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Cnova busca diversificar oferta na internet atraindo varejistas

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

Empresa do Grupo Casino que opera os sites Extra.com.br, Ponto Frio.com e Casas Bahia.com, a Cnova fechou acordo que permitirá mais que duplicar o volume de lojas virtuais presentes em seu marketplace — plataforma de comércio eletrônico que integra numa mesma página as ofertas de diferentes varejistas. A parceria firmada em meados de abril abre as portas das lojas virtuais controladas pela Cnova para produtos de até 1.600 pequenos e médios varejistas online — 90% no segmento de moda — que utilizam software de gestão desenvolvido pela brasileira e-Millennium. Com a incorporação gradual das lojas, a Cnova pretende ampliar a oferta de artigos de moda sem necessidade de investimentos em integração de sistemas. Atualmente, a companhia global de e-commerce conta com pouco menos de mil lojas dentro do marketplace.

“Uma empresa generalista como a nossa nunca vai ter a eficiência de um especialista num determinado produto”, explica Vicente Rezende, diretor de Marketing da Cnova. “Ao crescer o número de lojas, ganhamos mais abrangência”. Além de ampliar a abrangência do seu sortimento de produtos, a adesão de mais varejistas ao marketplace significa aumento de receita para a Cnova, já que a empresa fica com um percentual de cada venda realizada pelo parceiro dentro da plataforma. Na outra ponta, pequenas e médias lojas ganham exposição em sites de grande visibilidade — em 2014, a empresa tinha 7,29 milhões de consumidores ativos no país, de acordo com dados divulgados este mês em uma apresentação para investidores.

“O investimento é zero para a Cnova e zero para a Millennium”, conta Samuel Gonsales, gerente de Produtos da e-Millennium, braço de software de gestão da Millennium Network. A expectativa da empresa é de que a migração — feita de forma negociada — amplie em 30% as vendas dos clientes nos primeiros 12 meses. A integração deles ao marketplace da Cnova será feita de forma quase automática, por meio do software já usado pelos cerca de 1.600 clientes. À Cnova, caberá fazer uma espécie de curadoria. “É uma forma de garantir a qualidade do produto, da entrega, dos serviços. Afinal, temos nossas marcas e os nossos clientes”, resume Rezende, CMO da Cnova.

Para Ricardo Michelazzo, CEO da GS&Ecomm, divisão de e-commerce da consultoria Gouvêa de Souza, o maior ativo da Cnova é sua base de consumidores, que reconhece a marca e interage com ela. Ao optar por crescer agregando outros varejistas, sem o custo de integração de sistemas, a empresa amplia a oferta de produtos sem aumentar estoques. “Na Amazon, mais da metade do resultado de vendas vem do estoque de terceiros”, conta. “A maior rede hoteleira do mundo, a Airbnb, não tem nenhum quarto próprio”.

Num mercado disputado como o de software de gestão, o acordo com a Cnova é uma maneira de a e-Millennium se diferenciar da concorrência, dando destaque a seus clientes. “O mais importante é que os clientes tenham alguma iniciativa de e-commerce. Quanto mais serviços oferecermos, maior a chance de fidelizarmos e retermos esse cliente”, diz Gonsales. A e-Millennium comercializa software em um modelo de assinatura mensal onde o cliente paga pelo número de acessos (senhas distintas). Hoje, os 1.600 clientes representam um total de 31 mil usuários cadastrados. A adesão desses varejistas ao e-commerce representa a possibilidade, no médio e longo prazo, de rentabilizar a base de usuários, com a venda de mais acessos.