Nos EUA, o aumento das vendas oriundas da Shein é tão grande, que as tarifas de frete aéreo literalmente dispararam nos últimos meses. No Brasil não é diferente, e Felipe Feistler, General Manager Brazil do marketplace chinês trouxe uma visão detalhada sobre a estratégia de entrada da Shein no mercado brasileiro — e como a marca se estabeleceu rapidamente no país.
No Fórum E-Commerce Brasil 2024, o executivo explicou como a empresa (que que tem investido até em fábricas locais com marca própria) tem se destacado no setor de fast fashion brasileiro.
Estratégia de lançamento e sucesso rápido
Feistler destacou que a principal estratégia de lançamento da Shein no Brasil foi baseada em uma missão simples e clara: tornar a moda acessível à maioria das pessoas, oferecendo preços baixos, diversidade e alta qualidade. A introdução de categorias como o plus size foi um diferencial, pois muitos consumidores relataram que não encontravam produtos de qualidade e bonitos antes da Shein.
A Shein, sendo uma marca digital-first, identificou que 85% dos consumidores brasileiros utilizam smartphones para buscar e comprar produtos. Com isso, a empresa focou em facilitar a busca de produtos dentro do aplicativo, cultivando uma cultura de execução rápida que permite colocar novos produtos no mercado em 3 a 6 meses. A capacidade de testar, admitir erros e mudar rapidamente tornou a Shein uma empresa de tecnologia tanto quanto de varejo de moda.
Investimentos e resultados
No Brasil, a empresa já investiu cerca de US$300 milhões no mercado, contando com 22 mil vendedores no marketplace e uma produção local — que, no ano passado, atingiu 2 milhões de peças.
Com mais de 250 mil metros quadrados de armazenamento de produtos no país, o Brasil se destaca como um dos cinco principais mercados da Shein. Atualmente, a empresa possui um time de cerca de 300 pessoas no escritório e milhares de colaboradores indiretos.
Futuras oportunidades e expansão local
Curioso saber que a empresa planeja vender 85% dos produtos produzidos no Brasil, influenciando a cadeia do marketplace a ser mais focada em moda. Feistler mencionou o projeto “lojas de moda”, onde vendedores locais, como os do Brás, podem vender na Shein produtos de alta qualidade. A empresa também investe em treinar vendedores para aprimorar a apresentação dos produtos no marketplace.
Na produção local, a estratégia é produzir em pequenas quantidades para testar a demanda antes de aumentar a produção. Um dos desafios enfrentados por aqui é a disponibilidade de tecidos, algo facilmente resolvido na China, mas que ainda representa uma dificuldade no Brasil.
Visibilidade e algoritmos personalizados
Para aumentar a visibilidade dos vendedores, a Shein utiliza um algoritmo personalizado e preciso que promove automaticamente os vendedores com os melhores produtos. Isso beneficia tanto os compradores, que encontram produtos de qualidade, quanto os vendedores, que ganham mais destaque na plataforma.
Adaptação à taxação e suporte ao supply chain
Sobre a questão da “taxa das blusinhas”, Feistler ressaltou que a Shein está disposta a dialogar com o governo e a se adaptar rapidamente às novas regras. A empresa também estuda maneiras de trazer tecidos exclusivos de outros países para resolver problemas na cadeia de suprimentos no Brasil.
Aprimoramento da experiência do consumidor
Reconhecendo a diversidade cultural do Brasil, o marketplace chinês adapta seus produtos e experiências às preferências regionais. A empresa realiza colaborações com artistas brasileiros e oferece experiências offline, como lojas pop-up, que duram entre 4 e 5 dias e proporcionam uma experiência “instagramável” aos consumidores.
Tropicalização futuro da empresa
Feistler apontou que a complexidade do mercado brasileiro, com sua diversidade cultural, exige uma capacidade de adaptação rápida. Para tanto, a Shein está empenhada em liderar a produção de novas tendências e a oferecer produtos que atendam às demandas locais.
Para o futuro, a empresa acredita que a velocidade das transformações no mundo só tende a aumentar. “As revoluções no setor serão cada vez mais rápidas, e que aqueles dispostos a serem flexíveis se adaptarão mais facilmente às mudanças vindouras”, concluiu.