Em uma data tão importante como o Dia Internacional da Mulher, gigantes do e-commerce apresentam ações para fortalecer a causa. A Amazon, por exemplo, trabalha para promover a diversidade, igualdade e inclusão, colocando 46,5% das mulheres em posições de liderança no varejo. Por outro lado, Magalu lançou um programa de bolsas de estudos integrais para mulheres vítimas de violência — neste caso, a empresa liberou 10 mil vagas para um curso voltado ao comércio eletrônico e marketing digital.
Leia também: Por um e-commerce mais feminino (e igualitário)
Segundo o IBGE, o número de mulheres em posições de liderança no Brasil é de 37,4%. Além disso, mulheres do Brasil ganham 19% menos que os homens — nas lideranças, essa diferença é ainda maior, chegando a 30%. Outro ponto importante é que, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a participação de mulheres no mercado de trabalho chegou a somente 45,8% no terceiro trimestre de 2020, nível mais baixo desde 1990. Diante de dados com o esses a Amazon oferece programas de capacitação feminino, como é o caso do Women@Amazon.
Amazon e as mulheres
Neste caso, trata-se de uma das maiores redes de funcionárias do mundo. Nela, há apoio profissional para mulheres, além de uma comunidade para desenvolver, reter e promover mais mulheres na empresa. Há ainda a Ascend: Women in Leadership, iniciativa internacional de seis meses para impulsionar a liderança feminina Neste caso, gera conteúdo por meio de mentorias e recursos de aprendizagem em grupo.
Outra forma de a Amazon apoiar e engrandecer o empreendedorismo é fazendo contribuições para comunidades locais e outras entidades que promovem a igualdade de gênero nos negócios e na sociedade. Em 2021, por exemplo, a empresa concedeu R$ 5 milhões ao Fundo de Resiliência para Mulheres na Cadeia global de Valor. Aqui, o valor é convertido para saúde, bem-estar e resiliência econômica de longo prazo das mulheres em todo o mundo, que estão fundamentadas no mercado de trabalho.
Este ano, a Amazon se uniu (em todo o mundo) ao Dia Internacional da Mulher #BreakingTheBias ou #QuebrandoPreconceitos. Neste caso, incentiva todas as pessoas no desenvolvimento de uma maior compreensão sobre o viés de gênero. Ou seja, estarmos mais conscientes de sua existência e saber como quebrá-la. Afinal, como a empresa mesmo diz, “só assim podemos pensar em um mundo e nação mais igualitários”.
Leia também: Mulheres investem em e-commerces de produtos eróticos e faturam mais de R$ 2 milhões por ano
Magalu e a violência contra a mulher
Antes mesmo da pandemia, período que marcou o aumento da violência contra a mulher, a Magalu já buscava ferramentas para atenuar essa questão (o botão de denúncia em seu App foi uma das maneiras). Além desse enfrentamento, a gigante do e-commerce nacional agora busca qualificar (em especial) mulheres que dependem financeiramente de seus parceiros ou ex-parceiros. Afinal, “a dependência econômica é um dos vínculos que as mantêm presas a seus agressores”, afirma Ana Luiza Herzog, gerente de reputação e sustentabilidade do Magalu. O programa, ministrado pela ComSchool, terá quatro módulos de conhecimento, que somam mais de 13 horas de aula, todas pela internet.
Entre as aulas, destaque para a matéria “Como abrir uma loja virtual de sucesso” e “Fotografia para iniciantes”, voltado ao E-commerce. Segundo a Magalu, há ainda módulos com aulas de planilha eletrônica Excel e como usar as redes sociais Instagram e Facebook para vender produtos e serviços. As bolsas serão destinadas às mulheres por meio de nove entidades que trabalham na linha de frente do combate à violência. São elas:
- Cemur (Centro de Mulheres Urbanas e Rurais de Lagoa do Carro e Carpina, de Pernambuco);
- Ammu (Associação de Moradores de Mutá, da Bahia);
- Cami (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, de São Paulo);
- Associação de Arte e Cultura Negra Ará Dudu (Rio Grande do Sul);
- Grupo Brasileiro de Promoção da Cidadania (Piauí);
- Casa da Mulher do Nordeste (Pernambuco);
- Sedup (Serviço de Educação Popular, da Paraíba);
- Associação Tingui (Minas Gerais);
- Grupo Mulheres do Brasil (São Paulo).
- O Magalu também vai distribuir dois tablets a cada organização. Os equipamentos serão utilizados por mulheres que não têm acesso à internet.
Módulo final: empoderamento com Luiza Trajano
Ao fim do curso, em sua última fase, o tema “empoderamento feminino” entra em cena, com a a participação de Luiza Trajano, Silvia Chakian (promotora de justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo) e Maira Liguori, diretora da ONG Think Olga. Nesse módulo, a discussão será sobre:
- os tipos de violência cometidos contra as mulheres;
- quais são as leis que as protegem;
- como elas podem fazer valer seus direitos;
- e o conceito de “economia do cuidado”.
Esta última traz à tona o valor de trabalhos historicamente desempenhados por mulheres e não remunerados, como os cuidados com a casa, com crianças e idosos, e as estratégias que podem ser usadas para que esses esforços saiam da invisibilidade e sejam valorizados.
Leia também: De acordo com o Sebrae, mulheres lideram 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil
Curso do Magalu chega em momento crucial
Não à toa o Magalu sempre apoia questões ligadas à violência contra mulheres. Segundo levantamento recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quatro mulheres foram mortas por dia no país por seus companheiros ou ex-companheiros durante o primeiro semestre de 2021. Na ocasião, o estudo contabilizou 666 feminicídios apenas nos primeiros seis meses do ano passado. Considerando o ano inteiro de 2020, foram 1.350 feminicídios e mais de 230 mil registros de agressões físicas contra mulheres no ambiente doméstico.
Além disso, o outro relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que a pandemia de Covid-19 agravou a situação, uma vez que muitas mulheres ficaram isoladas com seus agressores. Entre março de 2020 a março de 2021, por exemplo, mais de 17 milhões de mulheres acima de 16 anos sofreram violência física, psicológica ou sexual no período. “A violência contra a mulher ainda é endêmica no Brasil. Isso provoca efeitos perversos sobre as famílias e, o pior, sobre as gerações futuras”, Herzog.
Enfrentamento à violência
Entre as iniciativas do Magalu para combater a violência de gênero, destaque para o Canal da Mulher, criado em 2017 por Luiza Helena Trajano. O Canal já atendeu 750 colaboradoras vítimas de violência. Qualquer funcionário do Magalu pode acionar o canal para denunciar ou notificar a existência de mulheres em situação de risco. A partir dos registros, psicólogas da empresa entram em contato com a vítima para entender o contexto do caso e oferecer a ajuda mais adequada a cada caso. De acordo com a gravidade do problema, as colaboradoras recebem assistência psicológica, orientação jurídica e auxílio financeiro.
Em agosto de 2020, a companhia lançou o Fundo de Combate à Violência Contra a Mulher. Aqui, R$ 2,6 milhões apoiam instituições dedicadas à causa — recursos foram destinados a 20 entidades selecionadas por meio de um edital, que recebeu 459 propostas de organizações. As entidades foram contempladas com valores entre R$ 100 mil e R$ 150 mil e receberam mentorias para aprimorar sua gestão.
Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil