total de vendas no varejo.

Voltadas para o segmento do varejo, as retailtechs desenvolvem soluções tecnológicas para sanar as necessidades desse mercado e seus gargalos. Essas startups surgem para ajudar negócios tradicionais e plataformas de e-commerce a reduzir custos, aperfeiçoar serviços, aumentar a taxa de conversão e potencializar a exposição da marca e seus resultados. Isso beneficia os varejistas, fazendo com que se tornem pequenos distribuidores das grandes marcas e aumentem a receita.

As retailtechs são agentes fundamentais no processo de transformação digital do setor de varejo. Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (IA) são algumas das tecnologias adotadas por essas startups. Esse segmento é fortemente influenciado pelas mudanças de hábitos dos consumidores e precisa se adaptar a essas novas condições e necessidades.

O varejo precisa se tornar mais competitivo em termos de sortimento e preços, garantindo sua sobrevivência em momentos de retração da economia, bem como aumentar a integração das lojas físicas e online.

O ano de 2022 representou a consolidação da digitalização do setor varejista nacional, que confirmou que a presença no ambiente digital é um fator fundamental para atender às novas necessidades e aos hábitos de consumo das pessoas – além de garantir a sustentabilidade do negócio.

Mas o varejo ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Esse mercado precisa se tornar mais competitivo em termos de sortimento e preços, garantindo sua sobrevivência em momentos de retração da economia, bem como aumentar a integração das lojas físicas e online.

Estamos quase na metade de 2023, e as previsões dos especialistas sobre o consumo estão sendo totalmente assertivas. Esperava-se no início do ano uma queda no consumo, e o principal setor impactado é o varejo. Essas projeções foram feitas sob a alta das taxas de juros, o aumento do endividamento familiar, a incerteza da inflação, além da situação mundial instável com taxas de juros altas em países desenvolvidos.

Nesse cenário, é preciso investir em tecnologia para melhorar a experiência do cliente, assim como criar programas de fidelidade e descontos para atrair e reter consumidores. As retailtechs nasceram para isto: para ajudar o varejista a dominar de vez o mundo digital, atingindo cada vez mais clientes e se ajustando ao novo modelo de consumo. A Meu Compras, a Self Supply, a Liquida.se e a iWert são exemplos de plataformas que têm cumprido esse papel.

Tendências para os próximos anos

86% dos clientes concordam que a tecnologia ajuda muito na hora de comprar algo, segundo estudo da Oppinon Box. O novo consumidor busca uma experiência ao comprar. Nesse contexto, os chats online e os chatbots tendem a crescer, de modo a facilitar a integração com o offline, reforçando a estratégia omnichannel.

Trata-se de tendência do varejo com foco na integração de todos os canais utilizados por uma empresa, conectando comprador, lojas físicas e virtuais. Isso permite evitar a fragmentação da experiência do consumo e fazer com que o cliente não perceba a diferença entre os universos on e o offline. Nesse universo, os call centers devem perder espaço, tornando-se mais especializados, focados na resolução de questões mais complexas.

Além disso, os consumidores estão preocupados com o meio ambiente e com o social, e querem que suas marcas favoritas também olhem para essas questões. Quatro a cada cinco brasileiros julgam importante que as marcas realizem ações voltadas para o âmbito social, ambiental e de governança, que são as bases do ESG, segundo estudo desenvolvido pelo Google em parceria com a MindMiners e o Sistema B.

Nos próximos anos, também veremos o amadurecimento e o crescimento dos marketplaces. De acordo com a mesma pesquisa, 90% dos consumidores os usam para pesquisar antes de efetuar compras. A demanda do consumidor deve encaminhar os varejistas em direção às grandes plataformas de e-commerce, nas quais terão oportunidade de capilarizar seus negócios e aumentar o faturamento.

Os varejistas realizaram investimentos em galpões e melhoraram seu processo de entrega. Os marketplaces têm exigido dos lojistas uma entrega cada vez mais rápida, para alcançarem melhores posições nas plataformas. Muito provavelmente, os consumidores logo terão fretes mais em conta e entregas mais velozes.

Outra tendência para o futuro é o social commerce, como é denominado o conceito das vendas por redes sociais. Conforme levantamento da Opinion Box em parceria com a Dito, com mais de dois mil entrevistados, 58% deles disseram já ter comprado algo via WhatsApp. As live commerce também estão ganhando espaço, com 40% dos entrevistados afirmando que já compraram após assistir a uma transmissão ao vivo de uma marca.

Para garantir melhor engajamento, as empresas precisam transferir para a prática do atendimento online o que já conhecem do consumidor, por meio de bancos de dados.