A Brasil Pharma, maior rede de drogarias do País em número de pontos, apresentou números piores do que a empresa previa
Empresas da área de farmácias e de atacado de medicamentos registraram desempenhos fracos nos primeiros meses do ano e a redução na demanda dos consumidores tem peso nesse resultado. É mais um mercado ligado ao setor de consumo que é afetado pela perda de vigor da economia, pelo “efeito calendário” e também pelas características do próprio negócio – que no começo do ano registra menor fôlego de crescimento.
A Brasil Pharma, maior rede de drogarias do país em número de pontos, apresentou números piores do que a empresa previa. A Profarma, tradicional distribuidora do setor e dona de redes de farmácias, já esperava um primeiro trimestre de resultados tímidos – como historicamente ocorre – e foi afetada pelo mau resultado das vendas para o setor público.
As ações ordinárias da BR Pharma fecharam o dia de ontem com baixa de 5,80% e cotadas a R$ 12. Na Profarma a perda foi maior, com queda de 11,89% no preço do papel, que fechou o dia cotado em R$ 18,68. No mês, a Profarma perdeu 15% de seu valor de mercado e a BR Pharma, cerca de 6%.
“O primeiro trimestre foi o mais desafiador para a empresa desde o seu IPO [oferta pública inicial de ações]”, disse André Sá, presidente da BR Pharma, durante teleconferência com analistas ontem. A empresa fez seu IPO em junho de 2011. “Tivemos um resultado mais fraco do que o esperado e agora estamos em linha [com o previsto]”, disse Renato Lobo, diretor de relações com investidores da empresa. Redução no fluxo de clientes nas lojas, o que afetou volume vendido, somado ao “efeito calendário” – mais feriados de janeiro a março em relação a 2012 – tiveram impacto no resultado final.
Um número menor de dias úteis no mês afeta resultados do varejo e do atacado porque as vendas em farmácias se concentram no período de segunda a sexta-feira. “Dia útil para nós vale mais do que fim de semana. Se há feriados, a semana fica menor”. Sobre a demanda, Sá disse que as vendas não vieram de um fluxo maior de clientes “Tivemos menos consumidores nas lojas”.
Segundo balanço de resultados da BR Pharma, a receita líquida subiu 62,8%, para R$ 749 milhões, um número considerado positivo pelos analistas, mas a linha final do balanço encolheu. Ela vendeu, mas não lucrou. O prejuízo da BR Pharma passou de R$ 6 milhões de janeiro a março de 2012 para R$ 7 milhões no primeiro trimestre de 2013. O resultado foi afetado principalmente pela menor margem bruta do período e pelo maior patamar de despesas financeiras, associadas ao endividamento contraído com aquisições de 2012.
Sobre a margem bruta, a queda foi reflexo, em parte, de uma decisão tomada pela empresa – a taxa caiu de 30,3% de janeiro a março de 2012 para 28,6%. A BR Pharma optou por ser mais agressiva em preço, ampliando promoções e segurando repasses de reajustes na área de higiene e beleza com a intenção de evitar perda nas vendas. “Tivemos que nos posicionar e tomamos essa decisão. Mas não vejo pressões maiores na margem a longo prazo”, disse Sá. No relatório do trimestre a empresa escreve que opera num setor resiliente “e continua otimista com os fundamentos de longo prazo” da companhia.
As condições do mercado também foram citadas pelo comando da Profarma, distribuidora de medicamentos e dona de 140 lojas no Rio de Janeiro. “Para o mercado farmacêutico, o primeiro trimestre do ano, sazonalmente, apresenta desempenho inferior aos demais períodos. Neste cenário, a Profarma manteve em curso o foco da companhia: a busca pelo equilíbrio entre crescimento sustentável, margem operacional e ciclo de caixa”, escreveu em relatório.
Segundo a empresa informa no material de resultados, “o cenário doméstico é ainda dominado pelas incertezas da conjuntura macroeconômica que restringiram o crescimento do país devido a uma postura mais conservadora e com aversão ao risco”. Em teleconferência de resultados ontem, a Profarma não detalhou os efeitos do desaquecimento da economia no primeiro trimestre no grupo, mas ressalta que “abril já foi melhor”, disse Max Fischer, diretor de relações com investidores. “Agora já notamos uma recuperação no início do segundo trimestre.”
A empresa apurou queda de 27,2% no lucro líquido, reflexo, em parte, da menor distribuição de produtos ao setor público. A receita líquida subiu 5,9%.