Quando uma tecnologia deve ser adquirida ou desenvolvida dentro de casa? Essa é uma questão presente na maioria dos negócios online, inclusive dentro do GPA. “Ela faz parte do nosso dia a dia e é muito importante para traçar os objetivos do negócio”, diz Fernando Panissi, que é gestor de TI e responsável pelo e-commerce do GPA. No caso da plataforma do grupo, Panissi diz que é desenvolvida dentro de casa, mas ainda assim depende de uma série de sistemas e plataformas de parceiros para o funcionamento perfeito. Confira tudo o que ele falou no Marketplace Conference 2021.
Foi graças à essa plataforma construída em casa (e à ajuda de alguns parceiros) que o GPA suportou o enorme crescimento do online na pandemia, com pouca intercorrência. Para tanto, ele salienta que antes de decidir a compra ou o desenvolvimento da plataforma, o empreendedor deve entender o papel da tecnologia nas decisões. “Entender é conhecer a capacidade de interagir com as tecnologias sem a dependência de terceiros. E conhecer a tecnologia não é só criar, mas analisar as oportunidades de tecnologias disponíveis no mercado”. Para auxiliar no processo desse entendimento entre comprar ou desenvolver uma tecnologia própria, Panissi elencou alguns pilares importantes para a decisão.
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1 – Pessoas
Antes de qualquer investimento, uma empresa jamais deve trabalhar sem as pessoas certas. Neste caso, ele destaca os profissionais de engenharia de software, que devem conhecer e participar juntos de cada decisão. Esse conhecimento é fundamental para o negócio deslanchar”, afirma.
2 – Conhecimento de tecnologia fora do mundo de tecnologia
Para Panissi, a tecnologia deve ser capaz de tornar a tecnologia “entendível”. Aqui, ele menciona que a empresa deve prezar por um grupo que consiga se reunir e desenvolver o melhor da tecnologia. “Eu espero que as pessoas da área de negócio saibam do potencial da tecnologia de criar soluções para a empresa. Vejo muitas discussões sobre’será que conseguimos fazer isso?’ Eu entendo que o conhecimento leva ao oposto, a explorar a tecnologia, a trazer o conhecimento das áreas para dentro da tecnologia. Todos devem saber o que a tecnologia trará ao negócio”, pontua.
3 – Empresa com menos muros
Menos departamentos, com times multifuncionais, que levem uma decisão estratégica a um plano factível, executável com decisões baseadas em tecnologia! Tudo isso, de acordo com Panissi, é embasado e criado em equipes que trabalham com menos muros entre si. “Tanto é possível fazer isso, como está ajudando muito dentro do GPA”, garante. Empresas com poucos muros, que tomam decisões em conjunto, garantem o preparo dos times para atuar nos grandes desafios enfrentados. É muito importante que os gestores se esforcem para os times trabalharem em conjunto.
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“Não esperamos que um executivo saiba programar algo. Ele pode até entender disso, mas o principal é a sua capacidade de sentar com um time técnico e falar de igual para igual. Isso deve ocorrer com todos dentro da empresa, a fim de criar os caminhos mais assertivos, seja criando ou comprando uma tecnologia”.
4 – Time
Panissi garante que só faz o que faz por conta da qualidade e nível técnico do seu time no GPA. “Gosto de comparar com o futebol americano, esporte que passei a entender há pouco tempo. Nele, os times são compostos por jogadores de defesa e outros de ataque, cada um com posições muito específicas. Quando eles se juntam, cada um sabe fazer a sua parte dentro de um todo. Na empresa, as melhores decisões são tomadas dessa forma”, define.
Após definir os 4 pilares iniciais, fica a pergunta: no seu negócio há uma estrada aberta para comprar ou desenvolver tecnologias? Antes de definir, porém, saiba que ainda é preciso entender a vantagem competitiva para o seu negócio. “É raro uma empresa obter vantagem sem contar com uma solução tecnológica própria. Digo isso porque nós só conseguimos uma vantagem depois de desenvolver ferramentas que não existiam. Aliás, depois de criarmos saíram dezenas de outras, mas marcamos posição frente à concorrência porque fomos os primeiros”, conta Panissi.
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Ainda assim, ele diz que há cenários em que tecnologias externas funcionam, e aí vale a aquisição. Nesse ponto, destaca a contribuição por parte das startups, que agregam valor ao negócio por ajudar a encontrar parceiros com soluções para escalar a empresa. “Praticamos isso no GPA com eficiência. Inclusive, é um dos lugares onde vi o maior crescimento com o uso de startups como parceira”.
Propósito do negócio
Ao entender o primeiro ponto de tudo, ou seja, o propósito do negócio — ou o entendimento de como a estratégia da companhia se transformará em uma solução de fato —, é preciso saber quais as características daquilo que se quer fazer. Esse processo deve acontecer em múltiplas mãos, sempre. “Antes mesmo das integrações, é preciso entender a ferramenta a ser adquirida. Veja o software funcionando. Peça para a empresa testá-lo, coloque o time técnico para ver a ferramenta funcionando”, recomenda.
Panissi reforça isso porque é preciso se aquela aquisição de fato trará benefício à empresa. “Uma vez, numa reunião, vi a pessoa mostrando uma ferramenta que na verdade era um vídeo, e não a ferramenta. A maioria das empresas trabalha com seriedade, mas é importante entender como funciona”. Para isso, ele recomenda sempre levar o time técnico e as partes envolvidas e pedir uma demonstração. “Não conte o que você quer fazer com aquela tecnologia, porque dessa forma a empresa fornecedora dirá mais amplamente o que a ferramenta faz. Ah, e lembre-se de que não existe uma ferramenta perfeita, pois ela sempre servirá a diversos propósitos. O pulo do gato é perceber o quanto ela se identificará com o seu projeto”.
Hora da integração
Outro ponto fundamental é a integração, um dos mais críticos dentro dos marketplaces. Neste ponto, o especialista diz que é imprescindível entender como esses sistemas estão integráveis ao seu negócio, ou a algum parceiro seu. “Há empresas que resolvem isso com uma maestria grande. Porém, se não definir isso lá atrás, entendendo como tudo será conectável, ele não servirá ao propósito do negócio. Por isso eu reforço a importância de entender todas as possíveis variáveis ao longo da jornada”.
Custo x investimento
Uma dica de Panissi é buscar entender se na sua composição de custo, com o produto já rodando, se ele atenderá o seu negócio ou se sairá mais caro. “Como muitas das minhas sugestões, isso deve ser feito antes de tudo, para compreender a possibilidade de contratar ou construir uma solução em casa”.
Manutenção e evolução
Qualquer solução deve mostrar um acordo de capacidade de hoje, assim como o seu desejo para o futuro. Se o seu parceiro não tiver essa vontade de crescer com você, ele não te serve. Ele deve ter um roadmap de evolução, que pode ser (ou não) conectável ao seu sistema. Já se a tecnologia é sua, você consegue evoluir da maneira que desejar. Ainda assim, isso deve ser entendível por todo o time”. Para isso, a dica é ter um time técnico para te salvar em qualquer momento.
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Como construir tudo isso?
É preciso ter visão clara do que irá construir, muito antes de pensar em comprar ou desenvolver uma tecnologia própria. Mudanças e evoluções, segundo Panissi, devem se adaptar à sua necessidade de mercado, a fim de sempre estar à frente.
PMEs são capazes de desenvolver a tecnologia em casa?
Para Panissi esse mercado é promissor, uma vez que há espaço para todos. Porém, isso deve ser pensado antes de iniciar o projeto. “Há milhares de plataformas no mercado que ajudam na aceleração. À medida que crescem, as empresas se tornam híbridas. O importante, antes de tudo, é entender o que é o core do negócio, o quanto eu tenho pra investir, e onde eu quero me diferenciar ou não”, finaliza.
Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil.
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