A América Latina é uma região de contrastes quando o assunto é sustentabilidade. Por um lado, a Costa Rica é líder global em energias renováveis. Por outro, México e Brasil — mesmo com toda sua potência aquífera — enfrentam desafios na eficiência do uso da água. Além de um lembrete do imediatismo e da gravidade dos desafios que enfrentamos, são um imperativo para uma gestão responsável e uma liderança visionária.
De olho nesse cenário, nasce o estudo “Sustentar para ganhar: Desvendando práticas ecológicas para alcançar o crescimento de marca”, realizado pela Kantar. Sua proposta é apresentar análises e recomendações estratégicas para orientar as indústrias a fazer mudanças fundamentais em torno da sustentabilidade.
Vale lembrar que, segundo o estudo da Union + Webster, 87% dos brasileiros preferem comprar de empresas que exercem práticas sustentáveis. Além disso, o Brasil é destaque da América Latina na compra de produtos sustentáveis no e-commerce de acordo com o Mercado Livre. Neste caso, o consumo desses itens cresceu 40% no país, ficando acima da média da América Latina de 30%.
Consumidores de olho na sustentabilidade
Embora o mais comum fosse que as pressões econômicas impactassem os comportamentos ecologicamente conscientes na América Latina, os dados contam uma história diferente. Os Eco-Actives, consumidores mais comprometidos com a sustentabilidade, voltam a crescer após dois anos de queda. Em 2023, eles formam 18% da população e compõem um mercado de US$ 15 bilhões na compra de bens massivos de consumo.
Vale destacar que as famílias menores podem, em breve, ultrapassar as maiores em práticas ecológicas. Isso porque 35% dos lares compostos por uma ou duas pessoas são segmentados como Eco-Actives pela Kantar na América Latina. Esse indicador se sobressai ainda mais na Argentina (52,7%).
“Os consumidores conscientes são uma força crescente que molda o futuro da indústria. Eles estão optando por marcas que se alinham aos seus valores. E se uma empresa consegue demonstrar um compromisso real com a gestão ambiental ou social, ela não apenas ganha uma venda, ganha confiança”, comenta Kesley Gomes, Latam LinkQ Director da Kantar.
Barreiras relacionadas à sustentabilidade
Ainda assim, algumas barreiras impedem que mais pessoas adotem uma rotina sustentável. Isso, inclusive, contribui para um grande contexto de desenvolvimento para a experiência de compra. Até mesmo os Eco-Actives têm suas ressalvas, em especial aos preços praticados pelos produtos que compõem a categoria (70%).
Outros fatores elevam as barreiras para o consumo de produtos sustentáveis, como a dificuldade em encontrar esses itens (61%) e a falta de informação (55%). Portanto, até os grupos mais engajados precisam de ajuda para entender o que estão comprando ou usando. A forma de uso é um dos pontos cruciais no contexto da indústria. Afinal, o desperdício hoje é extremamente mal visto entre os consumidores.
Como se destacar em meio a sustentabilidade
O estudo conclui que varejistas e fabricantes devem buscar o protagonismo e liderar o caminho para os consumidores. Acima disso, têm papel crítico a desempenhar no bem-estar da Terra em toda sua abrangência. Prova disso é que 50% dos latino-americanos procuram ativamente empresas que ofereçam formas de compensar seu impacto no meio ambiente e diversidade; e 44% deixaram de comprar produtos devido ao seu efeito na natureza.
“Os consumidores estão mais informados do que nunca. A transparência não é uma vantagem, é um pré-requisito. Quer se trate de uma redução de ingredientes pouco saudáveis; de um compromisso com a sustentabilidade; ou de um foco em elementos orgânicos, naturais ou de origem local, a visibilidade desses fatores não é negociável. É exigida”, alerta a especialista.