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Páscoa 2024: por dentro de uma das datas mais doces do e-commerce

Por: Helena Canhoni

Jornalista

Bacharel em Comunicação Social pela ESPM. Experiência em tráfego pago, cobertura de eventos, planejamento de marketing e mídias sociais.

Ovos de páscoa de tamanhos e cores diferentes em fundo verde
Imagem: reprodução

Assumindo um papel central no calendário do varejo, a páscoa se apresenta como um marco significativo para consumidores e empreendedores. No e-commerce este fenômeno não deixa de ser importante, tendo conquistado, cada vez mais espaço no planejamento e nas preferências de compras dos clientes. 

Impulsionada em um primeiro momento, dentro do varejo digital, pela pandemia, a data comemorativa famosa pelos doces atualmente é indispensável no calendário varejista. Segundo análises da Associação Paulista de Supermercados (APAS), a data tem o potencial de crescer 4,5% nas vendas de 2024, a porcentagem representa um faturamento de R$ 3,44 bilhões. 

Mauricio Stainoff, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDL-SP), ressalta que o “varejo nacional registrou um faturamento médio de 2 bilhões de reais durante o período. Com esse aquecimento, nossa expectativa é de que este ano os números sejam superiores”.

Ademais, a projeção de crescimento – em volume –  para o consumo fica em torno de 13% e 15% quando comparado a 2023, declara a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). 

As previsões para a data mapeiam que, aproximadamente, 81% dos consumidores brasileiros pretendem comemorar a data e 76% afirmam que pretendem presentear alguém, detalha estudo da Rede Globo. 

Sob o ponto de vista empresarial, é necessário que as organizações – supermercados, marketplaces, micro empresas etc. – se preparem para acompanhar as demandas dos consumidores. Cerca de 34% dos supermercadistas projetam maior consumo para a véspera do evento (sábado); por outro lado, 48% acreditam que na semana que antecede a comemoração será o pico de procura, declara a Globo. 

Novos desafios para 2024

Para além dos tradicionais ovos de páscoa, a data promete estimular a procura por outros itens. O mercado de chocolate ao redor do mundo vem apresentando um crescimento exponencial, segundo a Statista a receita neste mercado deve alcançar US$ 1,15 bilhão em 2024.

Tratando especificamente do Brasil, a previsão para a produção de chocolate até 2028 atinge 324,58 quilogramas. Somente em 2024, 304,42 quilogramas devem ser produzidos. 

Gráfico com projeção da produção de chocolates (kg) até 2028, fonte Statista
Imagem: reprodução, Statista

Em conformidade com a alta na produção de chocolates, outros itens são considerados no momento de compra pelos consumidores. Antônio Sá, especialista em varejo e sócio-fundador da Amicci, dá mais detalhes sobre as opções possíveis: “chocolates finos, cestas prontas, kits de culinária, arranjos de flores, além de tortas, bolos e colombas pascais”. Os produtos presenteáveis estão crescendo sua relevância entre os clientes que buscam opções mais em conta e práticas. 

Além disso, outros setores são beneficiados pela comemoração da data. Segundo dados do estudo da Rede Globo, entre os respondentes 30% declararam que costumam dar brinquedos como presente, 16% compram artigos de decoração e 15% optam por roupas e calçados.

Agora até ovo de páscoa é digital?

O segmento de alimentos dentro do e-commerce aparece como um desafio para os empreendedores e para as empresas em geral. Lidando com alimentos perecíveis e extremamente sensíveis, como o chocolate – ainda mais em formato oval – o período da páscoa é uma oportunidade para o crescimento e para a descoberta de novas oportunidades dentro do calendário do varejo. 

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) relembra: “as lojas físicas ainda são o grande mercado da Páscoa. Respondem pela maior parte da comercialização de ovos e chocolates para a data”. Portanto, é essencial que o varejo digital conquiste cada vez mais espaço com os consumidores e aproveite a data para investir em ações diferenciadas. 

No ano passado, o termo ‘páscoa’ foi pesquisado 4,48 milhões de vezes. O valor representa um crescimento de 5,66% quando comparado a 2022, declara estudo da Semrush. O interesse dos consumidores está presente no meio digital e a procura tende a aumentar para 2024. 

Uma importante consideração aos varejistas é utilizar termos comuns ao evento – páscoa, por exemplo – nas descrições e nomenclaturas dos produtos vendidos em e-commerces próprios ou marketplaces. Dessa forma, os consumidores podem utilizar palavras chave genéricas e ainda sim encontrar os produtos da sazonalidade. 

Cuidado com o excesso  – ou falta – de chocolate

Entretanto, apesar das festividades e abundância da data comemorativa, alguns cuidados são necessários para que as empresas não saiam no prejuízo e garantam a melhor experiência aos consumidores. 

A reposição dos produtos, em datas de alta demanda, é sempre uma etapa que exige planejamento e clareza, por parte das companhias, sobre o que os consumidores procuram e esperam. A alta rotatividade do mercado de páscoa faz a reposição lenta ser um risco grande demais, é necessário manter a agilidade e efetividade das reposições – tanto no varejo físico quanto online. 

Um fator que pode facilitar a compreensão sobre os produtos em falta ou análises sobre maiores demandas são os softwares de inteligência artificial, cada vez mais comuns. 

Outro ponto que caminha junto a reposição é a ruptura. Quando um cliente procura por um produto e não consegue realizar sua compra a frustração dessa compra não executada pode ocasionar na perda de um cliente importante. Novamente, é um fator existente dentro de ambos os modelos de vendas, presenciais e digitais.

Dentro de um mundo mais fluido, o omnichannel não pode ser deixado de lado pelos lojistas. A Manhattan Associates divulgou o Omnichannel Retail Trends 2023 que reforça a busca dos consumidores por experiências integradas. Os resultados indicam que 84% dos consumidores pesquisam online antes de visitar uma loja, buscando as melhores ofertas, para obter mais informações dos produtos ou verificar a disponibilidade de estoque. 

Como não derreter na logística 

Por fim, o desafio logístico entra como um ponto extremamente sensível para a data. O cuidado com o transporte e distribuição dos produtos de chocolate deve ser redobrado, evitando prejuízos e danos na experiência do consumidor. 

Algumas das precauções que devem ser tomadas dizem respeito a desenvolver um planejamento de rotas de transporte, escolher armazenamentos adequados para os produtos e alinhar as entregas com parceiros de distribuição para que o doce não sofra prejuízos.

Segundo Paulo Roberto Bertaglia, diretor executivo da Berthas, é preciso “coordenar eficientemente todas as etapas do processo, incluindo a aquisição de matéria-prima, fabricação, embalagem, armazenamento e transporte”.

É necessário também traçar métricas para verificar o sucesso e as possíveis melhorias no planejamento da empresa. Bertaglia elenca seis KPIs base para acompanhar as entregas: 

  • Pontualidade da entrega: porcentagem de pedidos entregues dentro do prazo estabelecido para avaliar a eficiência da cadeia;
  • Taxa de retorno de produtos: média de produtos devolvidos por conta de danos ou problemas de qualidade;
  • Nível de estoque em tempo real: monitorar o estoque em todos os pontos da cadeia – fábricas, centros de distribuição e pontos de venda;
  • Taxa de utilização de capacidade de transporte: mede a eficiência no uso dos recursos do transporte durante o pico da data; 
  • Tempo médio de ciclo de pedido: média de tempo entre o recebimento do pedido até a entrega do ovo de chocolate ao cliente; 
  • Custo total de logística por unidade:  Calcula todos os custos por unidade, levando em consideração os custos de transporte, armazenamento, manuseio e outros custos relacionados à cadeia de suprimentos.

Seguindo as pegadas do coelho: dicas de boas práticas

Fechando, algumas dicas e sugestões de como proporcionar uma boa experiência aos consumidores e, especialmente, fomentar o sucesso para o e-commerce. Vale lembrar que é importante que os varejistas analisem o mix de produtos a serem ofertados, acompanhem tendências e adaptem as ofertas para corresponder à data.

Até mesmo empresas não alimentícias podem aproveitar a oportunidade. Uma marca de cosméticos pode, por exemplo, desenvolver uma linha de batons inspirados pela data, incluindo embalagens diferentes, cores novas ou até mesmo essências de chocolate. 

Outro ponto fundamental são as ações de marketing. Estas devem acompanhar as divulgações de produtos e precisam estar estruturadas antes da comemoração; considerando a possibilidade de ofertar promoções, combos e descontos aos consumidores. Antônio Sá detalha: “com a inflação dos últimos anos, o consumidor sentiu o impacto no bolso e responde bem a opções que cabem no bolso com preços que respeitam um limite psicológico, tais como: 9,90 e 19,90”.

Entretanto, para este ano uma alta no preço dos doces pode ser esperada. A principal matéria prima na produção de chocolates, o cacau, teve um aumento de 75% em seu preço, segundo pesquisa da Horus, e por conta disso, uma das alternativas para os consumidores pode ser investir em produtos artesanais, de pequenas e médias empresas. 

Ademais, para que os consumidores consigam adquirir os produtos mais três pontos se tornam indispensáveis: assegurar que a plataforma está pronta para lidar com um aumento nos acessos, revisão de estoque – ofertar e não possuir produtos suficientes para os clientes é extremamente prejudicial na jornada – e, por fim, oferecer diferentes opções de pagamentos, deixando o comprador livre para selecionar o que mais lhe agrada.