Nesta quinta-feira, 27, aconteceu o Congresso Moda & Beleza, para empreendedores, empresários e influenciadores do meio digital, com o objetivo de mostrar as novas tendências do mercado a partir de um conteúdo técnico e conexões especializadas.

Nos últimos anos, o setor de moda no Brasil passou por uma transformação profunda, marcada pela convergência de tendências, mudanças no comportamento de consumo e pela crescente digitalização das compras. Desde o nascimento do e-commerce até a evolução das interações entre cliente e vendedor, o mercado brasileiro de moda se expandiu e se sofisticou, ganhando novas dinâmicas e desafios. Em um cenário de constante adaptação, os setores de moda e beleza se uniram, criando uma relação estreita com os consumidores e ampliando as possibilidades de negócios.
De acordo com Katherine Sresnewsky, consultora na N.evsky e palestrante do Congresso Moda & Beleza, é impossível falar sobre comportamento de consumo no Brasil sem mencionar o impacto da comunicação digital. Em um cenário saturado de informações, o consumidor se vê muitas vezes paralisado, incapaz de decidir devido ao excesso de opções e conteúdo. Segundo a executiva, o papel das empresas é filtrar essas informações e oferecer apenas o que realmente agrega valor. A dificuldade está em criar uma comunicação clara e eficaz, que corte o excesso de dados e crie uma verdadeira conexão com o consumidor.
Clientelling e a busca pela conexão emocional
O comportamento do consumidor no Brasil evoluiu junto com essas transformações, com um crescente interesse por produtos sustentáveis e de qualidade. Cada vez mais conscientes, os brasileiros estão deixando de lado as compras impulsivas para focar em produtos que alinhem preço, qualidade e impacto ambiental. Isso gerou o aumento do conceito de “clientelling”, uma prática que visa personalizar o atendimento ao cliente e construir relacionamentos duradouros com ele, algo fundamental para o sucesso de marcas que buscam fidelização em tempos de saturação de informações.
O clientelling, que pode ser definido como a capacidade de cultivar um relacionamento próximo e personalizado com o cliente, tem sido uma das principais inovações no mercado de moda e beleza. Este conceito busca ir além da simples venda de produtos e foca na experiência do cliente, em seu encantamento e fidelização. Isso exige que as marcas estejam mais atentas às necessidades e desejos de seus consumidores, o que demanda uma maior qualificação dos vendedores e um processo de comunicação mais assertivo e direto.
Moda e Beleza em convergência
Ainda, Katherine ressalta que uma das grandes tendências observadas nos últimos anos foi a crescente união entre os setores de moda e beleza. Desde 2003, com o surgimento do “State of Beauty”, a intersecção entre esses dois mundos passou a ser questionada. O mercado de moda e o de beleza compartilham um ponto comum: ambos atuam diretamente na autoestima dos consumidores. Marcas de vestuário começaram a se aproximar de marcas de cosméticos, criando colaborações que ampliam o alcance e engajamento com o público.
Essa sinergia é visível em várias parcerias entre marcas de moda e beleza, que criam coleções limitadas e ações conjuntas, com foco no mesmo consumidor: a mulher moderna, bem-sucedida, entre 30 e 45 anos, que busca por exclusividade e personalização. Ao mesmo tempo, o mercado masculino também tem se mostrado promissor, embora ainda seja mais nichado e focado em produtos de alto valor agregado.
O impacto das marcas de moda e beleza na economia brasileira
De acordo com a Statista, o mercado de vestuário brasileiro deve alcançar uma receita de 34,33 bilhões de dólares até 2025. Apesar da previsão de crescimento, o Brasil ocupa apenas a 11ª posição no ranking de receitas globais, bem distante dos líderes do mercado. A América Latina, no entanto, representa 9% do mercado mundial, o que indica o potencial de crescimento do setor, especialmente para as marcas que souberem conquistar os consumidores locais.
O mercado de beleza também tem mostrado crescimento expressivo, com os brasileiros cada vez mais preocupados com a qualidade e origem dos produtos que consomem. Produtos sustentáveis e éticos estão em alta, mas a grande questão é: o consumidor realmente está mais consciente e disposto a pagar mais por produtos que atendam a esses critérios? A resposta ainda é incerta, pois muitos consumidores ainda fazem escolhas baseadas no preço e na conveniência.
A evolução do mercado de moda e beleza no Brasil também traz desafios para as marcas. A competição é feroz, e o número de novos players no mercado é crescente, especialmente no setor de beleza, onde as barreiras de entrada são mais altas. No entanto, isso não impediu o surgimento de novas marcas que buscam conquistar seu espaço por meio de um posicionamento forte e uma comunicação clara com os consumidores.
É fundamental que as marcas invistam em um storytelling autêntico, em uma experiência de compra diferenciada e em um relacionamento direto com seus clientes. As empresas que conseguirem alinhar esses elementos estarão mais preparadas para se destacar, mesmo em um mercado competitivo e em constante mudança.
O mercado de moda e beleza brasileiro está em constante transformação, impulsionado pela digitalização, pela crescente demanda por produtos sustentáveis e pela busca por experiências personalizadas. Embora desafios como a paralisia do consumidor diante do excesso de informações e a dificuldade de segmentação ainda existam, a tendência é que as marcas continuem investindo em inovação e em um relacionamento mais próximo com seus clientes.
Por fim, a especialista reforça que, em um futuro próximo, espera-se que o mercado de moda continue se expandindo, especialmente com o crescimento do e-commerce e a diversificação das ofertas. No entanto, é essencial que as marcas compreendam que a união entre moda e beleza não é apenas uma tendência passageira, mas uma mudança estrutural que veio para ficar. Quem souber explorar essa convergência e oferecer valor real ao consumidor será capaz de se destacar em um mercado competitivo e em constante evolução.
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