O Brasil ainda é tem um mercado novo, em termos de marketplace, quando comparado com a Amazon. A avaliação é de Ronald Heinrichs, CEO da Meu Móvel de Madeira, durante o Marketplace Live Edition. E ainda há muito para amadurecer, segundo o empresário.
Ele fez uma provocação ao iniciar a palestra: “o marketplace é de direita ou de esquerda? É uma ditadura ou democracia?”
O que é ditadura?
Sempre que se fala em ditadura no Brasil, alguns dizem que eram tempos diferentes, tempos melhores. Outros, discordam e afirmam que “nunca mais” querem algo parecido no país.
“Não estou aqui pra discutir isso, Só quero voltar em uma definição de “ditadura”. É um governo que é muito autoritário , exercido por uma pessoa ou um grupo pequeno de pessoas. E a supremacia é sempre do poder executivo”, explica Ronald.
Mas, afinal, por que Ronald falou de ditadura, se o assunto era marketplace? Ele explica: “Quando nós olhamos o que acontece nos marketplaces do exterior, (e o Brasil tem uma vantagem nesse sentido porque não existe um marketplace dominante, como existe em muitos países), é possível ver que os marketplaces tentam adotar algumas posturas semelhantes às posturas que a Amazon adota ao redor do mundo”.
Ronald afirmou que “muitas vezes, nós estamos muito preocupados em ir pra rua rua, para expressar nossas vontades políticas, de um lado ou de outro, democracia ou ditadura, e nós estamos deixando nossos negócios entrarem por um modelo que muitas vezes nós não concordamos. Mas nós não estamos percebendo isso.”
Ditadura no Marketplace
O empresário esclarece que quando se refere a um marketplace como ditadura, “é muito mais no sentido de que o marketplace está representado como poder legislativo, judiciário e executivo juntos, tudo em uma pessoa só ou em uma empresa só. O marketplace é quem julga se você fez certo ou se fez errado. Se o cliente tem razão ou não tem razão. É o marketplace que determina se vai creditar dinheiro na sua conta ou debitar da sua conta. É o marketplace que determina se você deve ser punido ou não e como.
Independentemente disso, ele reconhece que os negócios via marketplace são gigantescos, que fazem toda a diferença. Para exemplificar, ele mostrou alguns números.
75% dos Sellers americanos teriam registrado quedas acima de 50% nas vendas nos últimos 14 dias, nos EUA, segundo dados apresentados por Ronald e creditados à números que envolvem marketplaces norte-americanos. “Mas todos estavam falando que o e-commerce era a bola da vez”, questiona Ronald. “Todos estão presos em casa, por causa da pandemia de coronavírus, então agora todo mundo vai comprar pela internet, disseram no começo da pandemia, mas não foi isso que a gente viu”.
Mas ele pergunta também, diante deste cenário, “o que aconteceu?”. “A minha provocação vem no sentido de mostrar o que pode acontecer quando você começa a trabalhar muito em cima uma determinada estratégia de vendas”, diz Ronald.
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Ele diz que foi informado que “A Amazon foi para as redes e através do relações públicas deles, informaram que nós não vamos mais receber e despachar itens essenciais para mandar a partir dos nossos armazéns. A empresa disse que vai fazer isso só a partir de abril”.
Ele lembra daquele cliente que gosta de comprar por marketplaces. “O que acontece se um cliente, que está acostumado a comprar em um dia e receber no outro, quer comprar hoje, mas vê que só vai receber no fim de abril? O cliente simplesmente não compra. E aí a gente começa a entender as quedas nas vendas dos sellers.”
E finaliza dizendo “Quem afinal de contas é o dono do terreno onde você está construindo o teu negócio?”
Da redação do E-commerce Brasil