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Marketing de influência: o que fazer (ou não) ao atuar como influenciador digital

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

De acordo com uma pesquisa da Cupom Válido, o Brasil é o 1º país no ranking mundial quando os influencers são mais relevantes para decisão de compra. No Web Summit, duas influenciadoras digitais de peso contaram um pouco sobre o grande trabalho profissional que essa categoria (digital influencer) exige para alcançar o sucesso.

Imagem de três mulheres sentadas em cadeiras sobre o palco de evento
Da esquerda para a direita, as influenciadoras digitais Fiorella Mattheis e Cristina Ferreira, mediadas por Ana Carolina Siedschlag, chefe de conteúdo da Bloomberg Linea para o Brasil / Foto: Giuliano Gonçalves

Neste caso, trata-se de Cristina Ferreira, uma das apresentadoras mais bem pagas de Portugal (com mais de 2 milhões de seguidores); e Fiorella Mattheis, modelo e atriz brasileira que se comunica diariamente com mais de 3 milhões de pessoas em suas redes sociais.

Confira a seguir a bateria de perguntas e respostas das especialistas:

É possível juntar as vidas social e profissional nas redes sociais?

Cristina Ferreira – Eu percebi que precisava guardar ao menos um pouco da minha vida para mim, ou seja, separar a Cristina pública da real. Aliás, isso ocorreu antes mesmo da entrada das redes sociais em nossas vidas. Mas preciso lembrar que quando estamos mais próximas da nossa realidade, mais se aproxima da conexão com os fãs. De toda forma, é preciso haver um discernimento sobre o que compartilhar ou não.

Fiorella Mattheis – Ao fundar a Gringa, estava certa de que teria de ser maior do que ela mesma como personagem social. Portanto, separei o pessoal do profissional sempre de forma consciente, e afirmo que isso não me afasta dos meus fãs. Por isso, escolhe com cuidado os posts, os assuntos, estudo e me aprofundo previamente nos assuntos que falarei. A rede social é uma troca, e é essa troca que gera o engajamento.

Como não cair na tentação de colocar um conteúdo que engaja, mas que não tem a ver com a marca de vocês?

Fiorella Mattheis – Essa é uma escolha diária, e precisamos saber o que agrega ou não ao nosso conteúdo. É preciso saber “educar” o consumidor para os nossos interesses, o que trás um retorno maior a longo prazo.

Cristina Ferreira – Não há problemas ao postar uma foto de biquini, por exemplo, quando se levado em conta o propósito da publicação. Uma foto que mostra um corpo real pode te conectar a pessoas que se identificam com aquilo, e mostrar a sua personalidade e sinceridade com o público.

Como lidar com conteúdos que fogem ao controle (sites de fofoca, etc)?

Cristina Ferreira – Lido de uma maneira particular. Em Portugal, eu estou diariamente sob o foco da imprensa. Houve um momento, que eu tive que criar uma ideia de que aquela pessoa que falam não sou eu. Não ia adiantar ir contra, e eu precisava continuar a traçar o meu caminho. Quando é mentira é ainda pior, e o melhor a se fazer é não ir contra. Seu seguidor não é um inspetor, que quer descobrir as suas falhas. O que temos que fazer é anular esses julgamentos, pois os outros são apenas os outros. Não se sintam culpados ou culpadas, nem tristes, pois não é possível fazer com que todos gostem de você.

Fiorella Mattheis – Eu não estou à frente do olho do furacão das notícias como a Cristina, mas é possível proteger isso quando temos uma relação franca com os seguidores. O meu seguidor sabe o que eu vou falar, o que eu faço. Uma relação de troca e confiança impede que haja comentários de haters. O seguidor sabe da minha escolha, e me admira por isso. É uma questão de saber se posicionar, de saber entregar um pouco do que eles querem.

Sobre a cultura do cancelamento…

Fiorella Mattheis – Se você erra, é interessante assumir o erro. Nas redes sociais tudo é muito rápido e pode perder o controle. Por isso vale sentar, reunir a equipe, assumir o erro, e revisitar o erro cometido sempre que possível, analisando o que estamos fazendo sobre isso. A Balenciaga, por exemplo, errou sobre os problemas em relação à pedofilia. A empresa demorou a se retratar e, quando o fez, ficou na defensiva por muito tempo, o que não foi bom.

Como a pessoa pode se posicionar com a sua marca?

Cristina Ferreira – É preciso entender o público a ser atingido, o que eu quero publicar sobre mim; entender se as pessoas estão gostando disso. O que eu mostro em cada foto que prende a atenção das pessoas. Há Instagram lindos, com poucos seguidores, mas que cumprem o propósito. Avalie constantemente a marca e diga a verdade sempre para as pessoas nunca perderem a confiança em você.

Fiorella Mattheis – A posição do influenciador é um modelo de negócio. Muitos ganham muito com isso, e é preciso enxergar essa profissão de fato como um modelo de negócio. Os propósitos devem estar alinhados com a marca, com os assuntos que a cercam. Não se pode ver como um hobby do dia a dia.