Logo E-Commerce Brasil

Economia brasileira deve crescer 1,7% em 2024, prevê CNI

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê expansão da economia brasileira de 1,7% em 2024. Neste ano, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3%, o mesmo percentual de 2022. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a previsão para esse ano subiu de 2,29% para 2,31%.

Montagem com gráficos e a bandeira do Brasil
Tanto a indústria de transformação como a indústria da construção deverão ter altas modestas, de 0,3% e 0,7%, respectivamente em 2024

Apesar de positiva, estimativa não dá início a um novo ciclo de desenvolvimento. Isso porque a avaliação mostra que o PIB atual foi construído sobre fatores conjunturais excepcionais, como o expressivo crescimento do PIB da agropecuária, e com queda dos investimentos produtivos.

A 11ª edição do Índice de Atividade Econômica Stone Varejo apontou crescimento anual de 2,1% do volume de vendas do varejo. Para o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), o crescimento do setor em novembro foi mais modesto, com 0,5%.

Maior consumo familiar

O consumo das famílias deve crescer 2,6% e o investimento vai recuar 3,5% neste ano. A expectativa é de que a taxa de investimento — que é a relação entre a formação bruta de capital fixo e o PIB —, caia para 18,1%, ante 19,3%, em 2022. Essa queda no investimento vai impedir um melhor desempenho nos próximos anos. Por isso, o Brasil precisa de uma estratégia de médio e longo prazo para sustentar taxas de investimento iguais ou superiores a 20% do PIB.

“O crescimento sustentado da economia está diretamente ligado ao aumento do investimento. E a agenda da economia verde, da sustentabilidade, da pesquisa e inovação, da transformação digital, indica o caminho para que o Brasil atraia indústrias e desenvolva infraestrutura para fazer a transição para uma economia de baixo carbono. O país está muito bem-posicionado para ser protagonista dessa neoindustrialização, o que pode ser alcançado pela definição de um política industrial bem estruturada e com foco em superar os desafios de nossa sociedade”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Como fica em 2024

A expectativa para o próximo ano é de que o mercado de trabalho não deverá repetir o crescimento de 2023. A previsão é de alta de 2,9% na massa salarial em 2024, ante a alta de 6,4% neste ano. Isso se deve ao fato que, para 2024, a projeção será um crescimento menor do número de pessoas ocupadas. Ocorre que os efeitos da política monetária, de juros altos, serão sentidos de forma negativa no emprego ainda no fim deste ano.

Outra previsão é de que o cenário econômico internacional será pouco favorável, o que deve impedir novos aumentos históricos no saldo positivo da balança comercial. Neste ano, o saldo recorde decorre dos volumes exportados de produtos agropecuários, principalmente soja e milho, e da indústria extrativa, principalmente petróleo e minério de ferro.

Indústria de transformação e construção tem leve melhora para 2024

O diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI, Rafael Lucchesi, explica que a indústria de transformação e a indústria da construção deverão ter altas modestas, de 0,3% e 0,7%, respectivamente em 2024, e devem compensar as quedas deste ano. A indústria de transformação encerrará 2023 com queda de 0,7% e a indústria da construção vai recuar 0,6%, depois de dois anos de forte crescimento.

Segundo ele, a indústria de transformação continuará convivendo com cenários bastante heterogêneos entre os setores devido à diferença entre a política monetária, que inibe a atividade econômica, e a política fiscal, que a estimula. “Mas essa diferença de desempenho entre os setores mais sensíveis à renda e os mais sensíveis ao crédito deve se reduzir com os cortes da Selic”, explica.

“Mas ao contrário do que ocorreu este ano, quando o consumo das famílias e o setor externo tiveram forte influência para o crescimento do PIB, em 2024, somente o consumo desempenhará esse papel. Ainda assim, com menos força”, afirma Lucchesi. A expectativa é de que o consumo das famílias cresça 1,8% em 2024.

Taxa de investimento atingirá 17,9% do PIB em 2024

O investimento deverá ter desempenho modesto, mas positivo em 2024. O melhor desempenho da indústria da construção, aliado às taxas de juros mais baixas, deverão estimular o investimento. A CNI projeta alta de 0,5% da formação bruta de capital fixo em 2024, na comparação com 2023. Como a ampliação da capacidade produtiva crescerá menos do que o PIB, a taxa de investimento passará a 17,9%, ante os 18,1% de 2023.

Indústria extrativa cresce mais de 7,1% em 2023 e 2% em 2024

O PIB da indústria como um todo vai crescer 1,5% em 2023 na comparação com 2022. A indústria extrativa foi impulsionada pelo aumento da demanda externa, por petróleo e minério de ferro, e deve crescer 7,1% em 2023. Em 2024, o PIB da indústria extrativa deverá crescer 2%, sobretudo devido às maiores dificuldades nas exportações de minério de ferro.

Além disso, o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos, que faz parte do PIB industrial, vai encerrar o ano com alta de 5,5%. No próximo ano, o crescimento será menor, com previsão de alta de 2%.

Setor agropecuário terá expansão de 15,1% em 2023 e de 0,2% em 2024

O setor agropecuário foi beneficiado pela redução relevante dos custos de produção, aliada a safra recorde, além de um setor externo que apresentou oportunidades e permitiu a conquista de novos mercados. Dessa forma, a expectativa é que o PIB agropecuário encerre 2023 com alta de 15,1%. No entanto, esse mesmo cenário não deve ser repetir no próximo ano. A previsão é de redução na safra de 2024 frente a de 2023, com crescimento de 0,2% do PIB do setor.

Inflação e juros vão manter trajetória de queda

A CNI espera a manutenção da trajetória da queda de inflação, com o IPCA em 3,9% ao fim de 2024. A manutenção desse cenário mais favorável permitirá a continuidade da sequência de cortes da Selic, de modo que a taxa deve terminar 2024 em 9,25% ao ano.