As dificuldades para o supply chain — ou cadeias de suprimentos — se transformam constantemente desde o início da pandemia. Ora por “barreiras” físicas, ora com desafios operacionais, o fato é que a covid-19 tornou tudo mais difícil. A logística, fator importante no comércio eletrônico, tornou-se uma zona nebulosa sob a incerteza do amanhã. Haverá navios, contêineres ou caminhões? O operacional das fábricas e empresas será impactado até quando com os surtos de contaminação? Em três anos convivendo com a doença, as dúvidas continuam.
À medida que o mundo se aproxima do terceiro ano de pandemia, portanto, as interrupções físicas e logísticas tornam-se mais que pedras no caminho. Com base na análise do supply chain atual, essas dificuldades são um risco à vida financeira de algumas empresas no longo prazo e, no sistema de fornecimento global geral, uma série complicação.
De acordo com análise de James Gellert, CEO e presidente da Rapid Ratings, a quantidade de dívidas em supply chain cresceu substancialmente com a pandemia.
Solução momentânea
Por enquanto, isso não é necessariamente um problema. De fato, a geração de dívidas foi parte da solução para a crise inicial posta pela pandemia. Os bancos centrais de todo o mundo abriram as torneiras do capital barato para manter as economias funcionando. Fornecedores e varejistas com necessidade de dinheiro acessaram linhas de crédito e mercados de capitais para obter liquidez.
Isso manteve muitos varejistas e fornecedores durante um período turbulento, tanto para a oferta quanto para a demanda. Contudo, pode também ter ocultado os riscos do setor.
“Ouvimos comentários frequentes de gerentes de risco de supply chain que não tiveram falha entre fornecedores em anos. É extremamente difícil falir se medido por inadimplência ou falência. É muito difícil falir quando você pode solicitar empréstimos”, explica o especialista.
Impactos variados no varejo
Os dados do RapidRatings também revelam os efeitos da pandemia em empresas de varejo de diferentes portes. Às empresas menores, ações de saúde financeira, operacional e estrutural sofreram queda por vários pontos em uma escala de 1 a 100 entre 2019 e 2021.
A queda para empresas de médio porte — de receita entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões — foi mais modesta, enquanto as medidas de saúde financeira e central aumentaram para grandes varejistas e fornecedores.
Inércia seletiva
Em outras palavras, os grandes ficaram mais fortes e os pequenos enfrentam à covid-19 todos os dias — sem pausas. Neste caso, vemos que o impacto nulo ou pequeno é, de certa forma, seletivo e previsível. E, embora o acesso ao capital possa manter as empresas fora da falência e inadimplência, isso não elimina os riscos no supply chain delas.
“Existe mais perigo no gerenciamento para curto e médio prazo em empresas operacionalmente prejudicadas com a pandemia”, complementa Gellert. A sobrevivência, neste caso, não implica na atualização de setores importantes, como segurança cibernética, iniciativas ambientais, sociais e de governança, além de pesquisas e desenvolvimento de produtos.
Por fim, a Rapid Ratings indica um crescimento de 1,5% nas unidades de importação para o primeiro semestre de 2022. Os volumes se elevam continuamente, mas abaixo do crescimento de 35,7% identificado nos primeiros seis meses do ano passado.
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Fonte: Retail Dive