Se as novas tecnologias já vinham imprimindo ritmo intenso às transformações no comportamento humano e na sociedade, com a pandemia elas foram ainda mais aceleradas. Há quem diga que vivemos quase uma década em 18 meses. E, fazendo uma retrospectiva das mais superficiais, não é difícil concordar.
A imposição do isolamento levou praticamente todas as nossas atividades para o ambiente digital: desde a aquisição de alimentos e remédios até o entretenimento, o contato social e a troca afetiva; passando pelo trabalho, pelo atendimento para saúde, pela educação. E quantas não foram as inovações tecnológicas para viabilizar toda essa transformação digital? Plataformas de streaming, chatbots, blockchain, QR code, pagamento digital, novos modelos de negócios baseados em inteligência artificial e muito mais — na mesma medida das adversidades surgidas a partir de 2020, vieram as soluções. E elas se consolidaram neste 2021.
O comércio eletrônico foi, sem dúvida, uma das atividades mais demandadas na pandemia e enfrentou todo tipo de desafios, sendo a entrega — a etapa essencialmente física — a mais complexa. Em nível global, tivemos uma impensável crise por escassez de contêineres. E, mesmo localmente, tivemos também que superar uma série de barreiras.
Como atender, por exemplo, a um consumidor que não tem endereço postal ou que não recebe entregas porque mora numa área de restrição? Até então, não estávamos atentos a essa significativa parcela desassistida pelo comércio eletrônico. Esses tais “CEPs restritos” correspondem a 29% das residências em São Paulo e 44% no Rio de Janeiro. Isso sem contar os que nem ao menos têm um CEP ou todos aqueles que passam boa parte do tempo fora de casa, sem ninguém para atender um entregador. No total, são mais de 73% da população nessas duas grandes metrópoles.
E como reduzir o custo e o prazo da entrega, já que essas passaram a ser as principais exigências dos consumidores? Foi preciso pensar junto e fazer junto. O contexto da pandemia favoreceu parcerias. Grandes players recorreram a startups. E elas se multiplicaram e cresceram em diversas áreas.
A de logística foi um campo fértil, onde brotaram muitas soluções. Algumas bem simples e criativas — como os smart lockers. Um guarda-volume? Bem mais que isso, certamente. Um hub de distribuição, um elo da cadeia logística, capaz de resolver o problema dos desassistidos pelos Correios, reduzir o valor do frete, agilizar as entregas e minimizar o impacto ambiental. Sim, porque sustentabilidade é requisito fundamental a qualquer negócio na atualidade.
Não à toa, gigantes do comércio eletrônico, como a Americanas.com e também varejistas físicos com e-commerce avançado, como a Decathlon, adotaram o sistema de lockers, assim como o comércio eletrônico de menor porte — Cariocas FC, Wollner — e de segmentos diversos (Zona Cerealista e PagueMenos, entre outras).
Operadores logísticos encontraram nos smart lockers um parceiro integrado aos seus sistemas de gerenciamento de transporte (TMS). Neste caso, que oferece rotas exclusivas, permite entregas noturnas, favorece — e barateia — a logística reversa, entre outras facilidades.
Shopping centers, por sua vez, descobriram a oportunidade dos smart lockers para sofisticar suas vendas digitais. Ou seja, valeram-se de sua proximidade com o consumidor, da força de suas marcas e de tudo o que está associado a elas — segurança, conforto, ambiente agradável, praticidade, confiabilidade.
Condomínios residenciais e edifícios de escritórios também não ficaram de fora. Viram rapidamente uma alternativa segura e moderna para receber, armazenar e distribuir encomendas, trazendo comodidade a moradores e trabalhadores.
E o cidadão, o consumidor final, é quem tem dado o principal aval a todo esse conjunto de soluções que representa um armário inteligente. Afinal, tornou-se usuário no dia a dia dos smart lockers oferecidos por corporações, assim como sendo, ele próprio, diretamente, um cliente assinante de planos para uso do serviço.
A consolidação dos smart lockers neste ano de 2021 exemplifica o salto, resultado de criatividade, tecnologia e parceria. Afinal, empresas líderes no segmento experimentam crescimento mensal de 15% desta estratégia logística.