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Sucesso no e-commerce, câmera Cybershot transforma estética da Geração Z

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

Lançada no final dos anos 90, as câmeras digitais Cybershot viraram febre no Brasil apenas nos anos 2000, se transformando no traço estético da infância e adolescência de quem viveu aquela época. Com a aparição dos celulares com câmeras, esses itens ficaram esquecidos no fundo dos armários e gavetas, mas, a saturação dos smartphones e busca de uma vida menos conectada trouxe um revival dessas câmeras – e a Geração Z é a grande responsável.

(Imagem: Reprodução)

Em um mundo moldado por filtros, procedimentos e imagens perfeitas, as fotos desfocadas, instantâneas e cruas são um aceno para a liberdade criativa. Nesse universo, assumir fotografias com luz estourada e estética caseira transmite a mensagem: somos imperfeitos e autênticos. Por isso, não se trata apenas de um revival nostálgico, e sim de um novo código visual.

A busca pela autenticidade

Para a fotógrafa e socióloga Tania Buchmann, supervisora do Núcleo de Fotografia do Centro Europeu, o interesse pelas câmeras digitais compactas como a Cybershot revela muito mais do que uma simples tendência estética. “Na minha opinião, o que torna a Cybershot mais interessante é justamente o fato de que o jovem que está usando hoje está em busca de novas linguagens, sensações e experiências. Existe, sim, um resgate nostálgico: o desejo de entender como eram feitas as imagens dos pais e avós, como aquelas fotos ficavam daquele jeito”, observa.

“Com o celular, tudo é imediato. Se a imagem não fica boa, você apaga, edita, usa IA e segue. A Cybershot exige outra postura: cada clique é mais pensado. É preciso parar, refletir, compor. Isso exige mais do olhar e da intenção de quem fotografa, e é aí que está o valor”, ressalta Tania.

Ela ainda destaca a conexão entre esse comportamento e outras manifestações culturais da juventude. “Na moda e nas artes, esse vai e vem é comum. Mas, quando falamos de tecnologia, o retorno da Cybershot representa um deslocamento intencional da urgência. É uma fotografia que não precisa provar nada para ninguém, que carrega memória e construção de identidade”, comenta.

Mercado de itens usados

Em alguns marketplaces, como na OLX, a procura pelas câmeras Sony Cybershot cresceu 563%, no comparativo entre primeiro bimestre deste ano com o mesmo período de 2024. No Enjoei, o valor médio dessas câmeras varia entre R$ 200 a R$ 2000. Enquanto na Shopee, houve um aumento de 50% na média diária de buscas por câmeras digitais desde janeiro de 2024.

A adoção dessas câmeras também impulsiona a economia circular e o consumo consciente, reduzindo o impacto ambiental no setor de eletrônicos, que no ano passado, obteve 15% do share de vendas na OLX. Isso também é reflexo do impacto das redes sociais, que ajudam a popularizar seu consumo, se aliando a uma sensação de pertencimento a algum grupo ou período.

Plataformas de uso massivo pela Geração Z, como TikTok, Instagram e Pinterest são testemunha dessa movimentação, e têm registrado aumento exponencial de conteúdos com essa estética, desde tutoriais de “como editar como se fosse 2007”, até os ensaios fotográficos feitos totalmente com Cybershot.