Logo E-Commerce Brasil

A brasilidade virou moda, mostra estudo da Future Brand sobre consumo e e-commerce

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado digital desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Ver página do autor

A FutureBrand São Paulo, consultoria de branding ligada ao McCann Worldgroup/IPG, lançou a segunda edição do ‘Tá Quente, Brasil! 2025’, um levantamento proprietário que mapeia as tendências culturais e comportamentais que estão ditando as regras do mercado brasileiro e abrindo novas frentes de conexão para as marcas, especialmente no ambiente digital.

consumidor no brasil
Imagem: Freepik

Com o apoio da Timelens, o estudo se baseou em uma robusta coleta de dados, analisando 246,5 milhões de buscas no Google, 2,9 milhões de perfis em redes sociais e registrando 22,6 milhões de menções para identificar mais de mil sinais comportamentais em diferentes regiões do país.

Ewerton Mokarzel, CEO da FutureBrand, ressalta que o objetivo do material vai além da simples mensuração de relevância: “Mais do que medir o que é relevante, o material apresenta oportunidades para impulsionar negócios país afora, a partir da interpretação estratégica de informações, análise comportamental e mapeamento de sinais criativos”.

Brasil global x Brasil local

Um dos pontos centrais da pesquisa é a força renovada da identidade brasileira, tanto no cenário nacional quanto internacional. Essa redescoberta da brasilidade está em alta e impulsiona o orgulho com novos símbolos, estéticas e referências culturais que transcendem alguns clichês associados ao Brasil, como futebol e o Carnaval.

Exemplos como a série Senna, da Netflix, e a ascensão criativa de polos culturais do Norte e Nordeste brasileiros comprovam como ritmos, narrativas e estilos regionais estão se tornando tendências globais.

Estela Brunhara, Diretora de Consumer Behavior da FutureBrand São Paulo, destaca que essa é uma janela estratégica única para o comércio eletrônico. “A imagem do Brasil tornou-se um ativo poderoso, especialmente quando construída a partir de narrativas autênticas e de expressões genuínas da nossa cultura”, explica.

A descentralização cultural oferece uma oportunidade concreta para marcas de e-commerce se conectarem a novos nichos de público, promovendo festas regionais, culinária, turismo e expressões identitárias. “Ao abraçar a latinidade presente no Brasil, do bregafunk ao reggaeton, da moda à gastronomia, as marcas podem criar conexões relevantes com o público local e até mesmo ampliar seu alcance na América do Sul”, complementa Estela.

DNA da cultura brasileira

O levantamento revela quatro grandes condições que traduzem o atual momento brasileiro e são cruciais para o desenvolvimento de vínculos e estratégias assertivas no e-commerce. Entre os temas analisados estão meio-ambiente, música, família, religião e finanças.

1. Caminhos de enfrentamento: Brasil da esperança x Brasil do desespero

O estudo aponta uma tensão entre o avanço e a vulnerabilidade. De um lado, a crise climática intensifica a ‘ecoansiedade’ e a preocupação com o futuro. De outro, o boom de apostas, coaches motivacionais e conteúdo adulto revela uma busca por escapismo e promessas de prosperidade. Religião e espiritualidade se reinventam, ocupando novos espaços.

Para Leonardo Fioretti, Líder de pesquisa qualitativa do time de Consumer Behavior, as marcas podem oferecer segurança simbólica em cenários de incerteza, valorizando repertórios emocionais coletivos. Contudo, é fundamental ir além do discurso.

“Diante da promessa da riqueza fácil, as marcas ganham espaço ao incentivar educação financeira, empreendedorismo periférico e geração de renda sustentável”, Fioretti reforça.

2. (RE)configurando conexões: Brasil dos afetos x Brasil dos desafetos

As relações pessoais estão sendo ressignificadas. O amor e a família assumem novos formatos e arranjos. A amizade e o cuidado coletivo ganham destaque como resposta à exaustão emocional.

Estela Brunhara identifica uma grande oportunidade para marcas: promover encontros, reconexões e pertencimento, seja em experiências físicas, espaços digitais ou comunidades que fortaleçam vínculos afetivos.

“À medida que a saúde mental se torna prioridade, é comum ver que os consumidores preferem produtos de empresas que democratizam o bem-estar e acolhem necessidades reais”, completa Brunhara.

3. Nas redes da influência: Brasil público x Brasil privado

A fronteira entre vida pública e privada tornou-se mais tênue devido às redes sociais. A superexposição, no entanto, convive com o movimento inverso de busca por privacidade e experiências presenciais como antídoto à hiperconexão. Os brasileiros também descobriram seu poder coletivo online para discutir temas relevantes como cultura e política.

As oportunidades para o e-commerce e empresas digitais giram em torno de três pilares:

  • a capacitação de profissionais para que atuem como influenciadores de suas próprias categorias;
  • o investimento em soluções de segurança digital e privacidade para combater a alta incidência de golpes;
  • e o investimento em comunidades de nicho para engajamento, permitindo que as marcas escutem seus públicos e criem conexões legítimas e duradouras.

O report completo, que serve de base estratégica para o planejamento de e-commerce e marketing em 2025, está disponível para download.