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China pede transição verde para o setor de entregas por conta do boom do e-commerce

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

A campanha de descarbonização da China tem a sua mira apontada para a montanha de material de embalagem de entregas descartado do país. Isso porque, enquanto Pequim se esforça para cumprir os objetivos climáticos, o volume de encomendas entregues atinge um máximo recorde no país.

A indústria de entrega expressa da China consome em média mais de 9 milhões de toneladas de papel e cerca de 1,8 milhão de toneladas de plástico a cada ano. Para tanto, o país pretende estabelecer um sistema padrão para embalagens de “entregas verdes” até o final de 2025 e proibir o uso de materiais tóxicos e nocivos.

Como comparativo, a China representa 50% do mercado global de comércio eletrônico, o que se traduz em quase 3 trilhões de dólares — uma cifra 54 vezes maior do que a do Brasil.

Proibição de plásticos não biodegradáveis

A China, maior gerador mundial de resíduos plásticos, iniciou um plano de cinco anos em 2020, estabelecendo metas ambiciosas. Isso inclui a proibição da produção e venda de sacos plásticos não biodegradáveis, produtos plásticos descartáveis ​​gratuitos em hotéis e embalagens plásticas usadas por entregas de correio em todo o país — até 2025.

Esta foto tirada em 12 de novembro de 2023 mostra trabalhadores separando pacotes para entrega após o festival de compras do Dia dos Solteiros em um centro logístico em Hengyang, na província central de Hunan, na China. Foto: AFP

Algumas das principais empresas de compras e logística online da China, incluindo o braço de logística do Alibaba Group Holding, Cainiao, JD.com e SF Express, também tomaram medidas para reduzir e substituir plásticos e outros resíduos de embalagens, experimentando a reciclagem de materiais de embalagem e caixas de entrega reutilizáveis.

Os gigantes do comércio eletrônico e as empresas de serviços de entrega devem assumir a liderança na redução do excesso de embalagens nas suas próprias plataformas e na promoção de embalagens de correio recicláveis. Isso ocorre devido a um plano de ação chinês que estabeleceu um prazo até ao final de 2025. Dentro dele, ao menos 10 por cento dos encomendas entregues na mesma cidade deverão usar embalagens recicláveis.

Mais de 100 bilhões de pacotes

O volume anual de entregas da China excedeu a marca dos 100 bilhões de pacotes durante três anos consecutivos desde 2021, de acordo com a Procuradoria Popular Suprema da China. Além disso, a Procuradoria afirma que o uso crescente de serviços de correio levou a um aumento do desperdício de pacotes.

“Como uma indústria emergente, o setor da entrega expresso desenvolveu-se rapidamente na última década, enquanto as suas leis, regulamentos e regras de apoio relevantes ainda estão em exploração e melhoria”, disse o comunicado. “A pressão exercida pelos resíduos de embalagens sobre os recursos e o ambiente está intimamente relacionada com a vida quotidiana das pessoas”, completou.

O plano de ação continua após o festival de compras 12.12 da China na semana passada, o qual os gigantes do e-commerce do país — Alibaba Group Holding, Pinduoduo e JD.com — lançaram grandes campanhas de vendas com descontos numa tentativa de recuperação econômica pós-Covid.

Faltando menos de um mês, o número de encomendas entregues na China este ano já ultrapassou 120 bilhões de peças (uma média de 100 encomendas por pessoa). De acordo com o State Post Bureau, o aumento foi de 8,5% em relação a todo o ano de 2022.