Em um encontro no Web Summit Rio 2024, Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, Rodrigo Marques, chief strategy officer da Claro Brasil, e Mate Pencz, co-fundador e CEO da Loft, discutiram o papel das empresas tecnológicas na era digital.
Mediados pela jornalista Christiane Pelajo, hoje âncora da CNBC Brasil, os executivos foram questionados sobre como entendem o atual acesso dos brasileiros à tecnologia.
Acesso à tecnologia para todos
Para Luiza Trajano, os recursos têm como objetivo simplificar processos complexos e abrir portas para um mundo de possibilidades. “Apresentaremos em breve a primeira nuvem brasileira desenvolvida pela Magazine Luiza. Os preços serão 60% mais baixos e o nosso foco serão justamente as pequenas e médias empresas. Acredito que seja um exemplo concreto desse compromisso das empresas com a democratização do acesso à tecnologia”.
Rodrigo Marques também expôs os dois pilares da Claro na economia digital, de conexão e transformação. “Investimos pesadamente na expansão da nossa rede, com R$ 30 bilhões aplicados nos últimos 3 anos para levar o acesso à internet a ainda mais brasileiros”. Segundo ele, a Claro segue se reinventando internamente, adotando uma abordagem disciplinada e gradual para sua própria transformação digital. “Por isso dividimos as operações em duas frentes: o core da conectividade e o hub de inovação beOn, que conecta a Claro ao universo das startups”.
Mate Pencz completou o tema dizendo que a Loft nasceu como uma plataforma tecnológica, com o objetivo de acelerar a digitalização ponta a ponta do setor imobiliário. “Beneficiamos, inclusive, as imobiliárias tradicionais. Por meio da nossa plataforma, o tempo de aprovação de locação (em mais de 800 municípios) foi reduzido para apenas alguns minutos. Um processo de compra e venda, que antes levava meses, agora pode ser concluído em dias ou até mesmo horas”, lembrou.
Potenciais e perigos da IA generativa
Um dos tópicos que não poderiam faltar foi o que os especialistas pensavam da IA generativa, cuja evolução segue em disparada. Trajano se antecipou, dizendo reconhecer o enorme potencial da tecnologia da sua influenciadora digital Lu. “Fico feliz que ela (Lu) até recebeu prêmio em Cannes. Mas não posso deixar de alertar para os perigos dessa tecnologia, como a criação de conteúdo falso e enganoso que pode prejudicar as pessoas. Outro dia, usaram a minha imagem e a minha voz dizendo que eu estava distribuindo prêmios em lojas, o que não era verdade. Então, pode haver conteúdos perigosos, infelizmente”.
Pencz acredita que a IA generativa irá acelerar ainda mais o que já está em curso, impulsionando a capacidade de processamento de dados e beneficiando todas as áreas da Loft — tanto em termos de custos quanto na viabilização de novos produtos. “Apesar desses benefícios, reconheço que a velocidade com que essa tecnologia está se desenvolvendo pode gerar impactos no mercado de trabalho ainda não totalmente compreendidos”.
Rodrigo Marques vê a IA Generativa como uma ferramenta poderosa para: melhorar a experiência do cliente em escala e com qualidade; possibilitar o desenvolvimento de novos negócios dentro da empresa; e aumentar a produtividade e reduzir custos. “Como os demais, sei que a tecnologia terá um impacto disruptivo no mercado, mas acredito que ainda está em seus estágios iniciais e que é preciso estar atento aos riscos que ela pode trazer”.
Combate à desigualdade digital
Questionada no sentido do atraso de grande parte da população no universo digital, Trajano acredita que o Brasil já está bem desenvolvido em termos de acesso à internet. “Hoje, grande parte da população utiliza o Facebook, WhatsApp e outros serviços online. Porém, é necessário ir além do acesso básico e oferecer à população acesso a ferramentas digitais que possibilitem o desenvolvimento cultural e educacional”. Ela também destaca o papel das empresas em educar seus clientes sobre o uso da tecnologia. “Compete às empresas e companhias educar o cliente. Somente a sociedade civil será capaz de resolver isso”.
Marques complementou a fala de Trajano dizendo que a Claro está trabalhando para levar a rede móvel 4G para praticamente toda a população brasileira, inclusive para áreas rurais. “Hoje, a empresa oferece produtos como o Claro Prezão Free, um aplicativo que permite usar a telefonia sem custo, a fim de atender às necessidades de diferentes públicos, principalmente os mais carentes”.
Mate Pencz reconhece que o acesso à moradia de qualidade ainda é um desafio para muitos brasileiros, ainda com o advento da tecnologia. “Acredito que faltam, além de tantas outras coisas, acesso à educação básica e financeira”. Em sua visão, a educação financeira e o acesso a crédito são ferramentas essenciais para democratizar o acesso à moradia.
Evolução e inovação contínuas
Ao concordar com Pencz, Trajano complementa: “Somos um país que não tem sofre com guerras ou terremotos, por exemplo, mas só 10% da população usufrui de ar-condicionado. Falam sempre que ‘a educação é a base de tudo’, mas infelizmente não é o que acontece na prática”.
Encerrando o painel, Pencz acredita que o Brasil tem um enorme potencial de crescimento — que será impulsionado pelo acesso à tecnologia e por um mercado consumidor em constante expansão. “O Brasil é uma das maiores economias do mundo. Estamos num momento inédito, com acesso à tecnologia. A competitividade existe e motiva a gente, mas como um país, penso que todas as companhias devem crescer juntas”.
O Web Summit Rio está em sua segunda edição e acontece no Riocentro até 18 de abril. Para 2024, são esperados cerca de 30 mil visitantes, contando também com mais de 600 investidores e 1 mil startups.